Exportação

Estados Unidos aumentam compra de açúcar brasileirio

Cota extra de 64 mil toneladas, além das 152 mil toneladas já previstas para 2020, vai beneficiar produtores, incluindo 25 mil produtores do Nordeste que serão responsáveis por cerca de 30% da produção do açúcar bruto

Edilson Vieira
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Edilson Vieira
Publicado em 14/04/2020 às 9:22
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Aumento na demanda interna e problemas climáticos em outros países produtores fizeram com que os Estados Unidos aumentassem a compra de açucar brasileiro - FOTO: Divulgação

Os Estados Unidos irão aumentar em 34% a compra de açúcar bruto brasileiro em 2020, o anúncio foi feito pelo Escritório do Representante de Comércio dos Estados Unidos (USTR) e publicado nas redes sociais da embaixada americana no Brasil. As 64 mil toneladas adicionais deverão entrar no mercado norte-americano, com taxa de imposto reduzida, até 30 de setembro deste ano. O aumento na exportação de açúcar brasileiro se dará em cima da cota atual de mais de 152 mil toneladas já previstas para 2020, e que, segundo o USTR, já era a maior compra de açúcar brasileiro pelos Estados unidos desde 2012. Este será o segundo aditivo feito este ano na exportação de açúcar brasileiro para os Estados Unidos. Em fevereiro houve um pedido de ampliação da cota em 13 mil toneladas.

O novo total de mais de 230 mil toneladas de açúcar brasileiro exportado, com um valor estimado de quase US $100 milhões, irá beneficiar cerca de 65 mil produtores do Brasil, principalmente os 25 mil produtores de cana-de-açúcar no Nordeste, segundo a publicação da embaixada americana. “A indústria açucareira brasileira sustenta cerca de 1 milhão de empregos diretos, dos quais 330 mil são do Nordeste”, destacou a publicação do governo americano.

A negociação foi comemorada pelos dois países. Jonh Barret, cônsul geral dos Estados Unidos, no Recife afirmou que as relações econômicas entre o Brasil e Estados Unidos são robustas e mutuamente benéficas. O comércio de bens e serviços dos EUA com o Brasil gerou US$105,9 bilhões em 2019. “A produção de cana-de-açúcar é essencial para a economia do Nordeste e com uma demanda muito forte nos Estados Unidos o anúncio de aumentar significantemente a exportação brasileira é um testemunho (ou sinal?) importante da força e potencial de nosso relacionamento comercial. Fico muito entusiasmado em ver este avanço”, afirmou John Barret. Já o presidente Jair Bolsonaro publicou ontem (13) em uma rede social que o Ministério das Relações Exteriores tem discutido com o embaixador Robert Lightizer, representante do Comércio dos EUA, formas de intensificar o comércio entre os dois países.

PERNAMBUCO

Para Renato Cunha, presidente do sindicato que reúne produtores de açúcar e de álcool em Pernambuco (Sindaçucar-PE) o anúncio do aumento na cota anual de açúcar brasileiro destinado aos Estados Unidos, apesar de previsto, foi muito bem-vindo por conta da quantidade demandada. Segundo Cunha, os Estados Unidos consomem cerca de 1 milhão de toneladas de açúcar por ano e, historicamente, o Brasil está entre os principais países fornecedores do produto ao lado de outros como Republica Dominicana, Austrália e Filipinas. “Sempre que há uma necessidade por conta do aumento no consumo interno ou problemas com países produtores, os Estados Unidos, dentro do planejamento deles, fazem o que chamam de realocação, ou seja, aumentam a cota de importação de alguns países parceiros. Este ano, em fevereiro, o Brasil já havia feito um embarque extra de 13 mil toneladas e agora vem esse pedido de mais 64 mil toneladas, uma quantidade bastante razoável”, diz Cunha. O Norte Nordeste deve produzir 3 milhões de toneladas na safra 2019/2020. Segundo o presidente do Sindaçucar, Pernambuco será responsável por cerca de 30% do açúcar extra exportado para os Estados Unidos. A exportação do açúcar da região se dá pelos portos do Recife e Maceió (AL).

Nos últimos anos o açúcar vinha perdendo representatividade na balança comercial de Pernambuco por conta do aumento da oferta no mercado internacional, mas problemas climáticos ocorridos em dois grandes produtores mundiais, México e Tailândia, fizeram a demanda aumentar em outros países. Em 2019, as exportações de açúcar (bruto e refinado) produzido em Pernambuco e enviado para a Costa do Marfim (60 mil toneladas) superaram as exportações para os Estados Unidos (53,2 mil toneladas).

Para o analista de comércio exterior da Federação das Indústrias de Pernambuco (FIEPE), Rafael Araújo, a capacidade do Brasil em produzir o açúcar extra necessário para os Estados Unidos pesou na escolha do país como foco da alocação das importações americanas. “Mas também houve o peso das relações comerciais entre os dois países. Entre tantos produtores o governo americano certamente escolhe aqueles com melhor relacionamento”, disse o analista. Para Rafael Araújo, a região Sul e Sudeste do Brasil será responsável pela produção da maior parte das cotas extras de açúcar vendida aos Estados Unidos por conta da safra que, por lá, vai de abril a dezembro.

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