Não por acaso, um dos discos mais elogiados de Alceu Valença, de 1976, chama-se Vivo! Ele é um artista que se sente à vontade nos palcos, seu habitat natural. De vez em quando pousa num estúdio, mas a sua vida é andar por este País. Já não se pode andar por este, nem por país nenhum. Sem poder ir onde seu povo está. Resta-lhe trazer seu povo para o lugar em que ele vai estar neste domingo (03). Fazendo uma live, a partir das 18h, diretamente da sua casa no Rio. O vídeo pode ser assistido no canal do cantor no YouTube.
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Em entrevista para o Jornal do Commercio, Alceu Valença conta como está sendo seu cotidiano na quarentena, adianta como será a live, como vem fazendo para manter a forma, e comenta sobre este novo canal que se abriu para a comunicação entre o artista e o público.
JORNAL DO COMMERCIO - Alceu, como estão sendo estas "férias" forçadas? Como tem ocupado seu tempo, fazendo música, escrevendo, lendo?
ALCEU VALENÇA - Tenho tocado violão como nunca. Normalmente não sou de pegar muito no violão, acho que desde o ano em que passei em Paris, 1979, não tocava tanto. Naquela época, saiu a música Coração Bobo. Nos dias de hoje, vai sair uma live. Sinal dos tempos. Fora isso converso com os amigos no telefone, com minha irmã Delminha, com meu irmão Decinho, que estão em Recife. Hoje conversei com Hebert Azzul, meu parceiro em várias músicas, entre elas “Eu Vou Fazer Você Voar", que lancei no ano passado. Ele está em Maceió, eu no Rio. Preciso fazer meus exercícios, andar meus dez mil passos por dia contados num aplicativo. Como não posso sair na rua, passo o dia subindo e descendo escada...
JC - Há quanto tempo você não passava tanto tempo sem viajar?
ALCEU - Bastante. Tivemos vários shows cancelados e não há ainda uma previsão para voltar à estrada. Costumo dizer que moro dentro de um avião e atualmente tenho sentido muita falta dos aeroportos, dos palcos, do carinho do público. Gosto de estar nas ruas, de andar pelo mundo.
JC - A live será com banda, voz e violão?
ALCEU - Farei a live com meu violão e a participação de Paulo Rafael em algumas músicas. Vou tocar músicas que tenham relação com lugares para onde costumo viajar, cidades que me inspiram canções. É o caso de Coração Bobo, que fiz em Paris. Pelas Ruas que Andei, que compus para o Recife. Olinda, cujo título já diz tudo. Tesoura do Desejo, que fiz em Nova York, P da Paixão, que compus em Porto Alegre, em homenagem a Portugal. Também músicas de Luiz Gonzaga, como Pau-de-Arara e Xote das Meninas, que remetem ao Sertão de Pernambuco. É uma viagem musical sem sair de casa.
JC - Você acha que a partir dessas lives, digamos, funcionais, pode ser criado um novo produto para o artista?
ALCEU - Acho que nada substitui o palco, a troca com o público. Mas a internet oferece novas formas de interação e as lives ganharam protagonismo nestes tempos. É uma forma de fazer com que a música continue chegando até as pessoas. Se vão virar produto depois da pandemia, só o tempo dirá.
JC - Se a pandemia demorar bem mais do que se espera teremos outras lives?
ALCEU - Vamos ver. Não vejo a hora de voltar ao palco. Palco pra mim é vitamina, é o lugar onde mais gosto de estar no mundo. Mas agora o palco é em casa. Tomara que isso passe logo e que, em breve, possamos voltar ao convívio das pessoas. Tomara, meu Deus.
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