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"Aperitivo do que o povo preto tem de direito negado", diz atriz Cláudia Di Moura, de "Cara e Coragem"

Personagem é mãe de Clarice (Taís Araujo) e Leonardo (Ícaro Silva)

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Publicado em 07/08/2022 às 0:05
JOÃO COTTA/TV GLOBO
CARREIRA Claudia Di Moura faz seu segundo trabalho na televisão; a estreia foi na novela Segundo Sol - FOTO: JOÃO COTTA/TV GLOBO
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Por Raquel Rodrigues, da Agência Estado

Claudia Di Moura está livre, leve e solta interpretando a empresária Martha em Cara e Coragem. Na novela das 19h da Globo, a personagem é mãe de Clarice (Taís Araujo) e Leonardo (Ícaro Silva). Após a morte misteriosa da primogênita, ela voltou a assumir o controle da presidência da Siderúrgica Gusmão. Porém, quer dar um voto de confiança e passar o bastão para o filho caçula, que está sempre armando pelas suas costas, com o apoio dos vilões Regina (Mel Lisboa) e Danilo (Ricardo Pereira).

"Martha não está a serviço de ninguém. É uma mulher amorosa e corajosa. Pode tomar seu vinho e namorar, sem ter o compromisso de ser apenas mãe. Foi embora, deixou a empresa e o filho mais novo com a Clarice, para viver a vida. Voltou por conta da perda da filha de maneira inesperada. Ela quer descobrir o que aconteceu", comenta a artista.

Martha foi apresentada como uma mulher forte e empoderada. No decorrer dos capítulos, reconheceu que suas escolhas contribuíram para o crescimento pessoal e profissional. No entanto, também deixaram uma lacuna na família. Apesar de ter mantido boa relação com Clarice, à distância, o mesmo não se aplicou a Leonardo. Sempre que tem chance, o vilão joga na cara da mãe como se sente preterido por ela.

"A novela possui uma equipe extraordinária, mas é um gosto muito especial ter como filhos o Ícaro (Silva) e a Taís (Araujo), que sempre foram referências para mim. Martha é coberta de amor e coragem. Serena e altiva quando precisa. Está a serviço do país, pois tem uma siderúrgica, pensa na sociedade e faz filantropia", relata.

O suspense em torno do que, de fato, aconteceu na noite em que Clarice morreu ganha, aos poucos, novas pistas. O que se sabe é que o que ocorreu com a empresária tem a ver com a fórmula pesquisada por Jonathan (Guilherme Weber). A descoberta serve tanto para uso na medicina avançada quanto na indústria bélica. Na visão de Claudia, Cara e Coragem marca a dramaturgia brasileira, por trazer uma família negra na trama central e com poder aquisitivo.

"Martha é um aperitivo do que o povo preto tem de direito negado ao longo dos séculos. Tem riqueza material, um empoderamento emocional, oportunidade e desenvolvimento pessoal. Ela leva a vida sem medo e que bom que essa narrativa chegou pelas mãos de uma mulher (a autora Claudia Souto). É uma novela na qual, se você abrir a cortina dos bastidores, a diversidade aparece", afirma.

NOVOS TEMPOS

Com uma consolidada carreira no teatro, Claudia Di Moura estreou nas novelas em Segundo Sol (2018). No folhetim de João Emanuel Carneiro, ela interpretou a empregada doméstica Zefa. Apesar de ter sido uma boa oportunidade de mostrar seu trabalho para um grupo maior de pessoas por meio da televisão, a atriz comemora que, em Cara e Coragem, possa ocupar outro lugar na trama. Além disso, torce para que mais projetos tenham protagonismo negro.

"O núcleo preto é poderoso e está com o comando na mão. Parece até inverossímil, já que o audiovisual cristalizou o nosso lugar sempre na subserviência e de famílias desestruturadas e ameaçadas. Os Gusmão são ricos de nascença, com três gerações possuindo dinheiro. Pessoas que não conheceram a pobreza e a dor. A sensação que tenho é que estamos vivendo um novo tempo", avalia.

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