CULTURA POPULAR

Mestre Edmilson do Coco lança seu primeiro disco, aos 71 anos e em família

Coquista do Amaro Branco, em Olinda, começou a carreira musical aos 45 anos

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Romero Rafael

Publicado em 11/05/2022 às 15:35
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Aos 71 anos, Edmilson Bispo dos Santos, mais conhecido como Mestre Edmilson do Coco, compositor e cantador pernambucano de coco de roda, lançou seu primeiro álbum — "Eu Sou Verdadeiro" —, com seis faixas autorais. As músicas do coquista, natural de Olinda e morador da comunidade Amaro Branco, estão para audição nas plataformas digitais.

Mestre Edmilson do Coco é um dos representantes mais antigos da expressão cultural de Olinda, sendo símbolo de resistência que até hoje atua na manutenção da tradição do coco de roda no bairro do Amaro Branco. Ele também é membro da União Olindense de Coco de Roda de Pernambuco, integrando o grupo de mestras e mestres que compõem a entidade. Atualmente, participa dos encontros de sambadas mensais da Sambada do Coco do Pneu e dos eventos do Estado de Pernambuco nos ciclos carnavalescos, juninos e natalinos.

"Não leio e nem escrevo minhas composições. A queda de um coqueiro me fez esquecer as letras. Componho por meio da oralidade e pelas entoadas nas sambadas de coco do bairro e da região, ritmo que conta com mais de 100 anos de tradição no Amaro Branco. Venho cantando coco há 30 anos. Gosto da brincadeira, gosto de coração. Comecei a cantar coco, gostei da brincadeira e sigo até hoje", conta o mestre Mestre Edmilson do Coco.

"Tenho vários cocos, muitos estão escritos lá no Pneu (no Amaro Branco). E não esqueço de nenhum. A turma fica em pé porque eu não sei escrever, mas eu faço coco, vou dormir e no outro dia canto. Passa um ano e canto do mesmo jeito", acrescenta.

"O registro dessas canções do álbum contribui com a salvaguarda do fazer criativo, artístico e cultural do coco de praia de Olinda por via da difusão das expressões culturais. Quando faço coco, às vezes estou dormindo. Quando acordo, ele está pronto, então eu canto e já boto na nota", comenta.

A gravação do álbum ocorreu graças à Lei Aldir Blanc, com a realização da produtora Aluar - Laboratório Cultural, representada pelas produtoras Luanda Maciel e Laís Cabral. Contou com as participações de Caillany Barbosa (sua neta), Edilene Santos (sua filha), Marcela Souza e Ceci Medeiros nos backing vocals, além de Raiani Anunciação, no ganzá, Isaac Souza e Márcio Melo (seu neto), ambos nas percussões. Ceci Medeiros assina a direção musical.

Carreira

Irmão do consagrado Mestre Ferrugem, Mestre Edmilson do Coco iniciou a trajetória musical aos 45 anos e passou por grupos como Coco do Amaro Branco e Coco do Pneu, revelando-se, a partir daí, como compositor e cantor. Antes, sempre tocou bombo para o seu irmão, com quem recebeu conhecimentos da arte do saber/fazer do coco por meio da herança do avô João Francisco da Luz.

Cantou no Carnaval de Olinda por cinco anos seguidos, de 2016 a 2020, e no São João do Recife, em 2018. Também se apresentou no Sesc de Brasília (DF) e no São João de Petrolina com o Coco do Amaro Branco. Participou das gravações dos álbuns "Coco do Amaro Branco Vol.2" (2010) e "II Mitos e Ritos da Cultura Popular Brasileira - Mestres Convidados Aurinha do Coco e Edmilson", (2014), no Rio de Janeiro.

Realizou apresentações no Festival de Coco de Roda de Olinda (2014); na Noite do Coco da Praia (2015 e 2017); na 19ª Fenearte (2018), no Coco de Aroeira (2019) e na Sambada no Oriente (2019). Ainda atuou nas gravações do filme "O Coco, A Roda, O Pneu e o Farol", da diretora Mariana Brennand Fortes, que conta a história do samba de coco no bairro de Amaro Branco.

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