Cinema da Fundação, no Recife, celebra 25 anos com debate
Conversa contará com o cineasta Kleber Mendonça Filho, o curador Luiz Joaquim, a gestora cultural Silvana Meireles e o projecionista Joselito Gomes
Há 25 anos, o Recife ganhou uma sala de cinema que formou gerações de cinéfilos, críticos e cineastas. Fugindo da lógica comercial dos multiplexes, o Cinema da Fundação, da Fundação Joaquim Nabuco, vem abrindo espaço ao cinema autoral, multicultural e de grandes diretores. Essa história será recontada em um encontro na sala do Derby, nesta terça-feira (19), às 18h.
O debate "25 Anos do Cinema da Fundação" contará com personagens centrais na consolidação do equipamento cultural: o cineasta Kleber Mendonça Filho, o curador Luiz Joaquim, a gestora cultural Silvana Meireles e o projecionista Joselito Gomes.
Foi em maio de 1998, situado ainda em seus primeiros dias como sala comercial, que Silvana Meireles, diretora do então Instituto de Cultura da Fundaj, Kleber Mendonça Filho, à época coordenador do Cinema da Fundação, Joselito Gomes, projecionista da Casa, e Luiz Joaquim, então estagiário da equipe, desenvolveram, administraram e operacionalizaram juntos aquilo que viria a se tornar o Cinema da Fundação.
O grupo se reúne novamente para rememorar momentos marcantes ao longo deste últimos 25 anos fundamentais na formação cinematográfica dos pernambucanos. A conversa integra a programação da 26ª edição da Mostra Expectativa/Retrospectiva, em cartaz na programação até o dia 20 de dezembro.
Desafios e soluções
Luiz Joaquim ingressou no Cinema da Fundação em 1998 como estagiário, retornando em 2001 como servidor. Ao lado de Kleber, exerceu atividades de coordenação administrativa e curadoria. Em 2007, as suas funções passaram a ser distintas em formalidade (Kleber como "coordenador" e Luiz como "chefe da divisão de cinema"), embora as atuações continuassem as mesmas na prática.
Para Joaquim, a ideia é "apresentar a um público já fiel ao espaço, e também à nova geração, qual foi o pontapé inicial que gerou a ideia de estabelecer no Derby um sala de cinema comercial, com uma programação fixa e de perfil conceitual definido."
"No encontro, devemos falar também do contexto de exibição cinematográfica no Recife no final dos anos 1990 e os desafios e soluções para criar e estabelecer uma nova sala de cinema com pretensão formativa por um cinema autoral", reforça Luiz Joaquim.
Legado
"Eu diria que o Cinema da Fundação é um endereço em que o espectador pode ir não apenas para usufruir de um bom cinema, mas também para amadurecer enquanto um ser social, intelectualmente, filosoficamente e do ponto de vista psicológico. Tudo isso a partir de uma programação montada a partir do final dos anos 1990, orientada para fazer o espectador pensar e se divertir", diz Luiz Joaquim.
"Queríamos que houvesse o mínimo de formação cinematográfica. A gente fica muito feliz quando lembramos que isso finalmente aconteceu. Nos anos 2000, cinéfilos começaram a frequentar o cinema, despertaram para o cinema e se tornaram cineastas", opina.
"É a geração de Marcelo Pedroso, Gabriel Mascaro, Daniel Bandeira, Daniel Aragão e Marcelo Lordello. Acho que qualquer pessoa que for estudar cinema contemporâneo em Pernambuco vai conseguir associar a formação dessa galera com a existência do Cinema da Fundação."
Expectativa/Retrospectiva
Presidenta da Fundaj, a professora doutora Márcia Ângela Aguiar afirma que a atual mostra traz "uma programação muito rica que mostra a potência da dimensão cultural da Fundaj", comenta a presidenta.
Para esquentar o debate, já no clima de torcida para sua seleção ao Oscar 2024, a mostra retorna à sua programação "Retratos Fantasmas", de Kleber Mendonça Filho, em sessão única às 16h10, da terça-feira (19).
Quem também participa da Expectativa/Retrospectiva é Maeve Jinkings que estará junto aos realizadores Renata Pinheiro e Sérgio Oliveira, além da atriz Nash Laila na terça-feira, 19/12, às 19h30 (Derby), para sorrir e compartilhar conosco sobre os detalhes de Amor, Plástico e Barulho, icônica produção pernambucana sobre a cena techno-brega local que completa 10 anos neste 2023.
Com ingressos à R$ 14 (inteira) e R$ 7 (meia), a bilheteria da sala Derby abre uma hora antes da sessão para a retirada de ingressos.