covid-19

Henry Grimes o músico que morreu duas vezes. Desta vez, pela covid-19

Ele abandonou a carreira em 1970, achava-se que havia morrido, mas foi redescoberto e voltou a tocar em 2002

José Teles
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José Teles
Publicado em 19/04/2020 às 12:55 | Atualizado em 19/04/2020 às 12:55
Divulgação/Nick Ruechel
Henry Grimes, menos um no jazz - FOTO: Divulgação/Nick Ruechel

Até 2002, aceditava-se que o contrabaixista jazz Henry Grimes estava morto. Ele foi um dos mais atuantes acompanhantes do primeiro time do jazz, entre o final dos anos 50 e ao longo da década de 60. Tocou com todos Dizzy Gillespie, Thelonious Monk, Gerry Mulligan, Sonny Rollins, até com Charles Mingus, também contrabaixista. Abraçou o free jazz, com Don Cherry, Cecyl Taylor, Archie Shepp, Pharoah Sanders. Gravou um elogiado disco solo, The Call, em 1965.
Mudou-se de Nova Iorque para Los Angeles. Depois de problemas pessoais, e poucos convites para tocar, nos palcos ou gravando. Ele largou a carreira, sumiu. Achava-se que tivesse morrido até o início deste século, quando foi redescoberto, morando num apartamento minúsculo em L.A, vivendo de biscates, nem instrumento possuía mais.
Quem ajudou a trazer Grimes de volta para a música foi um cara chamado Marshall Marotte, admirador de Grimes, que ganhou um novo contrabaixo de William Parker, baixista que da continuidade ao estilo free jazz. Enfim, admiradores de Henry Grimes o ajudaram a retornar a Nova Iorque e o incentivaram a retomar a carreira. Formou um grupo, com o qual s apresentou no Brasil, em 2014, num festival de jazz, no Sesc Pompéia.
Henry Grimes, citando Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito, recebeu as flores em vida. Tocou com todo mundo da nova geração do jazz, e com contemporâneos seus que continuam na estrada. Na quarta-feira, 15, ele faleceu, em Nova Iorque, de complicações decorrentes da covid-19. Grimes que continuava em plena atividade, faria 85 anos em novembro. A “segunda” morte, infelizmente, foi anunciada pela mulher de Grimes, nessa sexta-feira.
O coronavírus tem feito estragos na velha guarda do jazz, desde março vítimas da endemia já se foram, entre outros, o pianista Mike Longo (83 anos), o trompetista Wallace Ronney (59 anos), e Lee Konitz (92 anos). E o saxofonista camaronês Manu Dibango (86 anos).

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