A queda do petróleo atingiu níveis históricos nessa segunda-feira (20): investidores e especuladores pagam para encontrar compradores no momento em que as capacidades de armazenamento atingem seu limite nos Estados Unidos.
Em um mercado saturado, os detentores de contrato de maio - que expiram nessa terça-feira (21) - devem encontrar compradores de óleo o mais rápido possível. Entretanto, como as reservas estão quase no limite nos Estados Unidos, elas devem corroer os preços.
O preço do barril de petróleo WTI, que estava sendo negociado a US$ 60 por unidade no início deste ano, afundou completamente nesta segunda-feira, terminou com -37,63 dólares.
Impacto
Nas últimas semanas, o mercado de petróleo registrou o menor nível de preços em quase 20 anos. Bloqueios e restrições de viagens em todo planeta têm um forte impacto na demanda.
"O mundo está usando cada vez menos o petróleo. Os produtores veem o reflexo nos preços", disse o analista Bjornar Tonhaugen, da Rystad Energy.
A crise aumentou depois que a Arábia Saudita, membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), iniciou uma guerra de preços com a Rússia, que não integra o cartel.
Os dois países encerraram a disputa no início do mês, quando aceitaram, ao lado de outros parceiros, reduzir a produção em quase 10 milhões de barris diários para estimular os mercados afetados pelo vírus.
Ainda assim, os preços continuam em queda. Analistas consideram que os cortes não são suficientes para compensar a forte redução da demanda.
"Os preços do petróleo continuarão sob pressão", destaca o banco ANZ em um comunicado.
"Embora a Opep tenha aceitado uma redução sem precedentes na produção, o mercado está inundado de petróleo", acrescenta a nota.
"Ainda existe o temor de que as instalações de armazenamento nos Estados Unidos estejam ficando sem capacidade", analisa o banco.
Michael McCarthy, especialista da CMC Markets, afirma que a queda do WTI "evidencia um excesso" das reservas de petróleo no terminal de Cushing (Oklahoma, sul dos Estados Unidos).
O índice de referência americano agora está "desvinculado" do Brent, referência do petróleo europeu, e "a diferença entre os dois atingiu o nível mais elevado em uma década", ressaltou.A Administração de Informações sobre Energia dos EUA informou que as reservas de petróleo subiram 19,25 milhões de barris na semana passada.
Sukrit Vijayakar, analista da Trifecta Consultants, destaca que as refinarias americanas não conseguem transformar o petróleo cru de maneira suficientemente rápida, o que explica por que há menos compradores e, ainda assim, as reservas continuam aumentando.
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