Infraestrutura

Abertura do mercado de gás no Brasil é apontada como oportunidade de reindustrialização

Setor industrial está animado com a possibilidade de comprar gás ao fornecedor que vender mais barato e deixar a dependência do monopólio da Petrobras

Adriana Guarda
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Adriana Guarda
Publicado em 02/09/2020 às 19:46 | Atualizado em 02/09/2020 às 21:28
Foto: Guga Matos/JC Imagem
Fábrica da Pamesa, em Suape, é uma importante consumidora de gás - FOTO: Foto: Guga Matos/JC Imagem

O setor produtivo recebeu com euforia a aprovação do texto-base da abertura do mercado de gás no Brasil, aprovado na terça-feira (1º), na Câmara dos Deputados. Conhecido no governo federal como “choque da energia barata”, a expectativa é que o projeto abra a concorrência no setor e baixe o preço do gás. Com o insumo mais barato, a aposta é que ocorra um processo de reindustrialização no País. Foram 351 votos a favor e 101 contra. As bancadas de Pernambuco (48%) e do Amapá (37,5%) foram as que deram o menor apoio à votação.

Com o novo marco regulatório do gás, o governo espera destravar investimentos da ordem de R$ 43 bilhões no Brasil, assegurando projetos nas áreas de infraestrutura de transporte, armazenamento e distribuição do insumo. O projeto derruba o monopólio da Petrobras no setor de gás e abre para os grandes consumidores a possibilidade de fornecedores que oferecem preços melhores. Dados apresentados pelo ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, aos deputados, mostram a diferença de preço cobrada no Brasil. Enquanto aqui se paga entre US$ 12,00 e US$ 14,00 por milhões de BTUs (unidade térmica britânica), nos Estados Unidos o valor é de aproximadamente US$ 3,00 e na Europa US$ 7,00.

O presidente da Federação das Indústrias de Pernambuco (Fiepe), Ricardo Essinger, acredita que a abertura do setor de gás para novos concorrentes poderá turbinar o setor industrial. “O combustível é um insumo importantíssimo para a indústria e tendo o gás mais barato, que é um combustível limpo e de uso simples, o setor vai se beneficiar. Não dá pra ficar como estava, com os EUA vendendo o gás a um terço do preço do Brasil porque aqui ele é caro. Sem falar que cada vez mais o combustível vai ter peso na indústria, por conta do processo de mecanização que vem ocorrendo”, destaca Essinger.

Presidente da Pamesa – fabricante de cerâmica, porcelanatos – Marcus Ramos, também defende que a abertura do mercado de gás vai trazer desenvolvimento para o País. “É um marco histórico para a indústria, uma espécie de queda do muro de Berlim. A atividade carece de três elementos principais: não de obra qualificada, matéria-prima e energia. A energia do gás é mais limpa, menos poluente e mais abundante no Brasil. E apesar de ser mais ambulante é menos explorada. O marco se aproxima do que aconteceu com a energia elétrica no passado, permitindo que consumidores de grandes volumes possam comprar de quem quiser”, comemora.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, acredita que a abertura do mercado poderá permitir uma queda de 40% no preço do gás, com a decisão da Petrobras de deixar o negócio de distribuição - onde é sócia de 19 de um total de 26 distribuidoras - e vender sua malha de gasodutos e estruturas essenciais.

O próximo passo para aprovação do texto é a votação dos destaques, pedidos de alteração ao texto aprovado pelos deputados. A conclusão dessa fase deve ocorrer só em uma próxima sessão. Depois disso, o texto seguirá para o Senado. “A indústria trabalhou para que o texto passasse na Câmara e agora vamos trabalhar no Senado, mas infelizmente a bancada de Pernambuco deu um dos menores apoios para a aprovação”, lamenta Essinger. Da bancada estadual, 12 foram a favor, 9 votaram contra e 4 não votaram.

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