Covid-19

Empresas buscam alternativas para enfrentar o coronavírus

Curso Fernanda Pessoa substituiu as aulas presenciais por online e o supermercado Zeppelin antecipou o plano de oferecer delivery e take away. Já na ciência, comunidade comemora revalorização da atividade.

Adriana Guarda
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Adriana Guarda
Publicado em 05/04/2020 às 20:00 | Atualizado em 06/04/2020 às 6:40
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O estúdio, projetado inicialmente para oferecer cursos online para alunos do interior de Pernambuco e de fora do Estado, agora é usado para atender aos estudantes do curso presencial, que estão em quarentena por conta do coronavírus - FOTO: DIVULGAÇÃO

Assim que ouviu o burburinho de que o governador Paulo Câmara ia fechar as escolas do Estado por conta da ameaça do novo coronavírus, a professora e empresária Fernanda Pessoa decidiu suspender as aulas presenciais do seu curso no Recife. Com 5 mil alunos matriculados, o perigo de contágio era evidente. No ano passado, ela tinha inaugurado um estúdio dentro do curso, que funciona numa área de 2 mil m² anexa ao Clube Internacional. O espaço foi planejado para atender a demanda de alunos do interior de Pernambuco e do restante do País. Num a estratégia rápida, Fernanda virou a chave e passou a usar o JC estúdio para atender temporariamente os alunos do curso presencial.

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Como o Inep decidiu manter a data do Enem (apesar da covid-19), tivemos que montar uma operação de guerra para continuar atendendo os alunos. Os funcionários foram trabalhar de casa, transferimos as ligações dos telefones fixos para os celulares de alguns deles e montamos uma estrutura para atender os alunos”. Com 20 anos de história, o Curso Fernanda Pessoa oferece aulas de Português, Gramática, Redação, Interpretação de Texto, História da Arte, Enem e Vestibular. Quem vê a imagem da professora num aulão e solitária no estúdio percebe o significado da adaptação.

“O estúdio profissional acústico tem mesa de som para gravação de Podcast e monitoria interativa, que permite a interação com 97 alunos ao mesmo tempo. Os alunos também podem escrever suas redações manualmente e transmitir digitalmente para o sistema do curso. O corretor corrige a redação e envia uma áudio para o aluno pelo sistema fazendo suas pontuações. O curso já está funcionando neste formato há três semanas e Fernanda considera que está funcionando bem.

“Tivemos que nos adaptar muito rápido e não foi só em adotar o formato tecnológico, mas saber o que fazer com os funcionários, com as mensalidades atrasadas por conta da crise econômica e de satisfazer os alunos que gostavam da experiência presencial. Depois do coronavírus nunca mais seremos os mesmos. O momento é de ressignificar, de entender a importância do trabalho e do outro, de sermos mais humanos, de usar a tecnologia a nosso favor. Durante a pandemia está acontecendo uma rede de solidariedade nas redes sociais, enquanto antes o que se via era a espetacularização de uma vida que não existe”, observa.

A capacidade de se reinventar ela trouxe do seu DNA sertanejo de Arcoverde. Foi mãe muito jovem, aos 15 anos, e precisou trabalhar para sustentar a filha, que os médicos disseram ter paralisia cerebral. Fazia biscoitos e colocava para vender na lata de leite da menina. Cada uma custava R$ 5 e ela precisava vender pelo menos três para comprar uma nova lata de leite para Maria Luiza.

A covid-19 exigiu movimentos de adaptação em todas as áreas. O empresário Agenor Moraes fazia planos de inaugurar, em 60 dias, os serviços de delivery e take away para os clientes do supermercado Zeppelin, em Boa viagem. “Às vezes um choque como esse serve pra entender que a gente fica esperando o momento perfeito e não é assim. Meu plano de dois meses teve que ser discutido e viabilizado em dois dias”, revela dizendo que hoje os pedidos são feitos por WhatsApp (81) 98833.9019, mas a empresa vai colocar no ar o seu e-commerce.

CIÊNCIA

A calamidade mundial de saúde ajuda a retomar a confiança na ciência e revelar mais uma deficiência do Brasil. Além de ter um baixo percentual de investimentos sobre o PIB (1,27%), os investimentos na área vêm caindo. “Eu espero que depois de viver uma experiência como essa, eu espero que a percepção sobre a ciência mude. Muitas vezes não se lembra dela nem de onde vem os benefícios que ela traz. Para se testar uma vacina demora 18 meses, não é algo que dá pra pular etapas. Além disso, o Brasil também depende de tudo: dos insumos, da ciência básica e da tecnologia”, diz o médico e CEO da Genomika Einstein, João Bosco Oliveira. Na semana passada a empresa começou a realizar testes RT-PCR para detectar o coronavírus e aumentar a capacidade de testagem do Estado.

No Lika, da UFPE, um dos serviços que vem sendo oferecidos é a telemedicina para orientar o monitoramento de pacientes que estão em isolamento domiciliar e que possuem a infecção por coronavírus. A ferramenta foi autorizada em março palo Congresso para desafogar o sistema de saúde. “Fechamos parceria com a empresa eLife para realizar atendimento remoto feito por médicos voluntários para o público em geral pelo WhatsApp (+55 11 94578.8834)”, diz o diretor do Lika, José Luiz de Lima Filho.

BERNARDO PORTELLA/FIOCRUZ
A partir de amostras coletadas no início da pandemia no estado, a pesquisa identificou pelo menos duas introduções de linhagens europeias - FOTO:BERNARDO PORTELLA/FIOCRUZ
JULIO MENEZES JR/DIVULGAÇÃO
À frente da Genomika Einstein, o médico João Bosco Oliveira está contribuindo com o Estado para ampliar a capacidade de testagem de pacientes com suspeita de coronavírus - FOTO:JULIO MENEZES JR/DIVULGAÇÃO
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A professora Fernanda Pessoa em um dos aulões do cursos presencial, antes da pandemia - FOTO:DIVULGAÇÃO

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