Premiado em Cannes, filme queer nacional 'Baby' é 'carta de paixão e dor ao Centro'
Longa-metragem de Marcelo Caetano rendeu prêmio de Melhor Ator Revelação para Ricardo Teodoro na Semana da Crítica de Cannes de 2024
Após viajar por festivais de todo o mundo, "Baby", novo longa de Marcelo Caetano, estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (9).
A produção marcou sua estreia na prestigiada Semana da Crítica de Cannes 2024, rendendo o prêmio de Melhor Ator Revelação para Ricardo Teodoro, e desde então vem trilhando um caminho de vitórias no Brasil e no mundo.
No enredo, Wellington (João Pedro Mariano) é liberado de uma Centro de Detenção para jovens e se vê à deriva nas ruas de São Paulo. Durante uma visita a um cinema pornô, ele conhece Ronaldo (Ricardo Teodoro), um garoto de programa, que lhe ensina novas formas de sobreviver.
Aos poucos, a relação dos dois se transforma em uma paixão cheia de conflitos, entre a exploração e a proteção, o ciúme e a cumplicidade. No Recife, o filme entra em cartaz no Cinema da Fundação.
'Retrato vibrande de um outsider'
O longa foi descrito como um "retrato vibrante de um outsider tentando sobreviver em São Paulo" por Ava Cahen, diretora da Semana da Crítica.
"Romanesco em sua narrativa, esse melodrama queer, ora doce, ora duro, é o retrato de uma realidade social desafiadora ao mesmo tempo que conta uma história de amor moderna. Um filme emocionante e flamejante com atores carismáticos", completou.
'Carta de paixão e dor ao Centro'
De acordo com o diretor Marcelo Caetano, os personagens principais se conhecem em um momento de abandono e formam uma nova família e, apesar das diferenças e dos atritos, se agarram um ao outro.
"É difícil dar um nome para a relação deles, é uma paixão meio doida, é também uma amizade cheia de desencontros. No fundo, os dois lutam para pôr fim à solidão que a vida impõe sobre eles", revela.
"'Baby' é uma carta cheia de paixão e dor ao Centro de São Paulo, lugar que eu filmo há 15 anos, desde meus primeiros curtas-metragens. Em 'Baby', os personagens estão em constante movimento. Eles cruzam as ruas da cidade em busca de liberdade e da realização de seus desejos. É um filme, antes de tudo, sobre a cumplicidade e a amizade, em meio ao caos", explica.
Prêmios
"Baby" já soma mais de 25 prêmios de festivais nacionais e internacionais, incluindo as mais recentes conquistas no Festival de Havana (Menção Especial do Júri) e Festival Merlinka, na Sérvia (Melhor Filme).
"O reconhecimento nos festivais internacionais mostra a força do cinema brasileiro, em especial do nosso cinema queer. Pude acompanhar o filme em quinze países, presenciando reações emocionadas, mas nada como estrear no Brasil que nos recebeu tão bem com prêmios e sessões lotadas", diz Caetano.
"É uma emoção totalmente diferente. Em janeiro chegamos nas salas de todo país e no decorrer do ano teremos estreias nos cinemas em 20 países. Valeu a pena tantos anos de trabalho e dedicação, agora é curtir esse encontro com o público!".