No Recife, a inflação do mês de agosto foi de 0,46%, acima da média do país (0,24%), influenciada, principalmente, pelo aumento do custo dos alimentos, da comunicação e dos combustíveis, de acordo com levantamento divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta quarta-feira (9).
Na tabela publicada pelo IBGE, e válida para toda a Região Metropolitana do Recife (RMR), o cimento e o acesso à internet são os destaques na alta de preços, com 12,59% e 12,18%, respectivamente. Dentre os alimentos, a carne de porco registrou o maior índice, com 8,58% de aumento, logo em seguida vem a cenoura, com 8,35%, o tomate, com 6,75%, a melancia, com 5,85%, e o óleo de soja, com 5,77%. Já o gás de cozinha atingiu a taxa de 3,57%.
Na visão do economista e professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Jorge Jatobá, o aumento, em primeiro lugar, do cimento acontece por uma “demanda reprimida”. Houve uma recuperação da economia e uma liberação gradual das atividades na construção civil e das próprias famílias que voltaram a fazer reformas em casa”, comenta.
Sobre o aumento ao acesso à internet, para o especialista, está associado a própria pandemia. “Além do reajuste sazonal das tarifas, a demanda de milhões de pessoas para atividades virtuais cresceu. Cada vez mais as pessoas compram pela internet e fazem videoconferências”, reforça.
No entanto, Jorge Jatobá acredita que esses aumentos irão se acomodar. “Não acredito que esse aumentos vão ser permanentes. Os preços tendem a se estabelecer. É um problema de oferta e demanda, mas depois irá normalizar”, afirma.
Aumento nacional dos alimentos
Os alimentos também puxaram a alta nacional. Segundo Pedro Kislanov, gerente do Sistema Nacional de Índices de Preços do IBGE, os alimentos estão mais caros no varejo por causa do aumento nas exportações brasileiras e da alta do dólar ante o real, mas também por uma pressão da demanda doméstica, aquecida pelo pagamento do auxílio emergencial.
A alimentação para consumo no domicílio acumula um aumento de 11,39% nos 12 meses encerrados em agosto. "Alguns alimentos estão em alta, outros estão em queda, como alho, cebola, batata. O consumidor acaba percebendo muito mais as altas que as quedas. E sua percepção de inflação depende muito da sua cesta de consumo individual. Se você é vegetariano vai sentir menos preço das carnes", disse Kislanov.
Embora o Brasil esteja colhendo uma safra recorde de grãos em 2020, alguns itens estão mais caros para o consumidor doméstico. Segundo Kislanov, o câmbio mais alto estimula as exportações e reduz a oferta de produtos no mercado doméstico.
"Essa alta nos alimentícios tem a ver com vários fatores, um deles é demanda externa, principalmente chinesa. Outro é câmbio, porque com dólar alto é interessante para o produtor exportar. E o auxílio emergencial ajudou a sustentar preços de alimentos, especialmente arroz e feijão, produtos mais básicos. Aumenta demanda também de laticínios. Mas tem alguns alimentos que estão caindo. Não é como se todos os alimentos estivessem subindo conjuntamente", justificou Kislanov. "O auxílio emergencial foi importante para sustentar a demanda por alguns produtos da cesta mais básica, e pode continuar sustentando nos próximos meses", completou.
Veja a tabela completa:
Cimento - aumento de 12,59%
Acesso à internet - aumento de 12,18%
Carne de porco - aumento de 8,58%
Cenoura - aumento de 8,35%
Tomate - aumento de 6,75%
Melancia - aumento de 5,85%
Óleo de soja - aumento de 5,77%
Costela - aumento de 5,69%
Fígado - aumento de 5,5%
Músculo - aumento de 5,11%
Maçã - aumento de 5,05%
Telha - aumento de 4,78%
Bicicleta - aumento de 4,02%
Salsicha - aumento de 4%
Artigos de iluminação - aumento de 3,9%
Joias e bijuterias - aumento de 3,7%
Relógio de pulso - aumento de 3,6%
Combustíveis (domésticos) - aumento de 3,57%
Gás de botijão - aumento de 3,57%
Tinta - aumento de 3,53%
Mandioca (aipim) - aumento de 3,52%
Arroz - aumento de 3,43%
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