ENTREVISTA

Pioneira, Margarida chegaria para "descomplicar" com a Casa Civil

Além de atuar no governo de Marco Maciel, Margarida Cantarelli é professora e desembargadora federal aposentada do Tribunal Regional Federal da 5ª Região

Imagem do autor
Cadastrado por

JC

Publicado em 18/05/2024 às 17:13 | Atualizado em 18/05/2024 às 18:52
Notícia

O colunista do JC e apresentador da TV Jornal, João Alberto, recebeu neste sábado (18) em seu programa a professora e desembargadora federal aposentada do Tribunal Regional Federal da 5ª Região, Margarida Cantarelli. Durante a entrevista, a magistrada relembrou quando se tornou a primeira secretária chefe da Casa Civil do Estado de Pernambuco - nomeada em 1979, no governo de Marco Maciel.

"Foi um desafio que eu gostei muito e que fiquei depois no governo de Roberto Magalhães. É uma atividade que não deve aparecer. Deve fazer com que o governador aparece nos bons momentos e nas dificuldades a Casa Civil assume", rememorou a doutora Margarida Cantarelli. "Eu convivia com os políticos e o que posso dizer é que não há ninguém simples, cada um tem o seu modo de ser complicado. E nós temos o papel de descomplicá-los e de facilitar na Casa Civil a vida do governante, do presidente, do governador ou do prefeito, mesmo não tendo esse nome de Casa Civil, mas que eles possam brilhar. Uma Casa Civil nunca pode estar em evidência", complementou.

Sobre a sua relação com o ex-vice-presidente da República, Marco Maciel, a quem lhe fez o convite de entrar na política, Margarida Cantarelli contou sobre a satisfação de trabalhar com ele. "Eu sempre digo que conheci duas pessoas que não comiam e não dormiam: Marco Maciel e Dom Helder Câmara. Então, eu acredito que eles se alimentavam da força espiritual, da missão que se ocupavam, pois foram duas pessoas muito especiais. Então, para eles, comer e dormir poderia ser uma perda de tempo", confidenciou.

"Eu convivi com Marco Maciel por muitos anos e nunca vi ele dar um grito com ninguém, até porque também não resolve. E não é a forma de dizer, mas como se diz que pode resolver as coisas de uma maneira bem melhor. Às vezes um grito só piora", explicou Margarida Cantarelli. "Ele trabalhava demais. Muitas vezes não tinha telefone celular, era um rádio precário do carro que ele fazia o contato conosco. Por vezes, a gente ia chegando em casa 1h da manhã e poderia ser chamado para retornar ao palácio por alguma urgência. Ele não parava", disse a ex-secretária chefe da Casa Civil de Pernambuco.

Ingresso na magistratura

Desde o início de sua vida profissional, a professora Margarida Cantarelli já almejava ingressar na magistratura, algo que, na época, era restrito aos homens. Porém, isso não a impediu de persistir por seu sonho. "Quando eu me formei, eu tinha muita vontade de ingressar na magistratura, mas naquela época não era permito mulher na magistratura. Não era admitida nos concursos. Sempre eram afastadas da seleção... Na Justiça do trabalho não, no Ministério Público não, mas na magistratura estadual sim. Tanto que agora que chegou a segunda desembargadora e mais de 50 desembargadores", contou a desembargadora aposentada no TRF. "Atuei por anos no Ministério Público de Pernambuco, também exercido a advocacia e somente depois que fui para o Tribunal".

De acordo com a professora, o fato de também ter exercido a advocacia, a ajudou na hora de se relacionar nos processos com os demais advogados. "Minha relação era muito boa, até porque eu sabia como era difícil. A advocacia é uma profissão que depende de muita gente... Depende do juiz, do promotor, do funcionário do cartório, depende de outras pessoas e não apenas do mérito. Depois até do cliente, que muitas vezes pode causar dificuldades pela ansiedade de resolver uma coisa e que não pode resolver de qualquer maneira. Então, eu entendia a dificuldade do advogado porque também tinha sido", explicou Margarida Cantarelli.

Confira a entrevista completa da professora Margarida Cantarelli

 

Tags

Autor