De fábrica de mariola a museu, conheça a história do 'Memória Viva' e quando estará disponível para visitação
Com inauguração prevista para fevereiro de 2025, o espaço visa preservar legado cultural e econômico da região, com arte-educação e acessibilidade
O prédio da antiga indústria Mariola, que hoje é a sede do Instituto Conceição Moura, vai se tornar um espaço de memória e celebração: o Museu Memórias Vivas.
A partir de fevereiro de 2025, ao cruzar as portas do Museu Memórias Vivas, idealizado e criado pelo Instituto Conceição Moura, o visitante será transportado para um tempo em que cada receita era carregada de afeto e cada doce, uma lembrança. A visita mediada conduzirá o público aos primórdios da fábrica.
“Trazer a história da Fábrica Mariola para o Museu Memórias Vivas é mais do que preservar o legado de uma indústria; é dar vida às memórias de um povo que ajudou a construir Belo Jardim", reflete George Pereira, curador do Memórias Vivas.
"A fábrica não apenas movimentou a economia e gerou empregos, mas também cultivou afetos, identidade e um sentimento de pertencimento. O museu se torna um espaço onde essa rica história é recontada, não só para aqueles que viveram essa época, mas, especialmente, para as novas gerações que precisam entender o valor desse legado”.
A história
No Agreste de Pernambuco, uma região onde a natureza desafia e inspira, a força de um povo e a coragem de um homem transformaram o destino de uma cidade.
Ali, no coração de Belo Jardim, a 183 quilômetros do Recife, ergueu-se uma fábrica que iria muito além da produção de doces: a Mariola, fundada em meados de 1915 por Jorge Aleixo da Cunha e sua esposa Quitéria Batista de Lima, se tornaria o alicerce econômico e cultural da região.
Com a bravura de quem ousou em empreender em terras áridas, Jorge viu na produção de doces caseiros de Quitéria não apenas uma forma de sustento, mas um legado que refletia a garra de sua gente.
Aos poucos, a Mariola foi ganhando espaço, até se tornar uma das maiores indústrias de doces do estado, um símbolo de pertencimento e orgulho para os moradores da localidade. A fábrica não produziu apenas doces; ela construiu histórias.
Ao longo de quase cinco décadas, a Mariola foi parte do cotidiano de Belo Jardim, movimentando a economia, criando laços afetivos e marcando cada memória de infância com sabor. Agora, essa história volta a pulsar.
Roteiro de visita
No início da visita, o público é transportado para os primórdios da indústria local, conhecendo a trajetória dos fundadores Quitéria e Jorge Aleixo.
Fotos antigas e objetos pessoais complementam o ambiente, enquanto réplicas em 3D dos maquinários permitem uma experiência tátil, resgatando as décadas de crescimento e os sucessos que consolidaram a fábrica como um símbolo de Belo Jardim.
No encerramento, os visitantes são convidados a refletir sobre o impacto duradouro dessa história para a comunidade local.
A visita termina no Cineteatro Cultura com a exibição de um curta-metragem, que aborda temas e memórias explorados na visitação, finalizando com um momento de troca e avaliação entre os visitantes. Além da exposição permanente, o espaço contará com uma exposição imersiva temporária.
A primeira mostra vai celebrar a identidade e o talento do Agreste pernambucano, com assinatura da produtora cultural e fotógrafa Thalita Rodrigues, cuja obra captura a essência e a história local, trazendo reflexões sobre a vida na região.
A exposição vai integrar arte, tecnologia e memória, fortalecendo o sentimento de pertencimento e proporcionando uma conexão mais profunda com a riqueza da história regional.
Curadoria
O processo curatorial do Museu Memórias Vivas foi construído a partir dos próprios elementos da antiga Fábrica Mariola, incluindo maquinários e fragmentos parcialmente restaurados.
Textos da literatura local forneceram uma base essencial para entender a dinâmica de construção da fábrica, enquanto entrevistas com ex-funcionários e pessoas próximas à sua história trouxeram à tona a afetividade e as lembranças de quem viveu a época.
Esses relatos permitiram à curadoria cruzar as informações dos textos históricos com as memórias pessoais, criando um panorama mais humano e visceral do passado. Fotografias e documentos, embora raros, foram fundamentais para capturar momentos específicos e solidificar o retrato de uma época vivida intensamente pela região.
"Ao montar a curadoria, selecionamos cada item com a intenção de construir uma releitura desse espaço que vai além da estrutura física. Queremos que os visitantes sintam o peso da história ao caminhar pelo próprio prédio. Nosso objetivo é disseminar e salvaguardar as memórias vivas, valorizando as histórias que moldaram a identidade econômica e cultural da cidade, perpetuando o orgulho dos moradores por sua herança”, pontua o curador George Pereira.
Acessibilidade
O Memórias Vivas foi projetado para ser um espaço inclusivo e acessível, garantindo que visitantes de todas as necessidades e capacidades possam aproveitar a experiência. O espaço conta com:
- Rampas de acesso;
- uma plataforma elevatória;
- banheiros adaptados;
- sinalização adequada;
- miniaturas em 3D das peças em exposição;
- QR codes distribuídos nas galerias irão oferecer audiodescrição;
- intérpretes de Libras;
- e acompanhantes para visitantes com deficiência ou transtornos mentais.
"A acessibilidade é uma parte essencial da nossa missão, pois queremos que todos se sintam acolhidos e possam se conectar com a história", reforça George. Esses recursos, somados à estrutura cuidadosa do espaço, refletem o compromisso do espaço em tornar a cultura e a memória acessíveis a toda a comunidade, sem exceção.
Impacto social
“Ter um espaço como o Museu Memórias Vivas junto ao Instituto é uma conquista para toda a comunidade. Ele é mais do que um museu; é um complexo de cultura e arte-educação que apoia diretamente os educadores e inspira crianças e jovens”, afirma Taciana Moura, presidente do Instituto Conceição Moura.
“Aqui, os visitantes, especialmente os estudantes, podem vivenciar a história do Agreste enquanto exploram novas formas de expressão artística e tecnológica, tornando-se parceiros ativos do nosso desenvolvimento cultural”.
Serviço
- Museu Memórias Vivas
- Endereço: Rua Marechal Deodoro, 45, no Centro de Belo Jardim
- Funcionamento: De terça-feira a domingo, das 9h às 20h
- Entrada gratuita Inauguração: fevereiro de 2025
- Agendamentos: 81 97314-6655