Com pai e tios violonistas de talentos reconhecidos, dificilmente Vinícius Sarmento deixaria de aprender o instrumento. Começou cedo, aos dez anos. Está com 28 anos, portanto, toca há 18. Nesta sexta-feira lança o primeiro álbum solo, que tem seu nome por título, produzido por ele, e gravado no Estúdio Muzak. São dez faixas, em três delas com o contrabaixo acústico de Bráulio Araújo. Mais duas participações especiais, o acordeonista Júlio César e o violonista Bozó 7 Cordas, seu tio. Ele continua assim a linhagem familiar de músicos de instrumento de cordas que começou seu pai Nunca, e os tios Eriberto e o citado Bozó
“Não é um disco autoral. Só uma composição é minha. Eu diria que é um disco de violão brasileiro, muito naquela linha tradicional do choro, porque é daí que eu venho”, explica Vinícius Sarmento, revelação do violão pernambucano, e que já tem um currículo extenso, incluindo não apenas gravações e apresentações com outros violonistas, chorões em geral, mas um trabalho em dupla com o pianista Vitor Araújo: “a gente tinha um projeto de canções, muito tempo atrás, ele acabou indo pra SP e o projeto esfriou um pouco. Mas fizemos muita coisa juntos. Teve o trio com Lucas dos Prazeres, por exemplo, fizemos FIG e circuito natalino, teve o Pelas Tabelas com ele também, programa do Canal Brasil que abriu as portas pra eu gravar o 7 vidas em 7 cordas, um episódio de uma série também no Canal Brasil, detalha Sarmento.
A tradição musical, na família, salienta, Vinícius, não vem de muito tempo: Até onde a gente sabe, antes de tio Eriberto (que faleceu recentemente), ninguém tinha se aventurado na musica. Tio Eriberto trouxe o violão pra família. Depois meu pai. Parece que a bisavó do meu pai tocava piano, mas não é tão relevante. meu pai foi minha primeira referência, com ele eu peguei gosto pela harmonia, ele é um exímio acompanhador e harmonizador, foi quem me ensinou toda a base. Já Bozó foi o primeiro 7 cordas que eu vi tocar ao vivo lá em casa. Ele e Raphael Rabello foram quem me fizeram querer tocar 7 cordas”.
Vinícius Sarmento não só dá continuidade ao violão na família, mas também em Pernambuco, berço de alguns dos maiores desde instrumento, começando pelo seminal João Pernambuco (1883/1947), Quincas Laranjeiras (1873/1935), os irmãos Miranda, Luperce, Romualdo e Nelson, Zé do Carmo, Lalão, Henrique Annes, para citar uns poucos. Uma lista longa e grandes talentos, que é lembrada por Vinicius neste álbum de estreia: “Dei uma atenção especial aos compositores daqui, Canhoto da Paraíba, Henrique Annes, Lalão, Nuca, todos estão no disco, que tem também o erudito brasileiro, representado por Radamés Gnatalli, e a canção brasileira, eu toco O Ciúme, de Caetano Veloso. Eu tentei fazer um disco que conseguisse reproduzir o que eu sou hoje como músico, então o repertório é resultado desses anos todos de estudo, pesquisa etc. Grande parte das músicas eu já tocava”, comenta, sobre o disco, que abre com Choro Para Yamandu (Lalão), segue com Com Mais de Mil (Canhoto da Paraíba), e é encerrado com Tocata em ritmo de samba II (Radamés Gnatalli).
Vinícius sabe que pegou uma via contrária a que predomina na música brasileira nos últimos anos. Viver de violão, tocando uma música popular que tão refinada que deve soar como erudita para a maioria dos brasileiros é difícil, mas não impossível:
“Sei que é complicado. tem muita gente indo pras universidades procurando uma segurança maior. Mas isso não me preocupa, a peneira sempre foi fina, né? Hoje você tem muito mais gente tocando bem, mas a estrutura não cresceu tanto. Quanto ao disco, espero o que todo mundo espera quando lança o seu. Quero que chegue à maior quantidade possível de pessoas, que elas gostem. Acho que agora que eu lancei o primeiro, vou começar a lançar com mais frequência. Já tenho mais duas ideias para discos”.
O disco de Vinícius Sarmento será lançado, por enquanto apenas no formato digital, ao meio-dia desta sexta-feira, no Instagram e Facebook do músico, e no site Acervo Digital do Violão Brasileiro: www.violaobrasileiro.com.br.
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