Semana Santa

Fluxo nos mercados de pescados cai pela metade nos últimos dias da quaresma no Grande Recife

Do Ceasa ao mercado de peixe de Olinda a reclamação dos vendedores é que a Páscoa deve ser de pouco peixe nas mesas

Edilson Vieira Marília Banholzer
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Edilson Vieira
Marília Banholzer
Publicado em 02/04/2020 às 16:40 | Atualizado em 02/04/2020 às 16:43
MARÍLIA BANHOLZER
Semana Santa 2020 registra queda na venda de peixes no Grande Recife, em meio à crise do coronavírus - FOTO: MARÍLIA BANHOLZER

Em plena quaresma, quem diria, a venda de pescados tem caído vertiginosamente. No Centro de Abastecimento e Logística de Pernambuco (Ceasa), no Recife, os comerciantes que vendem peixe no atacado e no varejo já sentem que essa será uma Páscoa diferente. "Em 15 dias, nossas vendas para restaurantes já caíram uns 50% por conta do fechamento do comércio e para o público em geral uns 25% porque o povo deve estar sem dinheiro", contabiliza o vendedor Daniel Aragão.

YACY RIBEIRO/JC IMAGEM
Daniel Aragão espera que nos últimos dias antes da Semana Santa os negócios melhorem - YACY RIBEIRO/JC IMAGEM

Ele diz que a esperança será esta última semana. "Sempre tem uma demanda maior quando vai se aproximando a data, mesmo assim, não acredito que chegue nem perto do que foi no ano passado", diz Aragão. Se esta tivesse sido uma semana normal, ele estaria vendendo cerca de 200 quilos de peixe, revela.

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Já a supervisora de vendas de um atacadista de peixes também na Ceasa, Adriana Santos contempla o salão da loja vazio, as geladeiras ainda abarrotadas de pescados, e comenta: "Nesta época do ano era para eu estar com a casa cheia. Mas olha só".

A supervisora conta que a empresa começou a fazer estoque para a Páscoa desde agosto do ano passado. Segundo Adriana, os pedidos aos fornecedores são feitos antecipadamente, mas ninguém poderia prever a crise causa da pelo novo coronavírus.

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Adriana Santos ainda não contabilizou os prejuízos, mas diz nunca ter visto redução tão grande no movimento - YACY RIBEIRO/JC IMAGEM

Adriana não revela o quanto tem de pescado congelado em seu estoque, mas também tem esperança que a procura se intensifique nos próximos dias. "Com os restaurantes e bares fechados é complicado porque a demanda dos pequenos comércios e o consumo das famílias não são suficientes para compensar a perda", ela diz sem querer fazer cálculos para estimar de quanto será essa perda. "É tudo muito imprevisível, não dá para saber o que vai acontecer", resume.

Outro que não prefere arriscar prognósticos é o gerente de supermercado Paulo Ribeiro. Ele que vende pescados sobretudo para feirantes e pequenos comerciantes, além do público em geral, acha que esta será uma Páscoa de pouca comemoração. “A tradição é muito forte, por isso as vendas tendem a reagir próximo à data. Mas esta é a época dos pequenos comerciantes e restaurantes estarem comprando, e eles não estão”, diz o gerente. Ele diz que, no ano passado, nos 30 dias que antecederam a Páscoa, só de Corvina, o pescado mais procurado, foram vendidas 40 toneladas.

No mercado de peixes de Olinda, o empresário Carlos de Paula, conta que investiu mais de R$ 100 mil em pescado porque previa um movimento 25% maior nas vendas do que no ano passado. Esta será apenas a segunda Páscoa dele no mercado de pescados, mas ele já tem certeza que as vendas da última semana não vão compensar o que foi investido.

"Nessa últimas duas semana o movimento caiu uns 40%, os clientes pingam aqui na loja. Mesmo que o comércio seja reaberto, que a quarentena acabe até a Sexta-feira da Paixão, acho muito difícil recuperar o tempo perdido", lamenta.

Carlos de Paula ainda ressalta que na Páscoa de 2019 havia três funcionários para dar conta do fluxo de clientes. Para este ano ele segue com dois funcionários que, além de ajudá-lo na loja, agora também fazer delivery para consumidores que residam próximo à loja localizada no bairro do Carmo. "Para lhe falar a verdade, eu preferia que fosse todo mundo fazendo pedido de entrega. Mas ainda tem muita gente desrespeitando a quarentena e chega até brincando, pedindo peixe com corona", alerta o comerciante.

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Semana Santa 2020 registra queda na venda de peixes no Grande Recife, em meio à crise do coronavírus - FOTO:YACY RIBEIRO/JC IMAGEM
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Semana Santa 2020 registra queda na venda de peixes no Grande Recife, em meio à crise do coronavírus - FOTO:YACY RIBEIRO/JC IMAGEM
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Semana Santa 2020 registra queda na venda de peixes no Grande Recife, em meio à crise do coronavírus - FOTO:MARÍLIA BANHOLZER

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