Com 49 anos de estrada, o Quinteto Violado prepara-se para mais viagens, desta vez com a Banda de Pau e Corda. Na próxima semana dividem palco em Belo Horizonte e Juiz de Fora. Antes, nesTa quinta-feira, na véspera do feriado da Data Magna de Pernambuco, o quinteto se apresenta no Shopping RioMar, em show aberto ao público, com produção de Pedro Souza. A apresentação começa às 19h, no Piso L3, na Praça de Alimentação. O grupo preparou um repertório que abrange todas fases da sua longeva carreira, iniciada em 1971, em Fazenda Nova, onde ganhou o nome surgido do comentário de um garoto, que viu os músicos com violões saindo do palco. Um deles gritou: “Lá vem os violados”. Surgiu ali o batismo de um grupo que ainda era um projeto incerto. Incentivado por intelectuais feito Hermilo Borba Filho, o Quinteto Violado passou a ser comentado no Recife, até que foi visto por Gilberto Gil, e o empresário Roberto Santana, em visita à capital pernambucana. Gilberto Gil não cessava de elogiar os cinco pernambucanos, e sua música que rotulou de “free nordestino”.
o QV começou quebrando uma regra do mercado fonográfico nacional. Lançou o primeiro LP sem passar pelo estágio do compacto (ou single, como se diz hoje). O convencional era testar o artista com um disquinho com duas músicas para se saber se haveria espaço para um álbum. O quinteto estourou com o álbum de estreia, um fenômeno de crítica e vendas. Toinho Alves, Marcelo Melo, Luciano Pimentel, Sando (então com 13 anos), e Fernando Filizola, trilhavam searas diferentes. O violonista Marcelo Melo, por exemplo, acabara de chegar da Europa, onde tocou com Geraldo Vandré (gravou, em 1970, no último álbum de Vandré, Das Terras de Benvirá, só lançado em 1973). Enquanto o violeiro Fernando Filizola vinha do iê-iê-iê, como guitarrista dos Silver Jets (que teve Reginaldo Rossi como vocalista).
PERNAMBUCANIDADE
A expressão “pernambucanidade” não era empregada na época, mas o Quinteto Violado a praticava em 1972. Foi pioneiro em difundir nacionalmente ritmos do estado, como a ciranda, o cavalo marinho, música de vaquejada, e os gêneros embutidos no coletivo forró formatado por Luiz Gonzaga e parceiros. Por sinal, seu grande sucesso foi uma versão de Asa Branca (Luiz Gonzaga/Humberto Teixeira), com improvisos de viola e flauta, que recebeu elogios entusiasmados de Luiz Gonzaga. Numa época em o Rei do Baião voltava aos holofotes, o QV fez o circuito universitário com ele (a abertura ficava por conta do ainda pouco conhecido Gonzaguinha). Tocar com Luiz Gonzaga levou a que o grupo estreitasse laços de amizade com o sanfoneiro Dominguinhos, que chegou às paradas naquela mesma época, como compositor, parceiro de Anastácia em Eu Só Quero Um Xodó, maior sucesso de Gilberto Gil até aquela data. Dominguinhos quase transforma o quinteto em sexteto, viajaram pelo Brasil juntos, até o sanfoneiro entrar na banda de Gil, em 1975.
O grupo abre show de quinta-feira com Caldeirão dos Mitos (Bráulio Tavares), vai por Forró de Dominguinhos (que depois da letra de Gil virou Lamento Sertanejo), envereda por Jackson do Pandeiro, Luiz Gonzaga, e arremata com canções das quase cinco décadas do próprio quinteto, formado agora por Marcelo Melo, Ciano Alves, Roberto Medeiros, Dudu Alves, Sandro Lins. Este show terá participações especiais: de João Alves (bateria, Waleson Queirós (guitarra e Viola).
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