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Uptown Blues Band faz show presencial nessa sexta-feira em Porto de Galinhas

A banda, que completa 23 anos, faz sua primeira apresentação em público desde o inicio da pandemia

José Teles
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José Teles
Publicado em 24/09/2020 às 12:11 | Atualizado em 24/09/2020 às 15:13
Divulgação
Uptown Blues Band (Giovanni Papaléo é o de chapéu preto no centro). - FOTO: Divulgação

A Uptown Band realiza o primeiro show presencial desde o início da pandemia, nessa sexta-feira, em Porto de Galinha, no Drive-in Cult, a partir das 20h. O espaço, claro, obedecerá às normas de segurança, higiene e distanciamento. A plateia verá o show em camarotes, para no máximo cinco pessoas. Giovanni Papaléo, baterista e fundador da Uptown Band conversou com o JC sobre a volta aos palcos, e da experiência de estar 23 anos à frente de um grupo que toca um estilo de música com muito pouco espaço na cidade. A Uptown Blues Band tem um disco autoral gravado, celebrando os vinte anos do grupo, cuja formação atual é a seguinte: Adriana Papaléo (voz), Giovanni Papaléo (bateria), Lenon Lázaro (guitarra), João Vilela (gaita), Thomaz Lera (guitarra e voz) e Vitor Gabriel (contrabaixo),
Jornal do Commercio – Por que o show da volta em Porto de Galinhas, e não no Recife?
Giovanni Papaléo - Resolvemos fazer em Porto de Galinhas, porque temos parceria muito forte com Eduardo Cortês, a gente idealizou o Jazz Porto desde 2007, ele tinha inicialmente nos convidado para tocar no Drive-In Cult, lá em Porto. Aproveitamos para comemorar o aniversário de 23 anos da banda. “Aqui no Recife, os bares privilegiam as bandas de pop rock, ou de fuleiragem music, então Porto de Galinhas vai ser um porto seguro pra Uptown”.
JC ¬- Além de você, tem ainda integrantes originais na atual formação da banda?
Papaléo - Sou o único membro da formação inicial. Na verdade, esta banda começou a solidificar a formação há 15 anos. O advento mais importante pra gente criar uma identidade, foi quando conheci Adriana. A gente se casou, e ela se tornou vocalista da banda. O que fez com que tivéssemos uma união muito forte, a banda deixou de ter mudança de vocalista, que é a cara da banda. Nos tornamos o núcleo do grupo, e outras pessoas gravitam em torno. Jackson Rocha que é meu sócio no Gravatá Jazz, saiu da Uptown, mas está sempre com gente. Danny Boy saiu, e formou a Ally Cats. Já saiu numa matéria no JC que a gente era uma escola de música. Nosso novo membro, o baixista Vitor Gabriel tem apenas 17 anos.
JC – Conta um pouco desta trajetória demais de vinte anos da banda
Papaléo - Em relação a história da banda, o que poso dizer é que fomos responsáveis para criar uma cena de blues aqui em Pernambuco. Graças a Uptown criamos estes festivais todos, Garanhuns Jazz Festival, Gravatá Jazz Band, Jazz Porto, Oi Blues by Night, a banda se solidificou, fez parceria com todos os grandes nomes de blues do Brasil, talvez a única que tocou com todo bluesman nacional, e muitos do exterior. Ganhamos o Premio Profissionais da Música, em 2018, como melhor banda de blues do Brasil. Um prêmio bem disputado.
JC – E este show, quais a novidades que o grupo preparou nesta volta?
Papaléo - Teremos muitas novidades, a mais importante e tocar pela primeira vez em público, um blues novo autoral chamado Out of Control. A gente vai entrar em estúdio em outubro, pra lançar como single. A letra fala do trauma da pandemia, da experiência deste período. O pessoal da banda está entusiasmado com a música. Outras novidades. A gente está pegando Beat it de Michael Jackson e misturando com Steve Ray Vaughan, ou No Woman no Cry, de Bob Marley, em levada de blues. É um novo show da Uptown, bem leve, de blues, mas antenado com as coisas de hoje em dia.
JC – Como estão os espaços para uma banda com o repertório da Uptown?
Papaléo - Quando o blues deu um pipoco aqui no Recife, em 2002 mais ou menos, os bares tinham espaço pra blues, embora bem menor do que paras as bandas de pop rock. Mas as bandas de pop rock têm um prazo de validade. Os meninos são tudo novinho, mas vão ficando velho, perdem a juventude que é essencial para tocar pop rock por aqui. Blues não tem prazo de validade. Os Rolling Stones tocam blues com perto de 80 anos. O blues não cobra da gente a aparência, o que importa é a música. Os espaços estão ainda mais restritos, talvez por isso a gente tenha levado para Porto de Galinhas. Mesmo assim, no dia nove de outubro, a gente faz o primeiro show presencial no Recife, no The Queen, na Domingos Ferreira, neste período fizemos três lives.
JC – Mas teve uma época em que havia mais lugares pra este tipo de música, principalmente quando o Bairro do Recife estava com movimento.
Papaléo - Com a decadência do Recife Antigo, o Downtown Pub era o único bar que tinha condições de pagar um cachê bom, e oferecer uma boa condição de som. O que os bares hoje oferecem de cachê é muito pequeno, o que atrai banda de adolescentes, que tocam por qualquer coisa. Quem já tem um trabalho mais definido, sólido não que entrar nessas aventuras. Além disso, o público de blues e jazz é difícil, quer casa com conforto, bom serviço, som de qualidade, e isto é difícil de encontrar na cidade. Muitos donos de bares se preocupam muito com a decoração, com a perfumaria, mas não com o som. É por isso que bandas de adolescentes estão proliferando pela cidade. A gente procura nossos espaços. Fazemos show em empresariais, em festivais. Quando tocamos num bar fazemos em parceria, como vai acontecer no The Queen, que é um exemplo raro de bar que oferece as condições que queremos. Os donos de bares deveriam investir para conquistar um público de qualidade, e não só a quantidade.
O espaço Drive In Cult, que fica no sítio da Cia Do Lazer, na estrada de Porto/Serrambi, conta com 40 espaços para carros, cada um custando R$50,00. Os camarotes (que comportam até cinco pessoas) dispõem do serviço de bar e restaurante, num ambiente que atende rigidamente ao protocolo de distanciamento social. Antes do show, num telão, será mostrada lives do festival de jazz de Porto de Galinhas.

 

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