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Com tensão no exterior, bolsa volta ao patamar de julho e dólar vai a R$ 5,40

Nos Estados Unidos, as bolsas de Nova York, que já registraram três semanas consecutivas de queda em setembro

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Publicado em 21/09/2020 às 21:20 | Atualizado em 21/09/2020 às 21:20
MIGUEL SCHINCARIOL/AFP
Na pesquisa da Genial/Quaest, 78% dos agentes financeiros acreditam que a economia do Brasil piorará - FOTO: MIGUEL SCHINCARIOL/AFP
Denúncia envolvendo grandes bancos internacionais e o receio de uma segunda onda de covid-19 na Europa derrubaram ontem os mercados mundiais. A B3, a bolsa de valores de São Paulo, fechou em baixa de 1,32%, aos 96.990 pontos - o menor desde 3 de julho. O dólar, que chegou perto de R$ 5,50, terminou o dia cotado em R$ 5,40, em alta de 0,43% - a maior desde 31 de agosto.
Nos Estados Unidos, as bolsas de Nova York, que já registraram três semanas consecutivas de queda em setembro, tiveram mais perdas. O Dow Jones recuou 1,84%, para 27.147 pontos; o Standard & Poor?s (S&P) 500 caiu 1,16%, para 3.281 pontos; e o Nasdaq, que reduziu significativamente as perdas no final da sessão, mas recuou 0,13% e terminou em 10.778 pontos. O índice foi apoiado pela ação da Apple, que subiu mais de 3% depois de ter seu preço-alvo revisado para cima pelo Citi.
O movimento global foi uma reação ao escândalo de suposta movimentação de dinheiro sujo por grandes bancos, entre eles, JPMorgan, Deutsche Bank e HSBC (que negaram envolvimento). De acordo com uma reportagem de consórcio internacional de veículos de imprensa, mais de US$ 2 trilhões de origem potencialmente ilícita foram transacionados no sistema financeiro internacional por quase duas décadas.
A notícia também influenciou a abertura das bolsas na Europa. Na Alemanha e Reino Unido, que têm bancos envolvidos no escândalo, os mercados caíram 4,37% e 3,38%, respectivamente. Além do segmento financeiro, as ações do setor de viagens, especialmente companhias aéreas europeias, espelharam outro fator de risco que prevaleceu na sessão: a possibilidade de uma segunda rodada de lockdown após a retomada da covid-19 durante o verão europeu, que chega ao fim hoje.

Medo

Com uma série de incertezas no radar, o índice de volatilidade VIX, considerado um termômetro do "medo" dos investidores, chegou a subir mais de 18% ontem. A busca por segurança levou a um recuo nos juros longos dos títulos americanos (Treasuries) e ao fortalecimento do dólar. No final da tarde em Nova York, o juro dos títulos de dois anos operava estável em 0,137%, depois de ter recuado durante a sessão, e o de dez anos cedia a 0,671%.
A cautela quanto aos efeitos de ambos os fatores - o escândalo dos bancos e a covid-19 - sobre a retomada em curso na economia global contribuiu para perdas também nos contratos futuros de petróleo que fecharam em queda de 4%.
O cenário conturbado resultou ainda no aumento da demanda por proteção em dólar, que costuma manter correlação negativa com os preços de commodities nele denominadas, como o combustível fóssil e o minério de ferro. Assim, o dia foi especialmente negativo para as ações das brasileiras da petroleira Petrobrás (PN -3,46% e ON -3,01%) e da mineradora Vale (-2,69%).

Varejo

O resultado do Ibovespa, principal índice da B3, só não foi pior por que os bancos brasileiros ficaram de fora do escândalo internacional. Depois de abrir o pregão de ontem em forte queda, as ações das instituições brasileiras amenizaram as perdas, com a leitura dos investidores de que os efeitos de investigações de autoridades americanas contra bancos globais não devem resvalar nas instituições locais.
As ações do setor de varejo eletrônico, como B2W (+4,01%), Magazine Luiza (+1,77%) e Lojas Americanas (+0,31%), também ajudaram a sustentar o Ibovespa ontem, diz Stefany Oliveira, analista da Toro Investimentos.
 

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