Brasil já ganhou Oscar? Conheça o histórico do país na premiação
Filmes coproduzidos pelo país já receberam prêmios, mas os troféus ficaram com os países que fizeram as submissões, a exemplo de Orfeu Negro (1959)

As indicações de "Ainda Estou Aqui", dirigido por Walter Salles, marcaram um momento histórico para o cinema brasileiro, com a obra competindo em três categorias de peso no Oscar 2025: Melhor Filme, Melhor Filme Internacional e Melhor Atriz para Fernanda Torres.
O feito é raro, sobretudo para um país que ainda busca sua primeira estatueta em categorias principais. A vitória em qualquer uma dessas indicações seria um marco nos 80 anos de relação do Brasil com a premiação da Academia.
Brasil já ganhou Oscar?
Embora o Brasil tenha se aproximado do Oscar em diversas ocasiões, jamais conquistou uma estatueta em categorias principais. Filmes coproduzidos pelo país já receberam prêmios, mas os troféus ficaram com os países que fizeram as submissões.
O caso mais emblemático é o de "Orfeu Negro" (1959), dirigido por Marcel Camus. Gravado no Brasil, com elenco brasileiro e diálogos em português, o filme venceu o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 1960.
No entanto, o prêmio foi creditado à França, responsável pela submissão.
Caminhos brasileiros na Academia
A estreia oficial do Brasil no Oscar remonta a 1945, com a indicação de "Rio de Janeiro", canção composta por Ary Barroso para o filme norte-americano Brazil.
Já o primeiro longa brasileiro indicado foi "O Pagador de Promessas" (1962), de Anselmo Duarte, competindo como Melhor Filme Estrangeiro.
Em 1986, a coprodução américa-brasileira "O Beijo da Mulher-Aranha" recebeu quatro indicações ao Oscar, incluindo Melhor Filme e Melhor Diretor para o brasileiro naturalizado Héctor Babenco.
Destaque especial merece a produção "Central do Brasil" (1998), de Walter Salles, indicada como Melhor Filme Internacional e rendendo a Fernanda Montenegro uma indicação histórica ao Oscar de Melhor Atriz.
Sua perda para Gwyneth Paltrow ("Shakespeare Apaixonado") continua a ser objeto de debate, especialmente devido à campanha agressiva da distribuidora Miramax, de Harvey Weinstein.
Cidade de Deus
Outra página de destaque foi escrita por "Cidade de Deus" (2002), de Fernando Meirelles. Ignorado inicialmente como Melhor Filme Internacional, o longa retornou em 2004 com quatro indicações de peso: Melhor Diretor, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Fotografia e Melhor Edição.
A década de 2010 trouxe fôlego com documentários brasileiros de forte apelo internacional, como "Lixo Extraordinário" (2010), sobre o artista Vik Muniz, e "O Sal da Terra" (2015), sobre o fotógrafo Sebastião Salgado.
Mais recentemente, "Democracia em Vertigem" (2020), de Petra Costa, também chamou atenção com sua indicação como Melhor Documentário.
Agora, com "Ainda Estou Aqui", o Brasil volta ao centro das atenções da Academia, com a chance real de fazer história. A indicação de Fernanda Torres marca o retorno de uma atriz brasileira à disputa após mais de duas décadas, enquanto a presença do filme na categoria principal cria esperança para mais valorização do cinema nacional.