Padre de Petrolina é demitido pelo Papa Francisco por ter se candidatado a vereador nas Eleições 2020
Padre se candidatou a vereador em 2020, mas não foi eleito; Igreja Católica proíbe filiação partidária

O padre Juraci da Silva Bernardo, da Diocese de Petrolina, foi demitido das funções religiosas pelo Papa Francisco na última terça-feira (21), por ter participado das Eleições 2020. A igreja Católica proíbe que seus sacerdotes se filiem a partidos políticos ou exerçam cargos públicos durante as atividades religiosas.
De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o padre concorreu ao cargo de vereador pelo MDB, aparecendo nas urnas com o nome "Padre Juraci". Ele recebeu 280 votos e não foi eleito, permanecendo como suplente.
A Diocese de Petrolina informou que um Processo Administrativo Canônico foi instaurado na igreja Católica para apurar o caso, assim que ele se candidatou. Desde então, ele estava afastado das atividades sacerdotais que realizava na Paróquia de Terra do Sul.

Assim que a iniciativa se tornou pública, ele foi advertido para que não avançasse com a candidatura, mas optou por manter sua decisão.
O processo culminou na demissão do estado clerical do padre, publicada ontem pela diocese. A sanção é considerada a mais severa aplicada pelo Vaticano a um clérigo. Com a pena, o religioso fica impedido definitiva e irrevogavelmente de exercer o ministério sacerdotal.
"A partir da data de hoje, 21 de março de 2023, já devidamente notificado, de acordo com o rescrito, o Sr. Juraci da Silva Bernardo não poderá mais exercer, válida e licitamente, o ministério sacerdotal. Exortamos a todos os diocesanos a filial comunhão para com o Santo Padre, o Papa Francisco, e com a Igreja Católica Apostólica Romana", diz nota assinada pelo bispo diocesano Dom Francisco Canindé Palhano, da Diocese de Petrolina.
Natural do município de Jacobina, na Bahia, Juraci da Silva Bernardo tem 42 anos e já atuou nas paróquias de Rajada e São José Operário, no bairro Atrás da Banca, em Petrolina.
Nas eleições 2020, ele declarou ao TSE a posse de quatro terrenos em Petrolina, no valor total de R$ 57 mil.
O que diz o Padre Juraci
Ao Blog de Jamildo, Juraci da Silva contou que achou "estranha" a decisão, mas que seguirá trabalhando em prol da sociedade e que será candidato novamente em 2024.
"Achei estranho isso, mas tem muitas formas de servir a Deus. Estamos rezando, animados e isso não abala a minha fé, nem as pessoas que confiam no meu ministério. Logo logo estaremos anunciando a palavra de Deus, pois existem muitos meios para anunciar", declarou.
Ainda filiado ao MDB, ele afirma que deixará o partido para as Eleições 2024, mas não informou para qual sigla migrará.
"Não sairei mais pelo MDB, mas essa causa não é de partido. O atendimento é às necessidades aos projetos sociais. Minha causa é com o reino de Deus", declarou.
Padre pode se candidatar?
O Código de Direito Canônico, conjunto de regras que regulam a Igreja Católica, orienta, no parágrafo segundo do Art. 187, que os clérigos (padres e diáconos) "não tomem parte ativa em partidos políticos ou na direção de associações sindicais", a não ser que haja autorização da autoridade eclesiástica competente — segundo fontes, o Padre Juraci não pediu afastamento às autoridades para concorrer às Eleições.
O artigo 285, do mesmo código, diz que "os clérigos estão proibidos de assumir cargos públicos que importem a participação no exercício do poder civil.