Obras inéditas de José Pancetti em cartaz no Instituto Ricardo Brennand, no Recife
Artista que pintou muitas paisagens, retratos e marinhas na primeira metade do século 20 tem 40 obras expostas na Sala da Rainha do museu
O pintor José Pancetti (1902-1958) tem um trajetória singular. Seus pais, imigrantes italianos em Campinas (SP), voltaram à terra natal por dificuldades financeiras.
Após ingressar na marinha marcante italiana, em 1919, ele abandonou o navio por dificuldades de subsistência e voltou ao Brasil, dessa vez em Santos (SP).
Trabalhou em diversas funções, incluindo operário têxtil, até se dedicar à pintura de paredes e cartazes a partir de 1921.
Uma seleção inédita deste artista no Recife está em cartaz no Instituto Ricardo Brennand, com mais de 40 obras produzidas entre 1932 e 1956, capturando um momento específico de sua trajetória.
"Pancetti: O mar quando quebra na praia..." encerrou a agenda do IRB em 2024 e fica em cartaz até 16 de março deste ano. Essa mesma exposição em pauta já ocupou a Casa Fiat, em Belo Horizonte, e o Farol Sandander, em São Paulo.
Seleção
Inspirado por essa vivência entre Campinas, Itália, Santos e Rio de Janeiro, o artista pintou muitas paisagens, retratos e marinhas. O visitante poderá contemplar essa tríade temática que destaca a obra do pintor, que deixou traços relevantes para o modernismo brasileiro.
"Essa seleção permite ao espectador apreciar as diversas facetas de Pancetti através de um conjunto de obras que nunca estiveram reunidas, até essa exposição", diz a curadora Denise Mattar.
"O encontro entre o mar e a areia é um tema constante na sua obra, que ele retratou ao longo de sua vida com profunda emoção. Essa conexão também encantava seu amigo Dorival Caymmi, que cantava com sua voz profunda: "o mar, quando quebra", afirma a curadora, em alusão à canção que dá título à exposição.
Marinhas
Ela lembra que as marinhas integram a faceta mais conhecida de Pancetti. Ele aumenta a sua produção a partir de 1946, quando foi reformado da Marinha.
A partir de então, o mar, que já era fundamental na sua produção, torna-se cada vez mais importante.
Seu percurso estético é marcado por uma progressiva geometrização, e pela importância que a cor vai ganhando sobre a forma, até tornar-se protagonista quase absoluta das composições
Na exposição, surgem registros dos seus primeiros trabalhos incluindo barcos e construções; registros de diferentes pontos do litoral brasileiro; o intenso cromatismo e a composição diagonal do período baiano; e obras sintéticas, nas quais a economia da composição beira o abstrato.
Obras
A exposição conta com obras de coleções particulares e pertencentes à instituições parceiras. Confira a lista:
- Auto Vida (1945): óleo sobre tela, 65 x 54 cm, coleção Gilberto Chateaubriand (MAM Rio)
- Retrato de Francisco (1945): óleo sobre tela, 46,5 x 38,5 cm, coleção MAM São Paulo - Doação Carlo Tamagni, 1967
- O Chão (1941): óleo sobre tela, 61,5 cm x 81 cm, coleção Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro.
- Praça Clóvis Bevilacqua (1949): óleo sobre tela, 35,7 x 44 x 5 cm, coleção Orandi Momesso, São Paulo
- Floresta, Campos de Jordão, SP (1944): óleo sobre tela, 39 x 46,5 cm, Acervo Museu de Arte Brasileira – MAB FAAP, São Paulo
- Pescadores (1956): óleo sobre tela, 26 x 40,2 cm, coleção Nilma Pancetti, Rio de Janeiro
- Série Bahia (1951): óleo sobre tela, 46,2 x 55,1 cm, Instituto Casa Roberto Marinho, Rio
- Lagoa do Abaeté (1952): óleo sobre tela, 38 x 54,5 cm, coleção Marcos Ribeiro Simon, São Paulo
- Paisagem de Itapuã (1953): óleo sobre tela, 38 x 55 cm, coleção Gilberto Chateaubriand MAM Rio
- Itapuã, série Bahia (1956): óleo sobre tela, 46 x 65 cm, coleção particular, Salvador
- Coqueiros de Itapuã (1956): óleo sobre tela, 45,4 x 64,4 cm, coleção Santander Brasil