Infraestrutura

Mal vistas pela população, Celpe e Compesa têm papel fundamental no combate ao coronavírus

Empresas de abastecimento de água e de energia ampliar os esforços para atender as demandas das novas estruturas de saúde

Edilson Vieira
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Edilson Vieira
Publicado em 26/04/2020 às 10:46 | Atualizado em 26/04/2020 às 16:45
ANDRÉA RÊGO BARROS/DIVULGAÇÃO PCR
Os atendimentos no ambulatório do Hospital da Mulher são realizados das 7h às 19h - FOTO: ANDRÉA RÊGO BARROS/DIVULGAÇÃO PCR

Muitas empresas estão envolvidas na tarefa de dar suporte a rede pública de hospitais que integram o combate a covid-19. É um trabalho pouco percebido pela população mas que exige integração, cooperação, habilidade técnica e muito esforço para gerar resultados em pouco tempo.

A gerente de relacionamento institucional da Celpe, Erica Ferreira, diz que o desafio para a companhia começou com a atenção redobrada a toda a rede de hospitais que integram os chamados “circuitos críticos”. “Fizemos todo o levantamento da rede elétrica que serve aos hospitais e também unidades de saúde, como as UPAS, com o objetivo de prever qualquer irregularidade que pudesse afetar o suprimento de energia”. Nos hospitais de referência para o tratamento da covid-19, como o Hospital Universitário Oswaldo Cruz, no Bairro de Santo Amaro, Zona Norte do Recife, o trabalho foi ainda maior, disse a gerente. “Foi necessário refazer toda a rede aérea interna do hospital. Chegamos a instalar um gerador auxiliar para que não houvesse risco de corte no suprimento de energia durante os trabalhos de manutenção e também colaboramos no reparo da subestação de energia do hospital”, detalhou Érica Ferreira. A Celpe ainda doou para o hospital 27 aparelhos de ar-condicionado, lâmpadas de LED e refrigeradores para depósito de materiais para exames.

A Celpe também atuou na instalação da rede elétrica de todos os seis hospitais de campanha montados pela Prefeitura do Recife. “Normalmente, um projeto de instalação como esse levaria até dois meses para ser finalizado, contando com o tempo normal de encaminhamento da documentação, aprovação de desenhos, enfim. Mas, no combate a pandemia todo tempo é precioso então conseguimos reduzir esse prazo para dois ou três dias. Isso foi possível porque deixamos a burocracia correr paralela ao trabalho de campo e a instalação da rede elétrica foi feita ao mesmo tempo em que aconteciam as obras de montagem das estruturas, o que não é comum”, explica Érica Ferreira.

A ação da Celpe também se deu nas novas unidades hospitalares abertas exclusivamente para tratar os casos de covid-19. O antigo Hospital Nossa Senhora das Graças, também conhecido como Hospital Alfa, em Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, estava sem funcionar desde 2018 e após um processo de requisição administrativa pelo Estado, se tornou em um dos locais para internamento de pacientes acometidos pela covid-19.

Por iniciativa da distribuidora de energia foi doada uma central de climatização para o hospital Alfa, com a instalação de dois chillers (equipamento de grande porte para sistemas de refrigeração de ambientes) e 3.600 lâmpadas de LED. No total, a Celpe doou para várias unidades de saúde pública, 77 aparelhos de ar-condicionado, cerca de cinco mil lâmpadas de LED e 50 refrigeradores para o armazenamento de medicamentos.

Adriano Barros, supervisor de operações da Celpe responsável pelas turmas de manutenção de redes, explica que uma forma de motivar a equipe para ir as ruas todos os dias neste cenário de incertezas da pandemia é destacar o papel que cada um deles tem no enfrentamento da doença. “De certa forma, cada um dos eletricistas e técnicos de manutenção e operação também estão na linha de frente do combate da epidemia. A gente trabalha para que não falte energia, para que as unidades de saúde continuem fazendo seu trabalho de salvar vidas então é como estar ao lado dos médicos e do pessoal de enfermagem nessa luta. O sentimento da equipe é de orgulho porque eles percebem que nosso trabalho também é essencial”, diz Adriano Barros.

COMPESA

A Companhia estadual de água e saneamento também teve que ampliar os esforços para atender as demandas das novas estruturas de saúde. A presidente da Compesa, Manuela Marinho, afirmou que já existe uma política da empresa de garantir o abastecimento para as unidades de saúde e outros serviços essenciais, mesmo em áreas de rodizio. “Os hospitais, as UPAs e outras unidades de saúde a gente sempre mantém abastecido. Agora, como fazemos parte do comitê de crise do governo, através da secretaria de infra-estrutura, estamos sendo acionados para fazer religações ou novas ligações de água de acordo com as necessidades que vão surgindo”, diz Manuela Marinho.

Entre os locais que receberam equipes da Compesa estão a a UPA-E, em Goiana (que está sendo reformada pela FCA/Jeep), o Hospital Geral do Sertão, em Serra Talhada, que ainda será inaugurado, o hospital maternidade, em Ipojuca, o Centro de Referência da Mulher, em Petrolina, o hospital Alfa, no Recife e o hospital de campanha, da cidade do Cabo. “Todos esses locais tem recebido nosso suporte. Para não haver atrasos, algumas vezes começamos atendendo com caminhão Pipa e depois completamos a ligação de água”, afirmou a presidente da Compesa.

A companhia de abastecimento criou um comitê de crise interno para atender com prioridade todas as demandas das unidades de saúde. “Geralmente, quando um hospital de campanha é montado, o papel da Compesa é instalar um ponto de água a partir da rede local, ficando a rede interna à cargo da empresa responsável pela montagem da estrutura do hospital. Mas se percebemos que há necessidade de ajuda para que não haja atrasos nas obras então entramos com toda a nossa infra-estrutura a ajudar a levar a água ao serviço de saúde o mais rápido possível”, afirmou Manuela Marinho.

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