Energia

Pesquisa mostra que o consumidor nordestino é o mais insatisfeito com o preço da energia elétrica no País

Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel) e Ibope ouviram mais de 2 mil consumidores em todas as regiões do Brasil

JC
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Publicado em 18/08/2020 às 21:14 | Atualizado em 18/08/2020 às 21:56
MARCELLO CASAL JR/AGÊNCIA BRASIL
Consumidores querem carga tributária menor e concorrência para reduzir o preço da energia elétrica - FOTO: MARCELLO CASAL JR/AGÊNCIA BRASIL

O nordestino é o consumidor mais insatisfeito com o atual modelo do setor elétrico no Brasil. Pesquisa de Opinião Pública 2020, realizada em parceria pelo IBOPE e pela Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel), aponta o que o brasileiro pensa e o que deseja do setor. O resultado não é surpreendente: o consumidor quer ter acesso a uma energia mais barata. Enquanto 80% da média nacional dos entrevistados respondeu que considera a energia elétrica cara ou muito cara, entre os nordestinos esse percentual foi um pouco maior (82%).  A região Sul foi a que se sentiu menos incomodada, com 76%.

O levantamento também levou em conta a renda familiar dos entrevistados e, como era de ser prever, os com menores ganhos se sentem mais prejudicados pela energia cara. Entre os que recebem um salário mínimo, 49% têm o sentimento de que a energia em todo o País é muito cara, enquanto para os que recebem até cinco salários mínimos, essa é a percepção para 37%. 

A alta carga tributária e a falta de concorrência foram apontadas como as principais causas para a eletricidade ser considerada cara. A percepção vale para os consumidores entrevistados, independentemente da faixa etária, nível de escolaridade, região do Brasil, porte do município ou renda.

Na avaliação do presidente da Abraceel, Reginaldo Medeiros, o resultado confirma que o consumidor não está satisfeito com o atual modelo de serviço do setor elétrico. "A pesquisa mostra claramente que as pessoas gostariam de escolher sua empresa fornecedora de energia. Percebemos também que aumentou o nível de conscientização sobe possibilidades de escolha que o mercado livre de energia. Este ano, a média nacional ficou em 80% enquanto no primeiro ano que realizamos o estudo, em 2014, eram 66% dos brasileiros", observa.

Apesar de ser a grande maioria, o estudo mostra ainda que os maiores índices de adesão ao mercado livre de energia estão entre as pessoas com maior nível de escolaridade e renda familiar. "A Abraceel entende que se faz necessário popularizar o entendimento do Mercado Livre de Energia. Para muitos, compreender o sistema ainda é uma barreira e é pouco divulgado. Isso fica claro nesta pesquisa. Quando analisamos um país com uma desigualdade social tão grande. Ainda que a maioria seja favorável a portabilidade, mesmo entre quem possui menos estudo", diz Medeiros. O levantamento mostra que 63% dos entrevistados com até o quarto ano do ensino fundamental completo, apoiam a oportunidade de poder escolher seu fornecedor de energia, porém, quando considerado o público com ensino superior completo, o número chega a 87%.

Em todas as regiões, o preço é o principal atrativo para a mudança na fornecedora de energia. No Sudeste e Sul, em segundo lugar ficou a busca por energias mais limpas, nas demais, a qualidade do atendimento. No centro-oeste estão os entrevistados que mais gostariam de criar sua própria eletricidade, com 94%, já no Sul e Nordeste o número é 6 pontos percentuais menor.

Medeiros acredita que são necessárias mudanças estruturais no setor para alcançar um preço menor para ambos - consumidor e empresário - e, assim, também trair mais investidores. "Hoje, quem paga a conta desse atraso do setor é o trabalhador. Uma vez que o PLS 232/16 for aprovado, todos os consumidores de eletricidade se beneficiarão com a liberdade de escolha e preços baixos proporcionados pelos mais de 2 mil geradores e comercializadores de energia elétrica que existem no país. O benefício esperado não é só a economia mensal na conta de luz em 80 milhões de lares, mas a geração de muito mais empregos nas 4 milhões de fábricas, estabelecimentos comerciais, prestadores de serviços e no agronegócio".

Atualmente, o mercado livre é responsável por 30% de toda a energia consumida do país e está presente em 85% das indústrias. Nos últimos 12 meses, o segmento cresceu 23% no número de consumidores. "O mundo pós-Covid-19 vai cobrar muito mais eficiência do setor elétrico. Tem que aprovar a reforma do setor. A energia barata só será obtida por meio da eficiência; o modelo atual é indutor de ineficiência e a insatisfação do contribuinte está explicita nesta pesquisa que realizamos", afirma Medeiros.

O Ibope ouviu uma amostra representativa de 2 mil pessoas no Brasil, entre os dias 24 de março e 01 de abril. A amostra aconteceu nas regiões Sudeste, Sul, Nordeste, Norte e Centro Oeste do Brasil. Foi questionado sexo, faixa etária, escolaridade, renda familiar e porte do município.

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