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Bolsa fecha em baixa de 0,35%, aos 104.109 pontos; Dolar custa R$ 5,157

No mercado internacional, após dias de queda, e voltar ao menor patamar em dois anos, o dólar operou hoje praticamente estável ante moedas fortes

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Publicado em 28/07/2020 às 18:25 | Atualizado em 28/07/2020 às 18:28
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Reforma da Previdência é votada em primeiro turno na Câmara nesta quarta (10) - FOTO: Foto: Reprodução
Em dia em geral positivo para as ações do varejo após o balanço do Carrefour, e com atenção aos números de grandes nomes que serão divulgados entre o fechamento desta terça, 28, (CSN, Cielo, Minerva e Smiles), amanhã (Vale) e quinta-feira (Petrobras), o Ibovespa manteve leve variação ao longo da sessão, chegando a ensaiar fechamento pouco acima da estabilidade, mesmo com a piora observada em Nova York na etapa final dos negócios. Acabou por prevalecer a cautela, com o principal índice da B3 em leve baixa de 0,35%, aos 104.109,07 pontos no encerramento, saindo de mínima, mais cedo, a 103.591,80 pontos e tendo chegado na máxima, nesta tarde, aos 104.662,83 pontos - uma estreita variação de pouco mais de 1.000 pontos entre o piso e o topo do dia.
O giro financeiro totalizou R$ 26,8 bilhões, em linha com o observado nas últimas sessões. Agora, após alta de 2,05% ontem, o índice acumula ganho de 1,69% na semana e sustenta avanço de 9,52% no mês, restando três sessões para o fechamento de julho - no ano, o Ibovespa acumula até aqui perda de 9,98%.
Destaque para o segmento de varejo, entre os campeões até aqui no ano, impulsionado na sessão pelos números do Carrefour Brasil, com lucro líquido em expansão de 74,9% no segundo trimestre - a ação subiu 5,34% na sessão. Segundo melhor desempenho entre os componentes do Ibovespa, Via Varejo ganhou 7,93% nesta terça-feira, logo abaixo de Cogna (+8,04%) e na frente de BRF (+5,86%). Na ponta negativa, WEG cedeu 3,95%, em realização de lucros, seguida por BTG (-3,24%) e Cielo (-2,29%). As ações de commodities tiveram desempenho negativo (Petrobras PN -1,72% e Vale ON -1,68%), assim como a maioria das de bancos, com exceção de Santander (+1,32%) e Banco do Brasil (+0,34%).
"Desde o meio-dia de ontem, o gráfico do Ibovespa mostra um padrão de correção lateralizada, permanecendo na faixa de 103,5 mil a 104,5 mil pontos. Bom que se tenha um padrão mais cadenciado para que o índice ganhe força", observa Rodrigo Barreto, analista da Necton. "Se o Ibovespa romper a resistência dos 105 mil, deve buscar os 107 mil como alvo de curto prazo. E, a depender de como chegará lá, se esticado ou em um ritmo mais cadenciado, pode haver ou não espaço livre para buscar os 113,6 mil pontos, que era o nível anterior ao agravamento da crise do coronavírus", acrescenta Barreto, referindo-se ao movimento de queda acentuada iniciado na quarta-feira de cinzas, quando o Ibovespa deixou aquela marca, da sexta-feira pré-carnaval, com uma perda de 7% no retorno do feriado.
Amanhã, além do prosseguimento da agenda de balanços, haverá a conclusão da reunião de política monetária do Federal Reserve, que tem contribuído para dar sustentação aos preços dos ativos globais com as iniciativas de afrouxamento desde a instalação da pandemia. Por aqui, o resultado acima do esperado para o saldo líquido das vagas de trabalho formal em junho contribuiu para que o Ibovespa resistisse melhor ao dia negativo no exterior.
Além da melhora de humor no exterior, com a retomada gradual das economias apesar da resiliência do coronavírus especialmente nas Américas, os dados domésticos pouco a pouco vão fomentando a expectativa por um ano menos desastroso do que se chegou a temer ainda há algumas semanas. Assim, em cinco das últimas sete sessões, desde o dia 20, o Ibovespa tem conseguido sustentar o nível de 104 mil pontos nos respectivos encerramentos, mantendo-se nesses dias nos maiores níveis de fechamento desde 5 de março.

