A produção industrial de Pernambuco registrou crescimento de 2,8% em junho, na comparação com o mesmo mês do ano passado. O resultado é o seguindo melhor do País, atrás apenas de Goiás, que avançou 5,4%. Pernambuco, Goiás e Mato Grosso foram os únicos Estados a apresentar aumento entre os 14 pesquisados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O coordenador do Núcleo de Economia na Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe), Cezar Andrade recorda que junho marcou a reabertura econômica após a quarentena e que esse movimento influenciou o resultado do mês.
"Em maio a produção industrial pernambucana tinha crescido 20,5% mas foi sobre meses muito ruins do início da pandemia. Em março a queda tinha sido de 7,2% e em abril de 11,7%. Continuar crescendo em junho foi graças a reabertura do comércio e dos serviços. Havia uma demanda reprimida", observa.
Na avaliação da gerente de pesquisa do IBGE, Fernanda Estelita, diante do resultado dos demais Estados pesquisados, Pernambuco se saiu bem.
"É o começo de uma retomada. Precisa acompanhar o comportamento em julho para observar se consolida uma tendência, mas é um alento não estar negativo", pontua Fernanda. Ela destaque que os setores voltados às necessidades básicas das pessoas durante a pandemia do novo coronavírus foram os que mais cresceram.
"O comportamento positivo do índice reflete a ampliação do movimento de retorno à produção (mesmo que de forma parcial) de unidades produtivas que interromperam seus processos produtivos, por conta dos efeitos causados pela pandemia da COVID-19", reforça Fernanda.
No comparativo de junho com o mesmo mês de 2019, os destaques foram fabricação de produtos têxteis (28,1%), de bebidas (19,1%) e de produtos alimentícios (13,1%). Na comparação com maio, que a produção industrial no Estado apontou crescimento de 3,5%.
DESEMPENHO ANUAL
Apesar do resultado positivo, a expectativa é que o desempenho negativo ainda seja negativo este ano, em função do impacto da covid-19. Mesmo com taxas positivas em alguns meses, o setor apresenta uma queda de 3,6% no acumulado do ano e de 3,9% nos últimos 12 meses.
"Acreditamos que o resultado do ano vai fechar em queda. O desempenho será negativo, mas as taxas positivas minimizam o desgaste. A população já está um pouco mais confiante, mas é tudo muito incerto ainda. É preciso avaliar a capacidade que temos de vencer o vírus e se terá uma segunda onda da pandemia. Só em 2021 é que deve se esperar por crescimento", avalia Andrade.
Entre junho deste ano e igual mês de 2019, os setores que apresentaram maiores quedas foram outros equipamentos de transporte, exceto veículos automotores (protagonizado pelo combalido polo naval), com recuo de -67,3% entre junho de 2019 e junho de 2020. No acumulado do ano, os índices negativos chegam a –83,4%. Já a variação percentual dos últimos 12 meses também se destaca negativamente, com -80,9%. Em abril e maio, esta também foi a área com os índices mais desfavoráveis.
Os outros segmentos industriais que também tiveram redução nos números entre junho deste ano e o mesmo período do ano passado foram a fabricação de produtos químicos (-19,8%), metalurgia (-15,8%), fabricação de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-14,9%), fabricação de produtos de minerais não-metálicos (-14,8%) e fabricação de celulose, papel e produtos de papel (-10,2%).
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