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Keith Jarrett se afasta dos palcos, e tem disco novo lançado

Músico sofreu dois derrames que o deixaram incapacitado de tocar piano

José Teles
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José Teles
Publicado em 29/10/2020 às 11:00
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APOSENTADORIA Um dos maiores músicos vivos, Keith Jarrett não pode mais tocar por causa de sequelas de AVCs - FOTO: DIVULGAÇÃO
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Há 45 anos, o álbum duplo (em vinil) The Köln Concert do pianista americano Keith Jarrett, lançado pela pequena e seleta ECM tornou-se o disco de jazz mais vendido na história do gênero, 3,5 milhões de cópias (foi também o disco de piano mais vendido até os tempos atuais). Um fenômeno. São quatro peças autorais, improvisadas, que Jarrett só permitiu a transcrição para partituras em 1992.
Dias atrás, Keith Jarrett, 75 anos, depois de dois anos meio sumido, anunciou sua aposentadoria compulsória dos palcos (e certamente dos estúdios). O músico sofreu dois AVCs, em 2018, que deixaram sequelas no lado esquerdo do corpo, incapacitando-o, pois, de tocar piano. Uma perda imensa para a música, mais um golpe para a cultura em 2020. Keith Jarrett, louvado como o maior músico vivo, pelo jornal The Guardian, quando ele completou 70 anos, em 2015. Como uma celebração à sua música, a ECM lançou nesta semana Budapest Concert, uma apresentação de Jarrett, na capital húngara, em sua última turnê européia, o segundo dessa digressão. O primeiro foi lançado 15 dias antes, o Munich Concert.
O concerto foi realizado no Béla Bartók National Concert Hall, em Budapeste, um lançamento emblemático, já que a família de Keith Jarrett é originária da Hungria, e Bartók um dos seus compositores preferidos. Quando completou 75 anos, em maio de 2020, a ECM lançou dois discos com música saída dos arquivos do pianista. Um deles dedicado a Béla Bartók e Samuel Barber. Talvez o músico que melhor conciliou o erudito com o jazz e a música popular, Keith Jarrett, nesta apresentação em Budapeste, vai de complexas peças de concerto a, com títulos em números, indo da balada, ao blues. No bis, muda o clima, com sucessos radiofônicos, Answer me My Love, uma canção alemã, de Fred Rauch e Gehard Winkler, que recebeu letra em inglês, em 1952. Foi um hit com Frankie Laine, depois com Nat King Cole, e daí por diante gravada por vários intérpretes, entre os quais Brian Ferry e Joni Mitchell. Depois It’s a Lonesome Old Town (Charles Kisco/Harry Tobias), é de 1930, lançada por Ben Bernie e orquestra.
Com uma discografia que já ultrapassa uma centena de títulos, no auge do sucesso, nos anos 70, lançava vários álbuns num só ano, não apenas de piano solo. Tem, por exemplo, pelo menos quatro álbuns com o trio de jazz. O ultimo destes discos foi lançado em 2018, com Gary Peacock e Jack DeJohnette, intitulado de After the Fall (Depois da Queda), talvez uma pista para os derrames de que foi vítima. Um dos seus discos mais acessíveis, com um repertório formado por standards da música americana. Keith Jarrett, mesmo fora dos palcos e estúdios, deve continuar acrescentando itens à sua discografia, com gravações de concertos sacados dos seus fornidos arquivos. É um consolo para a desoladora notícia de seu afastamento.

 

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