Tombo econômico histórico

EUA Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos caiu 32,9% no segundo trimestre, a uma taxa anualizada. Em 1932 a queda foi de 12,9%

Agência O Globo
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Publicado em 31/07/2020 às 6:00
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AJUDA Termina hoje a complementação de US$ 600 no seguro-desemprego de 40 milhões de americanos - FOTO: MICHAEL LOCCISANO / GETTY IMAGES VIA AFP
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SÃO PAULO e RIO — Foi um dos piores tombos econômicos da História: o Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos caiu 32,9% no segundo trimestre, a uma taxa anualizada. Em 1932, durante a Grande Depressão, a economia americana encolheu 12,9%. Desde que os dados começaram a ser colhidos trimestralmente, a partir de 1947, é o pior resultado. Já se esperava que muitas economias tivessem resultados mais fracos no trimestre, devido ao avanço da pandemia de coronavírus, mas a queda vertiginosa do PIB americano reflete a má gestão da situação pela Casa Branca, que optou por uma flexibilização antecipada e desordenada do isolamento social necessário à prevenção da covid-19.

Os EUA ensaiaram uma retomada das atividades a partir de maio, mas uma recente onda de infecções — em especial nas regiões Sul e Oeste, densamente povoadas, onde autoridades estão fechando as empresas de novo ou dando uma pausa na reabertura — tende a travar esse caminho.

E a onda de demissões causada pela pandemia não dá trégua. Os pedidos de seguro-desemprego aumentaram pela segunda semana consecutiva. No período de sete dias encerrado em 25 de julho, 1,434 milhão de americanos solicitou o benefício, um aumento de 12 mil em relação ao 1,422 milhão da semana imediatamente anterior.

O tombo do PIB acontece a cem dias das eleições presidenciais americanas, acompanhadas por todo o mundo.

Economistas avaliam que a falta de coordenação sanitária pode ter prejudicado fortemente o cenário, e que a crise tende a ser mais severa que o imaginado. A reabertura precipitada também serve de alerta para o Brasil.

Em junho, a maioria dos estados americanos já estava retomando as atividades econômicas. Dados relativamente baixos de contaminação e mortes por covid-19 indicavam que o pior havia passado, trazendo um otimismo que impulsionou até as Bolsas de Valores. Uma nova onda de casos, porém, mudou tudo rapidamente.

"No segundo trimestre várias coisas tinham melhorado, inclusive os números da pandemia. E aí houve a reabertura prematura da economia", diz Monica de Bolle, da Universidade Johns Hopkins, em Washington.

"A situação agora é dramática por causa má gestão da crise de saúde pública, pois as duas coisas (economia e saúde) estão completamente entrelaçadas, não há como separá-las."

O segundo trimestre também refletiu o maior impacto do pacote de estímulo de US$ 3,2 trilhões (para efeito de comparação, em 2019 o PIB brasileiro foi de US$ 1,8 trilhão). Mas termina hoje a complementação de US$ 600 no seguro-desemprego dos cerca de 40 milhões de americanos que perderam seus postos de trabalho durante a pandemia.

Ainda sem um acordo entre no Congresso para um novo pacote, uma parcela significativa da população pode entrar em agosto sem qualquer renda, ampliando a incerteza quanto à retomada.

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