Há 10 anos, festival no Recife escoa produções universitárias do Brasil e do mundo
Festival Internacional de Cinema Universitário de PE nasceu pela da falta de plataformas para recém-formados: 'É o futuro do cinema'
A criação de cursos superiores em artes pode transformar cenas culturais. Foi o que ocorreu com o surgimento do curso de Cinema na Universidade Federal de Pernambuco, em 2009. A sétima arte feita do Estado ganhou um espaço para discussões, reflexões e novas produções. Também recebeu muitos estudantes de fora. Mas como escoar tudo isso?
Foi respondendo a essa pergunta que surgiu o MOV - Festival Internacional de Cinema Universitário de Pernambuco, que está completando 10 anos - apesar de estar na 6ª edição por conta dos anos da pandemia. A programação deste ano ocorre no Cineteatro do Parque e no Cinema da Fundação de Casa Forte, de 3 a 7 de setembro.
"Uma das grandes missões do MOV é mostrar que 'o filme universitário é cinema e pronto'. Ainda temos que reforçar que o filme universitário não é 'inacabado' ou 'mal feito', mas sim potente por envolver artistas que estão começando a produzir”, diz Vinicius Gouveia, criador e diretor artístico do festival.
"Cinema universitário é o futuro do cinema, trazendo novos olhares. Temos filmes urgentes, que trazem novos debates e estéticas que em breve estarão em filmes maiores."
Primeira janela para cineastas
O MOV nasceu em 2014, quando Gouveia e outros estudantes do curso de Cinema da UFPE voltaram de intercâmbios no Ciências Sem Fronteiras. "Fizemos contatos no mundo e no Brasil de forma geral. Vimos que não tinham muitos festivais universitários, não tinha onde os filmes passarem. Hoje, somos o único festival internacional universitário do Nordeste", diz.
Diversos cineastas premiados passaram pelo MOV. Vinicius Silva, de São Paulo, exibiu "Deus", em 2016. Depois, o filme integrou a seleção oficial de eventos como Festival Internacional de Documentários de Buenos Aires e o Festival Janela Internacional de Cinema do Recife.
Outro exemplo é Leonardo Mouramateus, do Ceará, que foi premiado em diversas categorias com "O Completo Estranho", de 2014. Ele é diretor do longa-metragem "Greice", que estreou no 53º Festival Internacional de Cinema de Roterdã, que estreou em fevereiro deste ano. Já Yasmin Thayná, do Rio de Janeiro, passou pelo MOV com "Kbela, O Filme", de 2015.
"Também existem técnicos de fotografia e som que continuam seguindo após trabalharem em filmes que foram exibidos no MOV. Na nossa realidade, muitas vezes a exibição do filme em um festival já soa como um incentivo. É difícil viver de arte, então temos que ter plataformas para mostrar o que a gente está fazendo e alçar voos maiores", diz Vinicius Gouveia.
Programação de 2024
A programação regular do MOV tem início no dia 03 de setembro, com uma abertura especial no Teatro do Parque. O evento contará com um CineConcerto inédito da banda Estesia, coletivo artístico que irá produzir um espetáculo sonoro e visual para acompanhar a projeção do longa-metragem Viajo Porque Preciso, Volto Porque te Amo (2009), clássico dos cineastas Marcelo Gomes e Karim Aïnouz.
A partir do dia 04 de setembro, a programação será dividida entre mostras competitivas nacionais e internacionais, que oferecem um panorama das produções de cineastas universitários ao redor do Brasil e do mundo. O Teatro do Parque será o primeiro a receber exibições de filmes brasileiros contemporâneos, que serão reunidos em seleções temáticas costuradas pela curadoria do festival, assinada por Douglas Henrique, Pedro Ferreira, Cesar Castanha, Rita Vênus, Mayara Santana, Bia Pankararu e Jorge Filho.
Nos dias 5, 6 e 7 de setembro, as sessões com produções internacionais e nacionais irão acontecer no Cinema da Fundação, na sala Museu, localizada no campus de Casa Forte. As mostras competitivas trazem seleções que exploram desde temas sociais urgentes e subjetivos a obras que lidam com mecanismos do suspense e do horror. Além das mostras, o festival exibe uma sessão especial do longa-metragem "Us and the Night" (2023), da cineasta de Hong Kong, Audrey Lam.
Selecionado em festivais como o Ecrã (RJ) e Melbourne International Film Festival (AUS), o longa acompanha a rotina de encontros e desencontros entre dois viajantes que se entrecruzam na biblioteca de uma universidade. A lista dos filmes que compõem as mostras competitivas e especiais, assim como seus horários, serão divulgados no site oficial e nas redes sociais do MOV.
MOV Acampa
Outro destaque da 6ª edição do festival MOV é o retorno do MOV Acampa, uma iniciativa que oferece hospedagem gratuita em alojamentos da Universidade Federal de Pernambuco, com o objetivo de fomentar o intercâmbio entre realizadores de todo o Brasil.
A iniciativa irá acolher universitários de fora do Recife, permitindo que os participantes se alojem na capital pernambucana, acompanhem o festival de perto e participem ativamente das atividades formativas. Neste ano, o projeto recebeu mais de 80 inscrições
"Faz parte do DNA do MOV promover networking e trocas. O MOV Acampa foi um grande acerto, que, antes da pandemia, colocou cerca de 80 estudantes de mais de 10 estados em contato. Esse ano, é aumentar todos os números", explica Vinícius Gouveia.
SERVIÇO
VI MOV - Festival Internacional De Cinema Universitário De Pernambuco
Onde: Teatro do Parque e Cinema do Museu - Fundação Joaquim Nabuco
Quando: de 3 a 7 de setembro
Quanto: Gratuita