Coronavírus

John Prine, uma entidade da música americana, perde a batalha para a covid-19

Comparado a Bob Dylan, admirado por Roger Waters ele nunca teve um grande hit

José Teles
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José Teles
Publicado em 08/04/2020 às 15:43 | Atualizado em 08/04/2020 às 15:43
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John Prine, uma lenda americana - FOTO: Divulgação

O coronavírus tem sido tão implacável nos Estados Unidos, entre pessoas pessoas famosas,que se destacaram em suas áreas de atividade, que o New York Times abriu uma sessão intitulada Those We’ve Lost (Aqueles Que Perdemos). E a mais recente perda foi John Prine, uma entidade da música americana, embora desconhecido no Brasil. Em 1970, quando a imprensa pretendeu colocar outro músico na cadeira que pertencia a Bob Dylan escolheu o então bastante jovem John Prine.

Ele se encontrava internado num hospital em Nashville desde 26 de março, faleceu, nessa terça-feira, devido a complicações em consequência da covid-19. John Prine estava com 73 anos, e era considerado um dos mais importantes nomes da música americana, não apenas da música country, seu estilo. Claro, Bob Dylan é único, mas quando John Prine foi descoberto por Kris Kristoferson, causou furor em Nova Iorque, para onde levado e apresentado a alta corte da música folk, gÊnero novamente alta no ano de 1971.

Para Bob Dylan escrevia letras de puro proustianismo, e costumava dizer que Prine era seu compositor favorito. Era o favorito de quase todo mundo, do tipo que se classifica como “músico dos músicos”. Em Nashville era sofisticado para entrar nas paradas country, em Nova Iorque country demais para entrar nas paradas do estilo chamado “americana”, mais ou menos o que é a MPB clássica. Em 50 anos de carreira, ele nunca emplacou um grande hit, embora tenha chegado às paradas gravado por nomes como Bonnie Raitt.

John Prine lutava contra um câncer, o que o tornou presa fácil da covid-19. Além de ter sido incluído no Songwriters Hall of Fame, em 2019, em 2020 ele finalmente ganhou um Grammy pelo conjunto da obra. Os 19 álbuns que formam sua obra são de uma qualidade rara, mas para conhecer sua música, que se ouça o álbum de estreia, John Prine (1971), ou The Missing Years (1992), com participações de Bruce Springsteen e Tom Petty.

Em 2008, numa entrevista a uma revista de música inglesa, perguntou-se a Roger Waters se ele sentia influência do Pink Floyd em bandas novas, como Radiohead. “Waters respondeu que não escutava Radiohead, preferia escutar álbuns que mexiam com suas emoções como os de John Prine: ‘Ele faz uma música extraordinariamente eloqüente, está no mesmo plano de Neil Young e John Lennon”.

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