Procon Recife fiscaliza 21 supermercados em relação às novas regras de limitação de acesso

No primeiro dia de cumprimento das novas regras o Procon Recife orientou os comerciantes sobre a necessidade de limitação de clientes para aumentar o isolamento social

Edilson Vieira
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Edilson Vieira
Publicado em 14/04/2020 às 19:40
FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
Vagas de estacionamento foram reduzidas em cerca de 60% e as lojas só podem atender metade da lotação máxima de clientes - FOTO: FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM

No primeiro dia da entrada em vigor do decreto municipal nº 33614, que criou uma série de restrições ao acesso de clientes ao interior dos supermercados, todas as 21 lojas vistoriadas nesta terça-feira (14) por equipes do Procon Recife e Diretoria Executiva de Controle Urbano (Dircon) foram notificadas e orientadas para o cumprimento das novas normas. As notificações, neste primeiro momento, não terão caráter punitivo mas os estabelecimentos comerciais terão 24 horas para se adequarem as novas regras sob pena de serem autuados e receberem multas que que vão de R$ 600 a R$ 9 milhões, dependendo do porte do estabelecimento e gravidade da infração.

A fiscalização continuará nesta quarta-feira (15) e será ampliada para bancos e casas lotéricas, onde será cobrada a organização das filas com distanciamento mínimo de um metro, tanto do lado de fora como do lado de dentro das agências. De acordo com as novas determinações, anunciadas pelo prefeito Geraldo Julio na última segunda-feira (13), os supermercados e mercadinhos devem limitar a entrada de pessoas a 50% de sua capacidade máxima de atendimentos. Além disso, as vagas de estacionamento deverão ser reduzidas para 1/3 da capacidade do local e só será permitido o ingresso de uma pessoa por veículo, no caso de veículos particulares, e de duas pessoas (motorista mais o passageiro) no caso de táxi e carros de aplicativos. Mesmo para os que chegarem à pé às lojas, só será permitido a entrada de um membro da família.

Ana Paula Jardim, presidente do Procon Recife, explica que o objetivo do decreto municipal é reduzir a possibilidade de aglomerações no interior das lojas. “A prefeitura através de um trabalho de monitoramento identificou que cerca de 120 mil pessoas a mais passaram a circular nas últimas semanas, então é necessário aumentar as restrições para que menos gente saia de casa”, afirmou. Ana Paula Jardim verificou um compromisso por parte dos comerciantes em atender as novas normas mas, para ela, ainda faltam alguns ajustes. “Na maioria das lojas que visitamos não há um controle efetivo de quantos clientes entram no estabelecimento. Outro ponto que precisa ser melhorado é em relação ao estacionamento. Com a redução no número de vagas, acaba se formando uma pequena aglomeração de acompanhantes, gente que não entra na loja mas fica circulando pelo local. Por isso é importante ter um funcionário verificando se os carros que chegam estão com um ocupante apenas”, afirmou a presidente do Procon Recife. Em um dos supermercados visitados pelos fiscais da Dircon e do Procon-Recife, no Bairro da Torre, as quase 1.200 vagas de estacionamento encolheram para cerca de 400 vagas.

Cândida Bonfim, diretora executiva da Dircon, fez os cálculos de como fica a ocupação da loja com as novas regras. “Este prédio tem uma área útil de 8.500 metros quadrados com uma capacidade máxima de atendimento de 1.600 clientes. Pela nova regra, a lotação máxima passa a ser de 800 pessoas”, diz Cândida. O supermercado colocou à disposição dos clientes apenas 600 carrinhos como forma de limitar o acesso. A diretora do supermercado, que pediu para não ser identificada, disse que já fazia um acompanhamento da lotação máxima. “No último sábado, por conta da grande procura por ovos de páscoa, chegamos a fechar a loja cinco vezes para evitar a aglomeração”, afirmou.

POPULAÇÃO

A superintendente da Associação Pernambucana de Supermercados (Apes) Silvana Buarque, afirmou que todo o setor está empenhado em seguir a determinação dos governos estadual e municipal e das autoridades sanitárias mas ela entende que a população também tem que fazer a sua parte. “E necessário contar muito com a compreensão do cliente daqui por diante. Se ele não contribuir, essa campanha não vai atingir os resultados esperados”, diz Silvana Buarque. Ela espera que em dias de maior procura pelas lojas, como nos finais de semana e no final do mês, por conta do recebimento de salários, a população se programe para evitar tumultos. “É preciso fazer um planejamento para adiar ou mesmo antecipar o dia das compras fora dessas datas de maior procura. Outra dica é fazer as compras no bairro onde se mora, assim, prestigia-se o comércio local e evita a concentração de pessoas em uma mesma localidade”, sugeriu Silvana.

A vendedora Nina Rose disse que concorda com as novas regras enquanto aguardava pacientemente na fila do caixa, respeitando o distanciamento entre pessoas. “Tem que ser assim mesmo. Pra segurar mais as pessoas em casa. Eu mesmo vim só comprar umas coisinhas que estava faltando e volto correndo, não saio pra mais nada”, falou. Já o também vendedor Marcelo Passos, amargou uma espera na fila de mais de 20 minutos dentro do carro, “no sol e sem ar-condicionado”, frisou, apenas para ter acesso ao estacionamento de um grande atacarejo no bairro da Iputinga, Zona Norte do Recife.

“Acho um exagero tudo isso. Já não tinha o álcool em gel na entrada pra gente limpar as mãos? Pra quê esse controle todo agora?”, reclamou. Com o número de vagas reduzido em 2/3 da capacidade, o estacionamento logo ficou lotado e para um carro ter acesso era preciso que outro deixasse o local. A entrada era controlada por um vigilante do supermercado.

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