No Brasil, a crise econômica causada pela covid-19 extinguiu muitos postos de trabalho. Com isso, o país já contabiliza cerca de 12,8 milhões pessoas desempregadas, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foi o que aconteceu com Oswaldo Souza, 26 anos. “Eu recebi a notícia que ficaria sem emprego pouco antes de entrar de férias, em agosto”, conta o jovem, que atuava como analista de suporte de provedores de internet no Nordeste. “A empresa já havia dita que dispensaria algumas pessoas. Isso nos deixou apreensivos, porque não está fácil arrumar emprego nos dias atuais”, diz Oswaldo.
Além do desemprego, que cresceu nos últimos meses, diversas empresas suspenderam ou congelaram processos seletivos. Isso acabou pressionando o mercado, que viu a procura por empregos subir na pandemia. “A demanda aumentou por volta de 20% em relação ao mesmo período do ano passado”, conta Leonardo Freitas, CEO da HW Human Capital, empresa especializada em recrutamento.
No entanto, mesmo nesse cenário adverso, especialistas dizem que é possível conseguir um emprego. Para ter sucesso na busca, porém, é preciso considerar novas exigências e procurar no lugar certo. “As áreas em que há vagas são as relacionadas com o que o consumidor está usando mais agora, como compras pela internet”, diz Marcelo Treff, professor de Gestão de Pessoas da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP) e especialista em Gestão de Carreira.
“Há poucas, mas há oportunidades na pandemia. O mercado está difícil, mas já participei de seleções”, diz Ana Carla Martins, 38, que atuava como gerente financeira e administrativa de uma agência de publicidade. Apesar disso, a profissional ainda não conseguiu se reinserir no mercado.
Claro que ficar desempregado não é uma notícia boa, mas antes de buscar um novo, realizar o exercício de refletir sobre seu caminho profissional, pode ser interessante e, inclusive, essencial para você conseguir sua recolocação. “Olhe para dentro num processo de autoconhecimento para entender qual seu propósito e onde você quer estar, não só para agora, mas para o futuro”, explica Treff.
Para quem perdeu o emprego, outra orientação deve ser levada em conta. É algo difícil, porém necessário. Certamente, a pandemia trouxe imprevisibilidade ao mercado, o que pode causar mais ansiedade, mas é preciso manter a calma. “Como eu lido com a crise? Eu crio uma rotina que me mantenha saudável e produtiva. O que mata quem está desempregado é a sensação de falta de produtividade”, diz Fábio Batista, especialista em gestão estratégica de pessoas e professor do Estácio Recife. A atividade pode ser, por exemplo, escrever um texto para o Linkedin, uma rede social com o objetivo de conectar pessoas profissionalmente.
Quem estiver em busca de trabalho neste momento precisa também estar preparado para mudanças. Isso porque o processo de seleção não é feito da mesma forma que antes da pandemia — e, para muitas empresas, a transformação pode permanecer mesmo quando a doença for controlada. “Tudo se tornou virtual. Entrevista, exame admissional com telemedicina e até ambientação do novo profissional à cultura da empresa”, diz Marcelo Treff.
Além de enviar currículos e procurar vagas, também é recomendável reservar um tempo para se reciclar, adquirir novas habilidades ou se aprofundar em um assunto. “Aproveitei e fiz cursos que eu já tinha interesse e que agora estão com desconto ou até gratuitos. Também há muitos eventos online na minha área, de tecnologia”, diz Lucas Severino, 29, que é programador de sistemas e encontrou um emprego nesta semana depois de dois meses à procura. ”Fazer cursos e participar de webinars também é uma forma de trocar experiências e conseguir ampliar a rede de contatos, que é primordial para quem procura empregos” diz Treff.
REDE DE CONTATOS
Antes de conversar com quem você conhece, é importante desenhar um mapa de contatos e saber exatamente o papel de cada um deles na sua busca pela recolocação. Além disso, vale categorizar: divida os contatos por setores, negócios e empreendimentos que te interessam; pelos vínculos mais próximos; e pela ajuda no desenvolvimento de habilidades específicas durante a recolocação. Mas Fábio Batista, alerta que é importante saber como abordar seus conhecidos. “Primeiro entenda quem é o contato e qual seu objetivo com ele. E aí você tem que ser muito transparente, muito objetivo e muito direto. Objetividade e clareza do porquê e para que você está fazendo aquele contato”.
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