RETOMADA

Dados de junho do comércio e indústria animam economia, mas índices pré-pandemia ainda estão longe

Segundo a Receita Federal, o País registrou R$ 23,9 bilhões de vendas com notas fiscais eletrônicas em junho, um crescimento de 15,6% na comparação com maio e de 10,3% na comparação com um ano antes

Marcelo Aprígio
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Marcelo Aprígio
Publicado em 07/07/2020 às 7:22 | Atualizado em 07/07/2020 às 7:24
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VENDAS A percepção de melhora da economia entre os comerciantes subiu para 29,3% no mês de junho - FOTO: BOBBY FABISAK/JC IMAGEM

Passado pouco mais de um mês desde o início da reabertura gradual da economia em Pernambuco, aos poucos, empresários e comerciantes começam a sentir os efeitos positivos da retomada dos negócios. Embora ainda não haja dados consolidados localmente, os sinais de recuperação relatados seguem uma tendência nacional. Segundo a Receita Federal, o País registrou R$ 23,9 bilhões de vendas com notas fiscais eletrônicas em junho, um crescimento de 15,6% na comparação com maio e de 10,3% na comparação com um ano antes. Essas notas funcionam como um “termômetro” da atividade econômica porque registram negócios que ocorrem diariamente. “É um retrato da economia real. O que está registrado aqui é o que foi vendido”, ressalta o secretário da Receita, José Tostes. Depois do fundo do poço observado em abril devido ao impacto da pandemia do novo coronavírus, Tostes avalia que os dados do registro diário das notas fiscais sinalizam o início de uma recuperação importante, embora ainda “aquém” do que o País precisa.

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De acordo com o economista da Fecomércio-PE, Rafael Ramos, o crescimento das vendas já era esperado pelo setor, dada a reabertura do comércio e serviços não essenciais em vários Estados do Brasil. “Com a retomada da economia, nossa expectativa era de alta mesmo”, afirma, Segundo Rafael, esse crescimento foi impulsionado com ajuda do auxílio emergencial de R$ 600 oferecido pelo governo federal à população mais vulnerável. “O programa, sem dúvidas, foi importante para aumentar o consumo dos mais pobres, o que impactou positivamente o resultado das vendas”, pontua.

O economista afirma ainda que o benefício, indiretamente, foi responsável por manter micro e pequenas empresas de pé, o que garantiu renda para mais pessoas, aumentando o consumo. “Se formos observar, via de regra, quem recebe o auxílio compra de pequenos e microempreendedores. Foi isso que permitiu que, com emprego, mais gente tivesse renda fixa e aumentasse o consumo”, afirma Ramos.

A indústria automobilística também deu sinais de melhora em junho. De acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) divulgados ontem, foram licenciados no mês passado 132,8 mil veículos, alta de 113,6% em relação a maio, quando foram emitidas licenças para 62,2 mil veículos no País. Já a exportação de veículos somou 19,4 mil unidades em junho. O volume registrado foi 401,4% superior ao verificado em maio.

No bojo da recuperação, na última quarta-feira (1º), o Ministério da Economia informou que a balança comercial registrou superávit de US$ 7,463 bilhões em junho. Esse é o maior saldo comercial para meses de junho de toda a série histórica, iniciada em 1989, e o segundo melhor resultado considerando todos os meses.

Diante disso, o mês de julho deve ser crucial para confirmar a retomada econômica e ajudar os empreendedores a recuperarem as perdas tidas durante o período em que as portas dos seus estabelecimentos estiveram fechadas. A expectativa é que neste mês quase 100% dos setores econômicos de Pernambuco voltem às atividades, ajudando a alavancar a recuperação.

Ontem, foi liberado o funcionamento de serviços de escritório, com 50% da capacidade, e as concessionárias, locadoras de veículos e similares, com 100% dos funcionários. Espera-se que, neste mês, academias, bares e restaurantes também reabram as portas. A data para isso, porém, ainda não foi definida pelo governo do Estado, que deve deliberar sobre o assunto hoje.

A retomada destas atividades também é esperada por lojistas de shoppings centers, que veem na volta dos serviços de alimentação a chance de levar mais pessoas aos centros de compras. Para o presidente da Associação Lojistas dos Shoppings de Pernambuco (Aloshop), Ricardo Galdino, isso pode ajudar a impulsionar o número de vendas nos malls. “Nós voltamos a vender, mas isso poderia ser melhor. Acredito que, ao passo que outros serviços, como praças de alimentação e cinemas, vão reabrindo, as vendas tendem a ter uma alta expressiva”, diz ele.

A esperança de ver os resultados melhorarem em julho é compartilhada pela empresária Alice Melo, dona do salão de beleza Espaço Club Hair, em Boa Viagem, na Zona Sul do Recife. “Durante o período de isolamento social, nosso faturamento caiu muito, mas no mês passado, tivemos um crescimento de 40% e esperamos dobrá-lo agora em julho”, afirma Alice, ressaltando que mesmo com a alta, o faturamento deve continuar abaixo do esperado para um mês normal no pré-pandemia.

O empresário Edson Araújo, dono da revendedora de veículos Edson Multimarcas, no bairro do Ipsep, também na Zona Sul, é outro que espera crescimento nos negócios. Após mais de 100 dias de portas fechadas, o estabelecimento de Edson reabriu ontem e já vendeu um veículo. “Pensei que a primeira compra só aconteceria na metade da semana ou apenas na outra. Fui surpreendido”, conta o empresário, que espera ver seu faturamento crescer cerca de 30% na comparação com março, quando aconteceu sua última venda.

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