Coronavírus

Procura por seguros de vida cresce até 100%, segundo sindicato das seguradoras

Aumento na demanda começou depois que as seguradoras concordaram em oferecer coberturas para mortes comprovadamente causadas pelo coronavírus

Edilson Vieira
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Edilson Vieira
Publicado em 19/05/2020 às 22:06 | Atualizado em 19/05/2020 às 23:13
Marcos Santos/USP Imagens
Cobertura vale para contratos antigos em vigência e para novos, mas é preciso observar as regras das seguradoras - FOTO: Marcos Santos/USP Imagens

O tabelião substituto Eugênio Maciel já faz seguro de vida há alguns anos. Ele conta que sempre se preocupou com o futuro da família mas, recentemente, uma nova preocupação fez com que ele procurasse a seguradora. “Quando eu ouvi falar que as seguradoras estavam aceitando a cobertura para o coronavírus, liguei para a minha corretora e fiz um novo seguro, já que o meu estava vencido”. Eugênio conseguiu um contrato anual, sem carência, que inclui falecimento decorrente pela covid-19.

Desde que as seguradoras anunciaram a decisão de incluir a cobertura para o coronavírus em seus contratos, no mês passado, a procura por seguros de vida aumentou, segundo Antônio Edmir Ribeiro, diretor do Sindicato das Seguradoras Norte e Nordeste. “Este é um movimento natural diante de uma situação tão crítica e inédita. As pessoas estão em busca de soluções que possam protegê-las, assim como às suas famílias”, disse Antônio Ribeiro. Ele afirma que o aumento da demanda varia de empresa para empresa mas, nos caso das corretoras virtuais já chega a 100%. “Só no Google a pesquisa pelo termo seguro de vida aumentou em 20% nas últimas semanas, e estamos falando de milhares de pesquisas”, afirmou o diretor do Sindseg.

Antônio Ribeiro lembra ainda que há regras diferentes para contratos novos e antigos e também para cada seguradora. “A grande maioria das seguradoras já dá cobertura de forma imediata, outras aplicam uma carência de 60 dias ou 90 dias. Por isso é importante ter um corretor de seguros para indicar qual o melhor produto”, afirmou Antonio. Não existe uma regra geral mas a maioria dos contrato vigentes já incorpora a cobertura por morte comprovadamente causada pela covid-19. Nos contratos novos é que há necessidade de se verificar se há ou não carência.

 

“Muita gente ainda desconhece a inclusão desta cobertura porque, tecnicamente, epidemias faziam parte do que se chama risco excluído, mas houve um movimento espontâneo e rápido por grande parte das seguradoras brasileiras, que retiraram a exclusão dos seus contratos”, afirmou Ribeiro. Ele explica que antes de optar por fazer um seguro de vida é importante analisar alguns pontos. “Se eu quero deixar uma renda para minha família eu tenho que definir esse valor, a idade de quem contrata também é um fator que influencia o preço do seguro, e tem ainda as coberturas complementares. O seguro de vida vai cobrir a morte mas pode-se incluir invalidez por acidente, perda de renda eventual, etc.” Para ilustrar, Antonio Ribeiro aponta que um seguro de vida básico com auxílio funeral incluído, para uma pessoa entre 28 e 38 anos de idade, e indenização para os beneficiários entre R$ 100 mil e R$ 200 mil, vai oscilar entre R$ 50 e R$ 100 mensais.

FUTURO

A consultoria PwC Brasil fez um estudo sobre o futuro das seguradoras após a pandemia. “A covid-19 antecipou o futuro. Os planos que estavam previstos para daqui a cinco anos, foram antecipados para agora. Todo o mercado teve que se adaptar e não foi diferente com as seguradoras", diz Carlos Matta, sócio da PwC Brasil e líder do setor de seguros.

Segundo Matta as seguradoras terão que enxugar custos e focar na produtividade. Um aliado será a transformação digital das empresas. “Este processo já vinha acontecendo desde 2018 mas agora é preciso acelerar essa digitalização. Isso está na agenda dos dirigentes das empresas. É importante desburocratizar o acesso tanto para os corretores de seguros quanto para o segurado, entregando uma resposta rápida e uma boa experiência, isso é o que vai fidelizar o cliente”, afirmou o executivo.
Mas a digitalização não basta, segundo Carlos Matta, existe o desafio de fazer o investimento em tecnologia, mas mantendo o “broker”, o corretor. “Assessorar o cliente na hora de comunicar o sinistro é o trabalho que o corretor sempre irá fazer. Mas também existe a nova função do corretor que é assessorar os seguros mais complexos, como os empresariais. A tecnologia é um aliado do corretor que tem que se engajar neste processo”, diz Carlos Matta.

O mercado também deve ficar atento a novos produtos que o “novo normal” exigirá, como os seguros temporários para veículos, que tendem a ser cada vez menos usados por conta do home office e seguros de saúde mais simplificados. “O mercado de seguros tende a crescer, mas exigirá empresas mais enxutas, mais eficientes e que ofereçam uma melhor experiência aos segurados”, orientou Carlos Matta.

 

 

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