Clássico de Alceu Valença ganha reedição de luxo em vinil

Registro da última apresentação do espetáculo 'Vou Danado pra Catende', de 1975, foi marcada por performance energética e momentos de tensão

Publicado em 28/08/2024 às 12:39 | Atualizado em 28/08/2024 às 15:12

Em 1976, época em que discos registrados ao vivo ainda eram incomuns no Brasil, Alceu Valença lançou "Vivo!". O LP trouxe a trilha sonora de uma performance intensa e energética da música contemporânea pernambucana.

A partir desta quarta-feira (28), os fãs do cantor e compositor terão a oportunidade de ter em mãos uma reedição em vinil do icônico álbum, assinada pela Rocinante Três Selos.

Gravado durante a última apresentação do espetáculo "Vou Danado pra Catende", no Teatro Tereza Rachel, no Rio de Janeiro, em 7 de setembro de 1975, esse show foi marcado por um momento de tensão: nos bastidores, antes de subir ao palco, o cantor foi informado da prisão de seu parceiro Geraldo Azevedo pela repressão militar.

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'Vivo' será relançado em vinil pela Rocinante Três Selos - DIVULGAÇÃO

No Jornal do Brasil, Alceu definiu seu show: "Quem vier assistir não verá um concerto onde eu sou a figura central. Direção existe, mas é aberta, elástica. Sou o palhaço ou o bobo da corte, às vezes domador. Posso divertir o público ou irritá-lo. Não vou permitir de modo algum que façam do meu sotaque um subproduto. Minha música tem som universal com vivência nordestina".

Disco foi elogiado

Cada faixa do disco traz uma energia contagiante. Alceu Valença abria seus shows e o LP com a saudação: "Senhoras e senhores, meu cordial boa noite!", preparando o público para o que estava por vir. A intenção do artista em derrubar a barreira entre ele e o público ficava evidente, aproximando ainda mais a audiência.

A abertura do disco, com "O casamento da raposa com o rouxinol", combina elementos de viola, flauta, percussão e guitarra, criando uma atmosfera envolvente. O lado A do álbum se encerra com "Você Pensa", uma faixa de tom mais intenso e enérgico.

No lado B de "Vivo!", Alceu começa com a frase: "Agora eu vou cantar em pé para sair em gravação, né?", introduzindo um pot-pourri que inclui "Punhal de prata", "O medo", "Quanto é grande o autor da natureza", "Cabelos longos" e "Índio quer apito". Em "Pontos cardeais", a carga emocional do disco atinge seu ápice, com letras repletas de metáforas que refletem o contexto político da época.

"Vivo!" foi amplamente elogiado pela crítica. Com capa dupla e fotografias de Mário Luiz Thompson, o disco foi considerado por muitos, incluindo Aloysio Reis na revista Pop, como "o melhor disco ao vivo gravado no Brasil".

Edição especial

Nesta edição especial da Rocinante Três Selos, "Vivo!" retorna em vinil preto 180g, com capa dupla, pôster e um encarte que inclui as letras das músicas e um texto exclusivo de Bento Araújo, jornalista e autor da série de livros "Lindo Sonho Delirante".

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