Lenine e SpokFrevo Orquestra repetem no Recife show caloroso feito em Garanhuns
Na apresentação, canções de Lenine são transportadas para o frevo por maestro Spok e orquestra
Um encontro tão especial quanto natural vai acontecer, sexta-feira (4), no palco do Teatro Guararapes, com Lenine e a SpokFrevo Orquestra. Eles vão repetir — com mais tempo e repertório — apresentação que fizeram em julho no Festival de Inverno de Garanhuns.
O show não tem nome nem sairá em turnê (seria uma grande jam session, se não tivessem ensaiado nem roteirizado). O que o público precisa saber é que essa segunda apresentação só vai rolar porque foi combinada no calor da primeira, que esquentou o frio em Garanhuns: "A gente precisava celebrar no Recife", diz Lenine. Quem for hoje verá.
"Esse encontro aconteceu de maneira muito natural — e, naturalmente, eu queria que acontecesse", conta ele. Perguntado sobre o resultado no palco, responde "que deve ter sido muito bom" — "Nos divertimos muito. Tem uma conotação de intimidade, que nós já temos, nesse encontro. A gente se gosta, se admira", completa.
"Como intérprete, eu já participei de vários shows da SpokFrevo Orquestra dentro do repertório sazonal de frevos, assim como Spok já fez turnê comigo pelo mundo. Então, temos muita afinidade, similaridade, no conceito do que é música e de como fazê-la. A gente tem o mesmo berço musical."
À intimidade e à afinidade dos músicos, adicionou-se uma singularidade nesse encontro musical: embora haja frevos como "Voltei, Recife" e "É de Fazer Chorar", o show é conduzido por músicas de Lenine transportadas para o ambiente sonoro da SpokFrevo Orquestra:
"O repertório é feito com minhas composições. A gente escolheu canções com mais empatia e que podiam se adaptar mais bem a esse universo do frevo orquestral."
Hinos
Lenine sublinha, entre elas, "Leão do Norte", que, na boca dos pernambucanos, tem função de hino alternativo do Estado. A música contém potencial de ser cantada, sexta-feira, com ainda mais vigor, na cauda do resultado da eleição presidencial de domingo, 30, quando Pernambuco contribuiu para a volta de Lula com 66,93% dos seus votos, formando um bloco de resistência, força e expressão junto com os demais estados da região Nordeste.
"Cantar uma música como 'Leão do Norte' tem outa dimensão", comenta, "num momento como agora, em que o Nordeste deu essa resposta maravilhosa para o Brasil todo e fez a gente retomar um caminho de incentivo e afeto, um retorno a um futuro melhor para todos nós. Foi o Nordeste que deu essa resposta", enfatiza Lenine, que se posicionou durante a campanha a favor de Luiz Inácio Lula da Silva.
De modo geral, quanto ao repertório, o cantor, compositor e músico pernambucano analisa que o frevo levou suas canções para outro lugar — "as palavras ganharam outras profundidades".
"Paciência" é mais uma das que estão no repertório convertidas em frevo. A canção, recentemente, diz ele, "se transformou quase num hino para as pessoas". "Algumas das palavras dela têm hoje outro peso. Eu tive a percepção de que 'Paciência' ganhou outra dimensão já na pandemia, com as pessoas isoladas. Essa canção foi fundo nas pessoas, falava de uma questão muito humana e pessoal. Pra sorte de quem compõe, que nem eu, as canções terminam renascendo."
Renascem nos sentidos e também pela sonoridade. "Eu diria que o frevo tem uma assinatura muito poderosa dentro do universo da cultura brasileira. É sazonal, mas tem essa coisa semifusa, de muitas notas ao mesmo tempo e todas definitivas. Tem um relevo que é muito sedutor e, por ser difícil de tocar, faz com que todos tenham que ser muito bons instrumentistas. Por baixo, todo mundo tem que tocar muito. Viva o frevo!"
Projetos
Lenine está em turnê de carreira com o show "Rizoma", ao lado do filho Bruno Giorgi, instrumentista, produtor musical e engenheiro de som. "Descobrimos uma linguagem muito bacana. A gente trouxe um ambiente sonoro de cada disco que eu fiz; pinçou elementos sonoros que as pessoas identificam, e isso é o que dá um sabor especial a esse espetáculo."
Ao mesmo tempo, o artista está mergulhando de volta no projeto de um novo disco, que ficou paralisado durante a pandemia. "Agora me senti fortalecido e instigado a fazer um novo trabalho, e a gente está debruçado nisso", conta ele.
No entanto, diz que não há data traçada — "Eu tô bem relaxado. O bacana é sentir o estímulo e o desejo de fazer. Não sei qual vai ficar pronto, mas tá adiantado o bichinho."
Show de Lenine com SpokFrevo Orquestra
Sexta-feira (4), às 21h, no Teatro Guararapes. Ingressos custam R$ 220 (inteira) e R$ 110 (meia), para plateia especial; R$ 180 (inteira) e R$ 90 (meia), plateia especial; R$ 140 (inteira) e R$ 70 (meia), balcão