Se os donos de motéis do Grande Recife estão encontrando prejuízo por conta do isolamento social causado pelo coronavírus, o mesmo não pode ser dito dos sex shops. O segmento registrou uma procura crescente nesta quarentena. E tudo graças as vendas online.
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Stephanie Seitz, diretora da INTT, atua no atacado do setor. Ela é fabricante de cosméticos e importadora dos chamados sex toys, brinquedos sexuais. A empresa, com sede em São Paulo, tem cerca de 15 mil clientes em todo o País, e não tem do que reclamar. Sem loja física, as vendas online aumentaram 40% nos últimos dois meses.
“No início da quarentena os pedidos pararam, provavelmente porque o pessoal não sabia o que ia acontecer. Mas depois a nossa venda de brinquedos estourou e nesta última semana cresceu mais ainda. Os comerciantes entenderam que a saída está no e-commerce e também porque o Dias dos Namorados está chegando e é preciso refazer os estoques”. Stephanie afirma que a quarentena pode se tornar uma boa oportunidade de negócios. “Neste isolamento as pessoas estão permitindo se conhecer, por isso tem aumentado muito a venda de vibradores, por exemplo. Quem antes não comprava da gente agora está comprando, é um mercado em ascensão”, afirmou a empresária.
A comerciante Vanessa Pessoa tem um sex shop no bairro da Torre, Zona Norte do Recife e confirma que as vendas online cresceram. No caso dela, cerca de 80%, depois do isolamento social. Apesar de ter começado como e-commerce há 12 anos o foco das vendas era o atendimento presencial mas agora, diz ela, tudo mudou. “Tivemos que focar nas vendas pelo site e na entrega delivery. Muitos clientes também querem comprar pelas redes sociais então é preciso estar atento para responder a esse público”. O perfil do comprador também mudou, segundo Vanessa. Apesar de ter cerca de 300 tipos de produtos na loja, quase 70% das vendas tem sido de acessórios (vibradores e estimuladores). A clientela é, na grande maioria, formada por casais.
A empresária Camilla Vargas tem três lojas de artigos eróticos, duas no Recife e uma em Olinda. Ela tem outra ideia em relação as vendas online. “De fato, depois que as lojas fecharam por conta da pandemia, minhas vendas online cresceram 85% mas, nem de longe compensam o faturamento com as vendas presenciais”, diz a empresária. Camilla optou por um modelo de loja em bairros nobres e galerias, o que representa um custo elevado com aluguel.
“Na compra física, na conversa com o vendedor, o cliente é melhor informado e compra a experiência, e não apenas o produto. Tanto isso é verdade que meu tíquete médio de vendas na loja era de R$ 400, R$ 500 por cliente, enquanto no online fica abaixo dos R$ 200. Na loja, o cliente é capaz de comprar um vibrador de R$ 1.000. Na internet isso não acontece”, diz Camilla.
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