Os Estados Unidos irão aumentar em 34% a compra de açúcar bruto brasileiro em 2020, o anúncio foi feito pelo Escritório do Representante de Comércio dos Estados Unidos (USTR) e publicado nas redes sociais da embaixada americana no Brasil. As 64 mil toneladas adicionais deverão entrar no mercado norte-americano, com taxa de imposto reduzida, até 30 de setembro deste ano. O aumento na exportação de açúcar brasileiro se dará em cima da cota atual de mais de 152 mil toneladas já previstas para 2020, e que, segundo o USTR, já era a maior compra de açúcar brasileiro pelos Estados unidos desde 2012. Este será o segundo aditivo feito este ano na exportação de açúcar brasileiro para os Estados Unidos. Em fevereiro houve um pedido de ampliação da cota em 13 mil toneladas.
O novo total de mais de 230 mil toneladas de açúcar brasileiro exportado, com um valor estimado de quase US $100 milhões, irá beneficiar cerca de 65 mil produtores do Brasil, principalmente os 25 mil produtores de cana-de-açúcar no Nordeste, segundo a publicação da embaixada americana. “A indústria açucareira brasileira sustenta cerca de 1 milhão de empregos diretos, dos quais 330 mil são do Nordeste”, destacou a publicação do governo americano.
A negociação foi comemorada pelos dois países. Jonh Barret, cônsul geral dos Estados Unidos, no Recife afirmou que as relações econômicas entre o Brasil e Estados Unidos são robustas e mutuamente benéficas. O comércio de bens e serviços dos EUA com o Brasil gerou US$105,9 bilhões em 2019. “A produção de cana-de-açúcar é essencial para a economia do Nordeste e com uma demanda muito forte nos Estados Unidos o anúncio de aumentar significantemente a exportação brasileira é um testemunho (ou sinal?) importante da força e potencial de nosso relacionamento comercial. Fico muito entusiasmado em ver este avanço”, afirmou John Barret. Já o presidente Jair Bolsonaro publicou ontem (13) em uma rede social que o Ministério das Relações Exteriores tem discutido com o embaixador Robert Lightizer, representante do Comércio dos EUA, formas de intensificar o comércio entre os dois países.
PERNAMBUCO
Para Renato Cunha, presidente do sindicato que reúne produtores de açúcar e de álcool em Pernambuco (Sindaçucar-PE) o anúncio do aumento na cota anual de açúcar brasileiro destinado aos Estados Unidos, apesar de previsto, foi muito bem-vindo por conta da quantidade demandada. Segundo Cunha, os Estados Unidos consomem cerca de 1 milhão de toneladas de açúcar por ano e, historicamente, o Brasil está entre os principais países fornecedores do produto ao lado de outros como Republica Dominicana, Austrália e Filipinas. “Sempre que há uma necessidade por conta do aumento no consumo interno ou problemas com países produtores, os Estados Unidos, dentro do planejamento deles, fazem o que chamam de realocação, ou seja, aumentam a cota de importação de alguns países parceiros. Este ano, em fevereiro, o Brasil já havia feito um embarque extra de 13 mil toneladas e agora vem esse pedido de mais 64 mil toneladas, uma quantidade bastante razoável”, diz Cunha. O Norte Nordeste deve produzir 3 milhões de toneladas na safra 2019/2020. Segundo o presidente do Sindaçucar, Pernambuco será responsável por cerca de 30% do açúcar extra exportado para os Estados Unidos. A exportação do açúcar da região se dá pelos portos do Recife e Maceió (AL).
Nos últimos anos o açúcar vinha perdendo representatividade na balança comercial de Pernambuco por conta do aumento da oferta no mercado internacional, mas problemas climáticos ocorridos em dois grandes produtores mundiais, México e Tailândia, fizeram a demanda aumentar em outros países. Em 2019, as exportações de açúcar (bruto e refinado) produzido em Pernambuco e enviado para a Costa do Marfim (60 mil toneladas) superaram as exportações para os Estados Unidos (53,2 mil toneladas).
Para o analista de comércio exterior da Federação das Indústrias de Pernambuco (FIEPE), Rafael Araújo, a capacidade do Brasil em produzir o açúcar extra necessário para os Estados Unidos pesou na escolha do país como foco da alocação das importações americanas. “Mas também houve o peso das relações comerciais entre os dois países. Entre tantos produtores o governo americano certamente escolhe aqueles com melhor relacionamento”, disse o analista. Para Rafael Araújo, a região Sul e Sudeste do Brasil será responsável pela produção da maior parte das cotas extras de açúcar vendida aos Estados Unidos por conta da safra que, por lá, vai de abril a dezembro.
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