Disco/Covid-19

Melody Gardot canta o amor em meio à Tormenta

Cantora americana, radicada em Paris, gravou o quinto disco no auge da quarentena

José Teles
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José Teles
Publicado em 23/10/2020 às 16:22
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JAZZ POP Melody Gardot fez gravações à distância para o disco - FOTO: DIVULGAÇÃO
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Gravado durante a pandemia, com a Royal Phylarmonic Orchestra a acompanhando em parte do disco, mais músicos convidados, com o produtor Larry Klein (Joni Mitchell, Herbie Hancock, o arranjador Vince Mendonza (Björk, Elvis Costello), o engenheiro de som Al Schmitt (Frank Sinatra, João Gilberto, Bob Dylan, Paul McCartney), a americana Melody Gardot chega às plataformas (também em vinil), com Sunset in the Blues, seu quinto álbum (o primeiro em cinco anos), continuando a trilhar o caminho do sofisticado acessível.
Ela desenvolveu o estilo a partir de uma terapia musical a que se submeteu no inicio dos anos 2000. Aos 19 anos, Melody guiava uma bicicleta quando um carro SVU bateu nela. A queda lhe deixou com sequelas graves, sofreu fratura no crânio, na coluna vertebral e nos quadris. Passou um ano num hospital. Uma das terapias porque passou, foi a musical, que a levou a canções lentas, acústicas (foi assim que se interessou pela bossa nova). Quando se tornou cantora profissional foi este tipo de música que escolheu para cantar.
Influenciada por nomes como Judy Garland, Diana Krall, Janis Joplin, Juliette Greco, Eartha Kitt, ela é todas numa só. Em seu quinto álbum de jazz pop, Melody Gardot, empreende a conurbação de várias metrópoles numa só, Rio, Londres, Paris (onde mora). A faixa Ces’t Magnifique sintetiza o disco. A canção é cantada com o cantor Antonio Zambujo, em português, inglês, e francês. Ela canta em português, Ninguém, Ninguém e O Beijo. O repertório é mesclado com standards do the great american songbook, com composições autorais. Entre os músicos que tocam com Anthony Wilson (guitarra), Paulinho da Costa (percussão), Till Brönner (trompete), e Vinnie Colaiuta (bateria).
Melody Gardot fez um disco que deve ficar como um marco da pandemia do novo corona vírus. No Dia Internacional do Jazz, 1º de maio, a cantora fez um apelo, no auge do lockdown na França, para que músicos do mundo inteiro se juntassem a ela na canção From Paris With Love (um dos participantes é violinista brasileiro Lucas Lima). O que se arrecadou com a canção foi revertido para a organização Protege Ton Soignant, formada por pessoas que trabalham na linha de frente com pacientes da covid-19. Neste álbum, ela gravou à distância com a Royal Phylarmonic Orchestra, que tocou num estúdio em Abbey Road, os músicos da orquestra foram os únicos a gravar em Abbey Road durante a pandemia (o estúdio parou pela primeira vez em 90 anos).

LEVEZA
A primeira canção lançada como single, antecipando o álbum, foi Little Something, gravada em dueto com Sting, também à distância, ela na França ele na Inglaterra. Nem sequer se conhecem pessoalmente. Ficou como bônus do álbum, de uma cantora com menos recursos de que outras que seguem a mesma linha, entre elas, Norah Jones, Madeleine Peyroux, Stacey Kent, mas tem um dom de escolher bem repertórios, arranjos, e nunca vai além do que sua voz permite. E ela permite, por exemplo, que Melody Gardot recorra à versão de Moon River (Henry Mancini/Johnny Mercer) de Audrey Hepburn (tema do filme Bonequinha de Luxo), inclusive com arranjos de cordas assemelhados.
No meio do mundo pegando fogo, de choro e ranger de dentes, dos ideólogos digladiando-se Sunset in the Blue chega a ser transgressor. Todas as canções têm o amor por tema. Não é o disco que vai mudar sua vida, mas contribuirá para ela se tornar mais leve, sobretudo nestes tempos sombrios atuais.

 

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Melody Gardot, cantando o amor - FOTO:Divulgação

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