Completa 50 anos o álbum da ópera Rock Jesus Christ Superstar, de Andrew Lloyd Webber e Tim Rice. Uma obra que aproximou Jesus de artistas da música e gente jovem. Suscitou uma onda em torno de Jesus em boa parte do planeta. Hippies converteram-se, e foram rotulados de “Jesus Freaks (os “doidões de Jesus”. Aqui no Brasil, com seu aguçado dom de mimetismo, a dupla Roberto e Erasmo Carlos que, até então, não havia composto nada religioso, fizeram Jesus Cristo, não por acaso, também em 1970. Na letra, é feito se Jesus não tivesse vendo os dois, que apelam: “Jesus Cristo, Jesus Cristo/Eu Estou aqui”.
A inspiração inicial para Jesus Christ Superstar veio de uma música de Bob Dylan, With God On Our Side, mas foi apenas a fagulha que desencadeou o incêndio, foram os versos: “Você tem que decidir/se Judas Iscariotes/tinha Deus ao seu lado”. É, pois Judas, e não Jesus o personagem principal da ópera rock, com Maria Madalena com papel de destaque, insinuando-se que pinta um clima entre ela e Jesus.
Com um argumento destes Lloyd Weber e Tim Rice foram rechaçados por todos os diretores de teatro de Londres. Muitos questionavam se eles estavam de brincadeira. Como não conseguiram colocar o musical no palco, resolveram levá-lo ao disco. Por esta época, a ópera rock estava no auge, com Tommy, do The Who. Veio o disco, com a cantora havaiana Yvonne Elliman então com 17 anos, como Maria Madalena, e um Judas negro, Murray Head, que acabara de participar do musical Hair.
Base da banda, os guitarristas Neil Hubbard e Henry McCullough (que depois tocaria com Paul McCartney), o baixista Alan Spenner, e o baterista Bruce Rowland, todos da Grease Band, que tocava com o então badaladíssimo Joe Cocker. A gravadora Decca não fazia muita fé que um álbum sobre Jesus Cristo, embalado por guitarras, e com destaque para Judas, símbolo universal da infâmia e da traição pudesse se sair bem comercialmente. Saiu-se
A música tema Superstar chegou ao topo das paradas em quase todo o planeta. Nos EUA desbancou das paradas Tapestry, de Carole King, um dos discos mais vendidos da história da música pop. Nos Estados Unidos vendeu 3,5 milhões de cópias, chegou ao final do ano no primeiro lugar do paradão pop da Billboard. Andrew Lloyd Webber e Tim Rice (que aproveitaram para sua ópera algumas canções já gravadas, modificando as letras, claro), nunca mais tiveram problemas para encenar um musical. Tornaram-se milionários com Evita, Cats, O Fantasma da Ópera, e outras.
Tiveram com Jesus Christ Superstar que enfrentar protestos, de católicos, pelo protagonismo de Judas, sob acusações de blasfêmias, uma delas não ter na história a ressurreição do Cristo. Judeus fizeram manifestações diante do teatro na Broadway, quando a ópera estreou, porque consideravam que nela judeus eram acusados de matar Jesus, o que poderia provocar atos anti-semitas. ( Ironicamente, o filme Jesus Christ Superstar foi filmado em Israel). A BBC de Londres não tocou o hit Superstar. Paradoxalmente, o disco foi tocado na íntegra na rádio do Vaticano. E Jesus Christ Superstar aprovado pelo Papa Paulo VI, mesmo fazendo ressalvas, ele disse que a obra despertaria um maior interesse pelo Cristo.
Como toda ópera, com exceções, claro, tem uns trechos pra encher linguiça, em compensação grandes canções: What's the Buzz/Strange Thing Mystifying, "Everything's Alright", Hosanna, "I Don't Know How to Love Him, "Superstar. Estas tem vida própria fora do contexto. Lendo-se o libreto, todas se tornam interessantes. Como curiosidade, no disco Jesus é Ian Gillan que acabara de entrar para o Deep Purple.
Lloyd Webber depois de tanto bater perna com Tim Rice tentando convencer produtores a montar a ópera acabou perdendo a melodia de Superstar, o tema da obra. Caminhava por uma rua de Londres quando relembrou da melodia, apressou-se até um restaurante cujo dono conhecia e pediu uma folha de papel. Deram-lhe um guardanapo. Foi nele que salvou a música.
A ópera rock foi lançada em 1970, primeiro em disco, depois na Broadway, e no cinema, A princípio Lloyd Webber e Tim Rice foram recheados por todos os produtores de teatros de Londres. Alguns até questionaram se eles estavam brincando. A ópera poderia ser chamada de Judas Superstar, porque o único apóstolo que símbolo de infâmia e traição, é o protagonista da historia, que ainda tem insinuações de um “clima” entre Maria Madalena e Jesus. Desagradou a cristãos e judeus ao mesmo tempo. Mas só nos EUA vendeu 3,5 milhões de cópias e chegou ao topo da parada pop da Billboard.
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