Com 50 anos de estrada, a Banda de Pau e Corda continua exaltando sua contemporaneidade em lançamento com parceria do conterrâneo Lenine. "Moer Cana" saiu na última sexta-feira (11), com composição de Chico César. A ciranda é a primeira do álbum "Entre a Flor e a Cruz", que chegará ao público em setembro pela Biscoito Fino - a produção será de José Milton e Alexandre Barros.
O recifense Lenine empresta a voz e faz dueto com Sérgio Andrade na canção, resultado de uma admiração mútua regada há décadas. "Foi um prazer participar do novo projeto da Banda de Pau e Corda, que conheço desde os primórdios, quando comecei a fazer música. O bacana é que foi uma música de um querido e grande compositor: Chico César. Eu espero que vocês se divirtam como nós nos divertimos fazendo essa canção", disse Lenine.
"Eu acho que Lenine é a representação mais bem acabada do que de melhor tem a música nordestina. Aquele diálogo constante entre as diferentes matrizes que formam nossa forma de experimentar o mundo, tudo isso traduzido numa voz doce, num canto suave", retribui Andrade.
A letra forte de "Moer Cana" é permeada por agruras do passado e do presente muito marcantes na Paraíba, onde nasceu Chico César, e também em Pernambuco, berço da Banda de Pau e Corda - ambos citados nos versos.
Com referência ao cruel ciclo da cana-de-açúcar no Nordeste, a ciranda carrega a melancolia de uma história marcada pelo sofrimento dos povos explorados. É também uma metáfora potente sobre a passagem do tempo. Esses sentimentos são traduzidos na ilustração de Ayodê França que estampa a capa do single com design de Pedro Alb Xavier.
A versão original de "Moer cana" é de 2005, como faixa de "De Uns Tempos Pra Cá", de Chico César. "É um dos maiores compositores que o país tem e uma inspiração também pra gente. É um artista de que a gente gosta demais", explica Sérgio. O paraibano fez participação especial no disco anterior da Banda de Pau e Corda, "Missão do Cantador", na música “Fogo de Braseiro”.
A releitura faz parte do desafio de revisitar referências, inspirações e canções dos 50 anos de carreira da Banda de Pau e Corda, mote do projeto vindouro. No novo arranjo, assinado por Zé Freire, a orquestra sai de cena e abre espaço para a linguagem musical essencial da banda, com violão de Zé Freire, viola de Júlio Rangel, contrabaixo de Sérgio Eduardo, flauta transversal de Yko Brasil e percussão de Alexandre Baros.