Retrospectiva 2024: Ano mostrou que o cinema ainda está aqui

Retrospectiva também faz apanhado de linguagens como música, teatro e artes visuais, além resumos sobre políticas públicas e despedidas

Publicado em 27/12/2024 às 18:59
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Se 2024 fosse um filme, o cinema seria seu protagonista. Pelas telas, histórias nos fizeram viajar por mundos desconhecidos, revisitar memórias e imaginar futuros possíveis.

Em Pernambuco, a reinauguração do Cinema São Luiz, totalmente restaurado, foi um dos grandes acontecimentos culturais do ano, com diversas exibições marcantes.

O anúncio da recuperação da sala do Art Palácio em um complexo educacional federal no Centro do Recife também reacendeu a esperança do resgate do circuito de salas de rua.

Wagner Ramos / PCR
A desapropriação dos prédios do Edifício Trianon e do Cine Art-Palácio, para a construção do novo campus do IFPE vai permitir a implantação da unidade, que terá capacidade para 1.400 alunos - Wagner Ramos / PCR

O Cineteatro do Parque não retomou uma programação fixa, como prometido, mas realizou sessões e mostras temáticas. Fica a expectativa se o cinema do Teatro Apolo, no Bairro do Recife, também poderá renascer.

Nas ruas deste mesmo Centro, os recifenses viram interdições para a gravação de "O Agente Secreto", próximo filme de Kleber Mendonça Filho, com Wagner Moura.

Sucessos de bilheteria

Portal Edicase
"Ainda Estou Aqui" é um marco no cinema brasileiro, unindo aspectos históricos e artísticos em um filme que emociona (Imagem: Alile Dara Onawale | Divulgação) - Portal Edicase

No âmbito nacional, "Ainda Estou Aqui" conseguiu a proeza de ser um sucesso de bilheteria (R$ 62,7 milhões), mesmo sendo de drama, já que as maiores costumam ser de comédia.

O filme tornou-se a quinta maior bilheteria do País, apenas atrás das produções de Hollywood, sendo ainda a sétima maior bilheteria nacional do século 21.

O longa de Walter Salles também tem fortes chances de ser indicado a "Melhor Filme Internacional" no Oscar de 2025, algo que não ocorre desde 2000, com "Central do Brasil", também de Salles.

Respiro após pandemia

LAURA CAMPANELLA
Matheus Nachtergaele e Selton Mello caracterizados para O Auto da Compadecida 2 - LAURA CAMPANELLA

Já no apagar das luzes do ano, "O Auto da Compadecida 2" se tornou a maior estreia de um filme nacional desde a pandemia, levando 173 mil pessoas aos cinemas e arrecadando R$ 4 milhões.

"Os Farofeiros 2" também arrecadou R$ 36 milhões. Os números são relevantes pois os cinemas ainda buscam respiro após a pandemia.

Fomento

RICARDO STUCKERT/PR
Margareth Menezes e Lula - RICARDO STUCKERT/PR

O País assistiu ao início da implementação da Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura (PNAB). Pernambuco recebeu R$ 74 milhões, que serão distribuídos em premiações, fomentos e bolsas, organizadas em sete editais.

A iniciativa também trouxe desafios para o Estado, sobretudo na estruturação de equipes de órgãos. O lançamento dos editais ocorreu apenas em setembro. A Lei Paulo Gustavo, em 2023, não deixou boas impressões sobre a organização do Governo de Pernambuco nesse quesito.

Regulação

Foi aprovado o Marco Regulatório do Fomento à Cultura para corrigir deficiências históricas do setor cultural, permitindo melhor administração, fiscalização e regulação.

O Marco promete trazer mais eficiência para os gestores públicos e democratizar o acesso às políticas culturais, especialmente para agentes das periferias e das culturas tradicionais, negras e indígenas.

Música

MICAEL HOCHERMAN/DIVULGAÇÃO
Amaro Freitas lança 'Y'Y', quarto álbum da carreira - MICAEL HOCHERMAN/DIVULGAÇÃO

Na música, artistas pernambucanos lançaram bons álbuns, a exemplo do pianista Amaro Freitas (Y’Y), Sofia Freire, que ganhou o Prêmio APCA por "Ponta da Língua"; e Duda Beat, que agitou o pop com "Tara e Tal".

