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EM SÃO PAULO

Cantora Vanusa morre aos 73 anos

Uma insuficiência respiratória teria sido a causa da morte, de acordo com as informações iniciais

JC
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Publicado em 08/11/2020 às 8:32 | Atualizado em 08/11/2020 às 16:23
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A cantora paulista Vanusa tem 73 anos - FOTO: INSTAGRAM/REPRODUÇÃO

Matéria atualizada às 16h22 do dia 08/11/2020

A cantora Vanusa, famosa por sucessos como 'Sonhos de um palhaço' e 'Paralelas', morreu na manhã deste domingo (8) em Santos, no litoral de São Paulo. Uma insuficiência respiratória teria sido a causa da morte, de acordo com informações iniciais. A artista estava em uma casa de repouso, onde morava há mais de dois anos, de acordo com a assessoria de imprensa. O corpo da cantora será velado pela família e amigos próximos nesta segunda-feira no Funeral Arce Morumbi, das 8h às 14h. O sepultamento será às 16h no Cemitério de Congonhas, ambos em São Paulo.

"O enfermeiro percebeu por volta das 5h30 da manhã que ela estava sem batimentos cardíacos. Imediatamente chamaram a UPA que constatou insuficiência respiratória como a causa mortis", diz a nota. Ainda de acordo com assessoria, Vanusa teve um dia muito feliz neste sábado (7) com a visita da Amanda, a filha mais velha. "Cantou, brincou, riu, se alimentou bem", continua o texto. Rafael Vannucci, um dos filhos da cantora, está em São Paulo. A família está organizando a ida do corpo de Vanusa para a capital onde será velado. O enterro será nesta segunda (9).

Nas redes sociais, a filha de Vanusa, Aretha Marcos, fez um post com a foto da mãe e do pai (o cantor Antônio Marcos) e escreveu: "O amor é impossível. Hoje aniversário do meu pai, Antônio Marcos, ele veio buscar minha mãe para viverem juntos na eternidade".

Em setembro deste ano, a cantora foi internada em um hospital na região de Santos, no litoral paulista, por causa de problemas respiratórios. O filho dela, Rafael Vanucci, confirmou o estado de saúde da mãe e fez uma publicação nas redes sociais. "Minha mãe, Vanusa, foi hospitalizada com problemas respiratórios e retenção de líquidos por conta de não conseguir ir ao banheiro.

Pouco mais de um mês depois após a internação, ela recebeu alta hospitalar. "Estamos começando um novo tempo em nossas vidas, quero agradecer a Deus por tantos amigos, aos fãs, que fizeram correntes de orações, promessas e preces, aos artistas, sempre presentes em amor e atenção, e à imprensa, muito disponível e atenciosa com minha mãe, sempre. Espero que o nosso próximo encontro seja só com excelente notícias", afirmou seu filho, Rafael Vanucci, em comunicado divulgado por sua assessoria.

TRAJETÓRIA


Mineira de Cruzeiro, nascida em 1947, Vanusa Santos Flores foi descoberta cantando em Belo Horizonte. Foi para o Rio e teve ascensão meteórica. Participou do programa Adoráveis Trapalhões (o embrião de Os Trapalhões), dividiu um programa de TV com Wanderley Cardoso, que ficou pouco tempo no ar. Os dois formaram um “casal” da forma como os fãs gostavam.

Em 1968, oito mil jovens aguardavam os dois no Aeroporto dos Guararapes, quando vieram cantar no programa Bossa 2 de José Maria Marques, na TV Jornal do Commercio, com direito à benção de Dom Hélder Câmara.

Com carreira bem dirigida por Eduardo Araújo, ela subiu rápido para o primeiro time da jovem guarda. Foi a loura sexy do iê-iê-iê, que vestia ousados vestidos de grife, e procurava falar de temas sérios. Estava com 20 anos quando estourou nas paradas com 'Pra Nunca Mais Chorar' que passou mais de seis meses entre as mais tocadas do rádio brasileiro.


Vanusa, que só estreou em LP em 1968, cantava um repertório não fazia a linha namorinho de portão do iê-iê-iê. Uma das faixas do disco chama-se Negro (dela e David Miranda), um soul, das primeiras canções na MPB com temática racial, os versos iniciais: “Negro não lamente nunca mais/negro na terra todos são iguais”.

Ela foi responsável pelos milhares de Vanusa existentes no país (durante o anos 70, também um dos nomes preferidos para os transformistas que cantavam nas casas noturnas). E até um jogador de futebol, Toninho Vanusa, que ficou conhecido no Palmeiras, e jogou também pelo Náutico.

Carismática, de boa voz, e com atitude, Vanusa sobreviveu ao fim da jovem guarda, sem o estigma, como boa parte deles, da categorização de cafona, depois chamado de brega. Ela e Wanderléa foram as duas únicas cantoras do movimento que deram a volta por cima, atualizando o repertório condizente com o novo panorama da música brasileira, e se impondo num universo que esnobava o iê-iê-iê.

No segundo álbum em 1969, já se distanciara da jovem guarda, gravou nomes como Luiz Wagner, uma adaptação de Hey Joe (domínio público, hit de Jimi Hendrix). Seu grande sucesso nesta segunda fase foi Manhãs de Setembro, de 1973 (parceria sua com Mario Campanha).

MÚSICA


Sua discografia dos anos 70 é de ótima qualidade (foi relançada em duas caixinhas pelo selo carioca Discobertas). No álbum de 1977, Vanusa 30 anos, por exemplo, ela lançou Avohai, de Zé Ramalho, que sairia do anonimato apadrinhado pela cantora (ele toca viola nesta gravação). Lançou também Paralelas, de Belchior, e m1975. A carreira de Vanusa teve um curso regular até 1994, quando lançou Hino ao Amor um disco de regravações. Só voltaria a lançar outro álbum em 2015, Vanusa Santos Flores, pela Saravá Discos, de Zeca Baleiro.

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