Um visionário, vibrante, bem humorado, humanista e até o último momento cheio de ideias por concretizar. São características atribuídas por quem teve a sorte de conviver e aprender com o empresário José Eduardo Belarmino Alcoforado, fundador da Elógica, que morreu nesta segunda-feira (9), aos 73 anos, em João Pessoa, na Paraíba.
Entre outros empreendimentos inovadores, Belarmino foi responsável por criar o primeiro microcomputador nordestino, o Corisco, em 1983, e trazer a internet para o Recife na década de 1990. Naquela época, a internet discada soava como sonho de consumo para qualquer recifense.
O velório e sepultamento de Belarmino Alcoforado estão marcados para esta terça-feira (10), no Cemitério Morada da Paz, em Paulista, Região Metropolitana do Recife (RMR). A causa da morte não foi divulgada pela família.
Engenheiro elétrico de formação, o empresário nasceu na cidade paraibana de Sertãozinho e chegou à capital pernambucana no fim dos anos 1960.
O Corisco nasceu de uma parceria com a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e com peças fabricadas no Estado. “A gente era muito bom em software e em fazer emenda. A brincadeira deu no Corisco”, disse Belarmino em 2018 ao projeto Memória do Futuro, idealizado pelo Softex Recife.
Com montagem totalmente local, o Corisco tornou-se um sucesso nacional. A empresa vendeu mais de 5 mil unidades do equipamento para clientes como o Banorte, além de comercializar sistemas de impressoras fiscais, hoje conhecidas como ECF. A rede bancária já era online no ano de 1986 por meio do computador pernambucano. O equipamento também foi destaque em feiras internacionais e na contagem eletrônica não oficial na eleição de Miguel Arraes para governador de Pernambuco, no ano de 1986.
Primeira conexão
Milhares de pernambucanos só começaram a utilizar a rede mundial de computadores porque a empresa Elógica, fundada por Belarmino, conseguiu oferecer conexão pelo preço de R$ 1 a hora, um terço do preço de mercado. O provedor de acesso “Internet Elógica” foi criado em 1995.
A Elógica era uma das únicas a oferecer conexão digital ADSL. No seu auge, no ano 2000, foi provedora de mais de 70% do mercado local de banda larga, em um link de pouco mais de 8 megabytes (MB).
O negócio foi rebatizado de Pitaco e vendido para uma empresa norte-americana por US$ 8 milhões. A compradora, no entanto, não sobreviveu à bolha da internet que estourou no início do século. “Levei um bolo de US$ 3 milhões”, relembrou em 2012, em entrevista ao JC.
Com a saúde exigindo mais cuidados, Belarmino tinha voltou a morar na Paraíba em 2017, mas sem desistir da trajetória empreendedora. Nos últimos anos, ele dedicou-se a um projeto envolvendo Internet das Coisas (IoT, na sigla em inglês) e artesanato.