Catarina DeeJah reúne 'bandeirolas gigantes' em exposição em Olinda
Artista apresenta trabalho da pintura em tecido e criação de bandeirolas no Museu Regional de Olinda, integrando os 40 anos do Ateliê Iza do Amparo
Conhecida sobretudo pelas suas produções na música, Catarina DeeJah tem um trabalho na pintura em tecido e na criação de bandeirolas. Um recorte dessa produção forma a exposição "Artista-Prática Catarina DeeJah: De Que País Vem Este Carnaval? Se o Oriente Nasce em Meu Quintal", em cartaz no Museu Regional de Olinda, no Sítio Histórico, a partir desta sexta-feira (11), às 18h.
Ao invés das bandeirolas pequenas, como já as conhecemos, as seis obras desta exposição são 'bandeirolas gigantes' feitas de tafetá recortado a partir de padronagens que a artista acumula há uma década. A criação explora os quintais, ruas, o carnaval, o mar de Olinda e os povos que a habitam, sob a curadoria de Ana Gabriella Aires.
A mostra integra o circuito de exposições que comemora os 40 anos do Ateliê Iza do Amparo. Batizado por "Da Casa-Ateliê de Artistas-Etcétera ao Agora: Duas Gerações, Quatro Desdobramentos", esse circuito tem incentivo do Funcultura, do Governo do Estado.
A primeira exposição foi Paulo do Amparo, artista-filho de Iza do Amparo. Agora é a vez da sua irmã, Catarina Dee Jah. Depois, virão mais duas exposições: uma da própria Iza do Amparo e outra de Humberto Magno, artista visual falecido em 2021, com quem Iza do Amparo gestou e criou seus filhos e o ateliê — quando juntos chegaram a Olinda, em 1981.
Início
Catarina DeeJah explica que o seu trabalho com bandeirolas exatamente de forma manual e prática: "Comecei de forma improvisada, para criar a decoração de um baile no Clube Bela Vista [no Alto Santa Terezinha, Zona Norte do Recife]. Uni uma referência do artesanato tradicional das festas do México com a nossa cultura junina para criar bandeirinhas vazadas com tipografia própria e signos".
Passou, então, quatro anos reproduzindo-as à mão, cortando com tesoura de unha e estilete, até surgir a parceria com o Coletivo 3D, que possibilitou o corte a laser. O coletivo junto com a Hactus Creative são parceiros desta mostra no suporte técnico — devido ao tamanho das bandeirolas, alguns cortes foram feitos em quatro etapas e levaram cerca de duas horas.
Nelas, estão memórias de Catarina DeeJah — das crianças da casa-ateliê e das redondezas: "Na minha percepção, as cercas e os muros eram quase simbólicos. A gente saía em turma, brincando de se aventurar, para conhecer outros quintais e buscar frutas. Gazeava aula, soltava sementes pelo caminho de uma Olinda que era um grande jardim. Um mosaico de culturas".
Curadoria
A curadora Ana Gabriella Aires diz em seu texto que as criações da artista "estão implicadas por um fazer manual e prático associado a imagens e movimentos desde seu cotidiano: a matéria de seu trabalho é justamente esse fino tecido, o dia-a-dia, e suas práticas são apropriações e transformações desse cotidiano, das ruas, do que circula nas ruas, por entre as pessoas".
Curadora do projeto, Ana Gabriella Aires enfatiza que este circuito é "uma oportunidade de conhecer ou rever Iza, Humberto, Paulo e Catarina em quatro exposições articuladas pelo que são eles de artistas-etcétera. E o quanto isso que, parece, sempre foram e vão juntos sendo, vai-se transformando pelo que conviveram ou convivem, família que são".
"Artista-etcétera, conceito emprestado de Ricardo Basbaum, refere-se à situação do artista que 'questiona a natureza e a função de seu papel como artista’ e que possui 'fortes ligações com os circuitos locais em que estão inseridos'."
SERVIÇO
"Artista-Prática Catarina DeeJah — De Que País Vem Este Carnaval? Se o Oriente Nasce em Meu Quintal"
Onde: Museu Regional de Olinda — Rua do Amparo, 128, Sítio Histórico de Olinda
Abertura: dia 11 de outubro, das 18h às 21h
Visitação: até 3 de novembro — de terça a sexta, das 9h às 12h e das 14h às 16h; aos sábados e domingos, das 14h às 16h; visitação com monitoria acontece de quinta a domingo, das 14h às 16h