Globo de Ouro impulsiona corrida de Fernanda Torres rumo ao Oscar; entenda cenários possíveis
Nome da brasileira agora dificilmente poderá ser ignorado pela Academia, mas os caminhos para a estatueta são árduos
Fernanda Torres fez história ao vencer o prêmio de Melhor Atriz em Filme de Drama no 82º Globo de Ouro, realizado no domingo (5), sendo a quarta atriz com performance em língua não-inglesa a vencer esta categoria.
O feito torna-se ainda mais evidente ao considerar as suas concorrentes, todas estrelas renomadas de Hollywood.
O seu nome agora dificilmente poderá ser ignorado pelo Oscar, já que apenas duas atrizes vencedoras do Globo não apareceram entre as indicadas da Academia para Melhor Atriz.
Foram elas: Shirley McLaine por "Madame Sousatzka" (1989), quando o Globo de Ouro deu empate para três atrizes, e Kate Winslet por "Foi Apenas um Sonho" (2009), quando o estúdio decidiu investir em outro filme para a artista no Oscar ("O Leitor").
Em 2025, a cerimônia do Oscar está marcada para o dia 2 de março, às 21h (horário de Brasília).
Fernanda Torres tem chances no Oscar?
São árduos os caminhos para que Torres faça justiça à sua mãe, Fernanda Montenegro, que perdeu o Oscar de Melhor Atriz para Gwyneth Paltrow, em 1999 - um prêmio bastante questionado até mesmo fora do Brasil.
Atualmente, o Globo de Ouro, apesar de relevante, não é o principal termômetro do Oscar. Nos últimos anos, essa função fica com os prêmios dos sindicatos, os "Guild Awards".
Alguns exemplos são: o Producers Guild of America, dos produtores; o Directors Guild of America, dos diretores; o Writers Guild of America, dos roteiristas; e o Screen Actors Guild, dos atores.
Nessa seara, Fernanda apareceu na lista do National Board of Review (associação de críticos de Nova York) e recebeu indicação no Critics' Choice (associação de críticos americanos e canadenses) de Melhor Atuação Internacional.
Um detalhe que complica é que Torres ficou fora do BAFTA, termômetro importante e considerado o "Oscar britânico".
Concorrência forte para o Oscar
Um outro fator que desafia a estatueta para a atriz brasileira é a forte concorrência, a exemplo das indicadas no Globo de Ouro: Angelina Jolie ("Maria Callas"), Nicole Kidman ("Babygirl"), Tilda Swinton ("O Quarto ao Lado"), Pamela Anderson ("The Last Showgirl") e Kate Winslet ("Lee").
Além dessas, o Oscar deve trazer artistas que, no caso do Globo de Ouro, estavam na categoria Comédia ou Musical, como Demi Moore ("A Substância"), Karla Sofía Gascón ("Emilia Pérez") e Cynthia Erivo ("Wicked").
Uma vitória da brasileira poderia marcar uma nova cara para a premiação, mais internacionalizada.
O Globo de Ouro é organizado pela Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood, contando com jornalistas de todo o mundo. Esse olhar "global" pode ter sido mais empático a uma atriz latino-americana. Já o Oscar tende a ser mais centrado nos Estados Unidos - apesar de mudanças recentes.
Campanha de sucesso
De toda forma, a vitória de Torres no Globo de Ouro com certeza atrairá mais atenção para "Ainda Estou Aqui", de Walter Salles, aumentando ainda as chances do longa aparecer entre os indicados de Melhor Filme Internacional - no Globo de Ouro, o filme perdeu para "Emília Perez", do francês Jacques Audiard.
"Ainda Estou Aqui" já entrou na lista de 15 obras pré-selecionados na categoria de Melhor Filme Internacional do Oscar de 2025. A possibilidade de indicação já foi apontada por veículos como Variety.
Nessa categoria, o filme terá o desafio de bater "Emilia Pérez", que teve uma grande campanha através da Netflix.
A última indicação do Brasil a Melhor Filme Internacional foi em 1999, com "Central do Brasil", também dirigido por Salles.
Selecionado para mais de 50 festivais internacionais e nacionais, "Ainda Estou Aqui" foi premiado no 81º Festival de Veneza (Melhor Roteiro); foi escolhido o Melhor Filme pelo público no Festival Internacional de Cinema de Vancouver, no Canadá e no Festival de Cinema de Mill Valley, nos Estados Unidos. Uma bela trajetória até aqui.