Também houve revelações como Ivyson, que lançou "AFINCO", e Uana com seu "Megalomania". Alceu Valença lançou "Bicho Maluco Beleza", com ótimas participações.

Marley no Beat aprovou o primeiro disco de brega-funk no Sistema de Incentivo à Cultura do Recife e Raphaela Santos fez tanto sucesso que entrou pro escritório de Wesley Safadão.

Festivais

Janaína Pepeu/Secom
Primeira noite do Festival Pernambuco Meu País, em Taquaritinga do Norte - Janaína Pepeu/Secom

O ano começou com o imbróglio entre o Governo de Pernambuco e a Prefeitura de Garanhuns sobre a realização do Festival de Inverno. Como consequência, o Estado viu nascer o Pernambuco Meu País, que percorreu oito municípios.

Apesar de sua abrangência, o evento precisa amadurecer nos próximos anos, incluindo, talvez, mais aportes financeiros. O FIG conseguiu manter as demais linguagens artísticas na "versão" da Prefeitura, principal receio da classe artística.

Crise

KAIO CADS/HANGOUTS
Wehoo Festival - KAIO CADS/HANGOUTS

Já no âmbito privado, o Estado viu o cancelamento de grandes festivais, como o Wehoo, em Olinda, e o Guaiamum Treloso, em Camaragibe, além de outros eventos no Recife.

O motivo é a crise do mercado de eventos, com ingressos caros e programações repetitivas. O Coquetel Molotov resistiu, tendo patrocínio via Lei Rouanet.

Teatro

SEVERINO SOARES/JC IMAGEM
Incêndio destruiu as ruínas do Teatro Valdemar de Oliveira, no Centro do Recife - SEVERINO SOARES/JC IMAGEM

O incêndio do Teatro Valdemar de Oliveira jogou luz na falta de espaços (e de temporadas fixas) para as artes cênicas no Recife. O futuro do espaço segue incerto.

Já o espetáculo "Cinderela, a história que sua mãe não contou”, com Jeison Wallace, que bombou no Valdemar nos anos 1990, voltou em sessões esporádicas.

A memória teatral foi celebrada com os 50 anos do Grupo Vivencial, com exposição que contou com curadoria dos jornalistas Bruno Albertim e Márcio Bastos, autor do livro "Pernalonga: uma sinfonia Inacabada" (Cepe).

O Festival Recife do Teatro Nacional surpreendeu positivamente com nomes como Marco Nanini, Othon Bastos e o novo espetáculo do Magiluth, "Édipo REC", grupo que celebrou 20 anos. Quem também soprou velas de duas décadas foi O Poste Soluções Luminosas.

Artes visuais

ANDRÉA RÊGO BARROS/DIVULGAÇÃO
Marina Abramovic inaugurando obra 'Generator', na Usina de Arte, em Pernambuco - ANDRÉA RÊGO BARROS/DIVULGAÇÃO

Pernambuco ganhou obra de uma artista global: "Generator", de Marina Abramovic, movimentou a Usina de Arte, na Mata Sul.

João Câmara celebrou 80 anos no MEPE expondo pinturas digitais, reforçando o diálogo entre arte e tecnologia em tempos de Inteligência Artificial.

O Museu Homem do Nordeste fez uma 'autocrítica institucional' com a mostra "Elas: onde estão as mulheres nos acervos da Fundaj?", que marcou a reabertura do primeiro andar, fechado desde 2008.

Despedidas

Reprodução/SBT News - Roberto Nemanis/SBT
Imagem: apresentador Silvio Santos. - Reprodução/SBT News - Roberto Nemanis/SBT

O Brasil se despediu de ícones do entretenimento e da cultura em diversas linguagens, incluindo Silvio Santos e Cid Moreira na TV; Sergio Mendes e Agnaldo Rayol na música, além de Ziraldo, Ary Toledo e, no fechar das cortinas, o ator Ney Latorraca.

Já Pernambuco ficou de luto pelos maestros Marlos Nobre e Clóvis Pereira, o jornalista Celso Marconi e o MC Elloco (que fazia dupla com Shevchenko).

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