DÓLAR

Em pregão de baixa liquidez e volatilidade alta, o dólar à vista acabou fechando praticamente estável, com o real em linha com o movimento de outras moedas emergentes, como o peso mexicano. A expectativa pelo final da reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), nesta quarta-feira, 29, e a definições do novo pacote fiscal americano, que precisa ser feita até a quinta-feira, 30, deixou os investidores cautelosos nesta terça, 28, sem tomarem posições mais firmes nos ativos e moedas. Há ainda o crescimento de casos de coronavírus, agora ganhando força na Europa.
O dólar à vista fechou praticamente estável (-0,02%), cotado em R$ 5,1572. No mercado futuro, o dólar para agosto, que vence no dia 1º, era negociado em alta de 0,25%, em R$ 5,1600 às 17h.
No mercado internacional, após dias de queda, e voltar ao menor patamar em dois anos, o dólar operou hoje praticamente estável ante moedas fortes, contribuindo também para ter movimento contido nos emergentes. "A cautela antes da reunião do Fed abateu o rali do euro", ressalta o analista de moedas do banco Western Union, Joe Manimbo. A forte valorização da moeda europeia vinha sendo a principal responsável pelo enfraquecimento mundial do dólar nos últimos dias.
Para a reunião do Fed, os analistas do Bank of America não esperam agora novas medidas de estímulo monetário, mas o foco será ver se o BC americano prepara terreno para novas ações pela frente, o que pode ajudar a enfraquecer ainda mais o dólar, ressalta a economista de EUA do Bofa, Michelle Meyer, em relatório. Por isso, o maior interesse será ver as declarações do presidente Jerome Powell, 30 minutos após a divulgação do comunicado da reunião, prevista para as 15 horas. Há expectativa ainda de que o Fed poderá ao menos sinalizar mudanças do seu conjunto de diretrizes, o forward guidance, incluindo sobre a meta de inflação.
O noticiário doméstico hoje teve impacto mais limitado nas cotações. Os dados melhores que o previsto sobre fechamento de vagas do Caged em junho não chegaram a afetar os preços. Já o novo superávit na conta corrente, de US$ 2,2 bilhões em junho, o terceiro seguido, foi bem recebido nas mesas. Mas se o comércio exterior continua atraindo dólares para o Brasil, o mesmo não vale para o canal financeiro, que continua com fuga de capitais. Em julho, o fluxo está negativo em US$ 4,353 bilhões, até o dia 23. Após a divulgação deste número, o dólar bateu máxima, na casa dos R$ 5,20.

TAXAS DE JUROS

Os juros futuros acabaram fechando a terça-feira, 28, estáveis, após terem passado quase o dia em leve alta, mesmo com o dólar tendo se firmado em baixa no meio da tarde. Porém, em meio à definição dos ajustes, zeraram o avanço para fechar de lado e nas mínimas. A realização de lucros já não tinha muita força, com recomposição de pequena parte do prêmio devolvido desde sexta-feira em função do IPCA-15 de julho. Alguns fatores hoje acabaram favorecendo a discreta alta, com destaque para o saldo líquido do Caged bem acima do esperado, que, contudo não foi capaz de reverter o consenso de apostas no corte da Selic no Copom da próxima semana. O exterior também contribuiu com o clima de incertezas sobre o novo pacote fiscal dos EUA e avanço do coronavírus ameaçando a reabertura das economias.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 fechou em 1,93%, de 1,928% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2022 fechou estável em 2,74%. O DI para janeiro de 2023 encerrou com taxa de 3,80%, de 3,783% ontem no ajuste, e o DI para janeiro de 2024 terminou com taxa de 4,74%, de 4,753% ontem. Nos longos, a do DI para janeiro de 2027 passou de 6,263% para 6,27%.
"Tivemos um pouco de realização e um pouco do Caged atuando sobre a curva, apesar do efeito do Caged ter sido muito menor do que o do IPCA-15 na sexta-feira", disse um gestor. O índice havia mostrado inflação de 0,30%, abaixo do piso das estimativas (0,35%). Já o Caged de junho teve fechamento líquido de apenas 10.984 vagas, muito menos do que a estimativa mais otimista da pesquisa do Projeções Broadcast, que indicava corte de 118 mil postos.
Apesar disso, o resultado não alterou o quadro de apostas para a Selic para o Copom da próxima semana. A curva segue precificando 80% de possibilidade de redução de 0,25 ponto porcentual, para 2%. Ao mesmo tempo em que o dado pode ser visto como reforço nos sinais da retomada da economia, há ressalvas que ajudam a explicar por que o efeito sobre a curva não foi relevante. Entre elas, a questão da base reprimida, o fato de que os números não captam o setor informal e de que os programas emergenciais do governo no combate à crise podem estar segurando as demissões, mas não se sabe como ficará o mercado de trabalho quando a ajuda for retirada.
Não por acaso, a pressão para que os programas sejam estendidos vem crescendo e para isso poderia haver alteração na regra do teto de gastos, que para o mercado é quase sagrada. Segundo apurou o Estadão/Broadcast, tentativas de flexibilizar a regra têm partido de integrantes do próprio Executivo e servido para encorajar parlamentares e entidades na defesa por mais gastos.
"O teto de gastos é uma âncora chave para o perfil fiscal do Brasil. A introdução de mudanças ao teto de gastos levanta preocupações sobre a trajetória da dívida do Brasil e sobre as perspectivas de estabilização e redução gradual do nível de endividamento", disse a vice-presidente e analista sênior da Moody's, Samar Maziad.
 

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