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PIB do primeiro ano de governo Bolsonaro decepciona

A desaceleração do último ano e a epidemia mundial do novo coronavírus levaram aos consultores revisar suas projeções para o ano de 2020

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Publicado em 03/03/2020 às 17:07 | Atualizado em 04/03/2020 às 5:55
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Economia brasileira registra seu terceiro ano consecutivo de fraco crescimento, o primeiro com Jair Bolsonaro - FOTO: AFP

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Analistas estimam que a economia brasileira registrou o seu terceiro ano consecutivo de fraco crescimento em 2019, o primeiro com Jair Bolsonaro no poder, reduzindo suas expectativas de crescimento para este ano por causa da epidemia do novo coronavírus.

O dado será divulgado nesta quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Segundo estimativas de 40 grupos financeiros consultados pelo Valor Econômico, o PIB do Brasil cresceu 1,1% no último ano, menos que o 1,3% registrado nos dois anos anteriores, quando o país saía de um período de dois anos de recessão.

Caso esse dado seja confirmado, seria um resultado frustrante diante das expectativas do mercado com o novo governo, que adotou um programa a favor de ajustes e privatizações.

Em outubro, a polêmica reforma da Previdência foi aprovada, e o Banco Central manteve a taxa básica no mínimo histórico do país. Isso tudo, no entanto, não foi o suficiente para atrair investidores.

Em novembro, o leilão de exploração do petróleo em águas profundas foi ignorado pelas maiores empresas do setor. "Talvez houve um pouco de euforia após a Previdência, e o leilão do pré-sal não trouxe investimentos, o que acabou desanimando", afirma Victor Beyrute, economista da Guide Investimentos.

"Foi um toque de realidade. O Brasil está passando por um período de transição. Não é em um ano que você consegue resolver o problema", acrescentou.

A sete meses das eleições municipais em outubro, trata-se de uma transição que exige uma muita paciência aos 11,9 milhões de desempregados e os 4,7 milhões de desalentados (termo usado para os que desistiram de procurar emprego por falta de oportunidades).

A euforia foi ancorada pelos resultados do terceiro trimestre, quando a economia brasileira cresceu 0,6% frente ao trimestre anterior, dois décimos acima das expectativas do mercado.

No entanto, as expectativas para o quarto trimestre mostram um crescimento de 0,5%.

A produção industrial já tinha soado o alerta: retrocedeu 0,7% no resultado de dezembro frente a novembro, tendo retração de 1,1% em 2019, após dois anos de crescimento.

CORONAVÍRUS

A desaceleração do último ano e a epidemia mundial do novo coronavírus levaram aos consultores revisar suas projeções para o ano de 2020.

A crise de saúde mundial pode afetar o Brasil por três fatores: uma redução de suas exportações de matérias-prima para a China, seu principal comprador; a redução no lucro vindo dos seus exportadores, ocasionada pela queda no preço das matérias-primas que o país produz; e, por fim, a redução das importações de insumos industriais.

O crescimento do Brasil, que enfrenta uma política de contenção de gastos, "depende basicamente dos impulsos externos e do setor privado, que reage demais" aos temores e à crise, ressalta Pedro Paulo Silveira, economista-chefe da Nova Futura Investimentos.

O governo informou que revisará sua projeção de crescimento para 2,4% neste ano. O mercado reduziu para 2,17%.

Vários grupos bancários internacionais trabalham com a hipótese de que possa estar abaixo dos 2%. A consultoria Capital Economics, que já havia revisado a sua projeção de 2% para 1,5%, voltou a reduzi-la nesta terça, chegando a 1,3%.

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