DEFLAÇÃO

Inflação tem queda de 0,38% em maio e registra menor resultado para o mês desde 1980

Essa também é a menor variação mensal desde agosto de 1998, quando o índice recuou -0,51%

Da Redação com agências
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Publicado em 10/06/2020 às 9:28 | Atualizado em 10/06/2020 às 21:02
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No acumulado do ano, que considera o período de janeiro a maio, o IPCA acumula queda de 0,16% - FOTO: Foto: ABr

Com forte recuo nos combustíveis e menor pressão dos preços dos alimentos, o Brasil teve deflação de 0,38% em maio, segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado nesta quarta-feira (10). O resultado é o mais baixo para o mês desde que a inflação começou a ser calculada pelo IBGE, em 1980. No ano, o país tem deflação de 0,16%. No acumulado de 12 meses, o índice é de 1,88%. Em 2019, a inflação nacional cresceu 0,13% em maio. Na Região Metropolitana do Recife, a deflação foi menor, de -0,18%. Em abril, a taxa registrada para a RMR também havia sido negativa: -0,19%. Apesar disso, no ano, o IPCA acumula alta de 0,61%, ficando em 1,67% em 12 meses. Em maio de 2019, a taxa havia ficado em 0,33%.

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No Brasil, dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, cinco tiveram deflação em abril e o maior impacto negativo do mês, assim como em abril, veio do grupo transportes (-1,90%), puxado principalmente pela queda no preço dos combustíveis (-4,56%). “A gasolina é o principal subitem em termos de peso dentro do IPCA e acabou puxando o resultado dos transportes para baixo, assim como as passagens aéreas, que tiveram uma queda de 27,14%”, explica o gerente da pesquisa, Pedro Kislanov. Outros destaques foram vestuário e habitação, que recuaram 0,58% e 0,25% respectivamente.

Os preços de itens como cenoura (-14,95%) e frutas (-2,1%), que haviam subido em abril, também recuaram em maio. A inflação do grupo alimentação e bebidas, que havia avançado 1,79% em abril, desacelerou e atingiu 0,24% em maio. "É normal que os alimentos tenham uma alta nos primeiros meses do ano, por causa das questões climáticas", afirma Kislanov. No lado das altas, artigos de residência subiu 0,58% ante o recuo do mês anterior (-1,37%). Os demais ficaram entre a queda de 0,10% em saúde e cuidados pessoais e a alta de 0,24% em comunicação.

Na RMR, seis dos nove grupos de itens pesquisados pelo IBGE demonstraram queda de preços. Assim como no índice nacional, transporte contribuiu com a maior queda (-1,47%), seguido de habitação (-0,60%), vestuário (-0,44%), saúde e cuidados pessoais (-0,10%), despesas pessoais (-0,09) e educação com -0,03%. Entre os itens que registraram elevação na média de preços na RMR, artigos de residências puxou a inflação para cima, com 1,18%, seguido de alimentação e bebidas (0,73%) e comunicação (0,11%).

Dentro do item alimentação e bebidas, os produtos que mais subiram de preço no Grande Recife foram a cebola (31,31%), a batata inglesa (9,14%), o alho (8,92%), o abacaxi (7,02%), a maçã (6,01%), a alface (5,15%), o feijão carioca (4,85%) e os feijões mulatinho e macáçar (2,34%). Entre os alimentos que mais baixaram de preço, estão a cenoura (-21,47%), o tomate (-14,15%), a melância (-6,49%), o coentro (-5,33%), a linguiça (-4,02%), o contrafilé (-3,95%), o peixe corvina (-3,24%), e a mandioca (-2,84%). No item transporte, a maior queda foi registrada na passagem aérea (-25,05%), seguida do óleo diesel e etanol, com índices negativos de -7,38% e -7,05, respectivamente. A gasolina teve contração menos intensa, -3,59%.

Risco de recessão

Ainda assombradas pelo fantasma da hiperinflação, muitas pessoas podem acreditar que a queda nos preços é uma notícia boa em meio à pandemia do novo coronavírus. No entanto, para Edgard Leonardo, economista e professor da Unit-PE, a deflação em maio não é motivo para comemoração, pois dá indícios de uma recessão no país. “Como o IPCA mede a variação de preços, muita gente considera isso algo bom, mas não é bem sim, porque a deflação registrada em maio sinaliza uma forte recessão”, diz o especialista, afirmando que em abril, o índice já havia recuado -0,31%.

Ainda segundo Edgard Leonardo, o recuo dos últimos dois meses é consequência da forte queda de preços porque os brasileiros não estão consumindo “A pandemia tem um impacto deflacionário porque derruba os valores em razão da redução da demanda”, assegura ele, apontando as medidas de isolamento social, o aumento do desemprego e a perda de renda como principais motivadores da deflação. “O consumo vem sendo interrompido, seja porque as pessoas estão saindo menos de casa ou porque perderam renda e emprego e foram obrigadas a cortar gastos”, afirma.

IPCA positivo só em julho

Na avaliação do economista, o cenário tende a ser diferente em junho, quando vários estados do país, incluindo Pernambuco, retomam parte de suas atividades econômicas. Neste mês, também, os postos começam a repassar ao consumidor reajustes promovidos pela Petrobras nos preços da gasolina e do diesel. Apesar disso, Edgard afirma que o IPCA permanecerá negativo. “A mudança não deve ser significativa”, sentencia. “É provável que em junho o país ainda registre deflação”, diz ele, apontando que a inflação só deve atingir índices positivos em julho.

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