Caged

Safra de cana-de-açúcar puxa para cima geração de empregos em Pernambuco

Estado liderou criação de vagas formais no Nordeste em agosto, com 12.714 postos, mas no acumulado do ano tem o quinto com maior saldo negativo de empregos no País. Governo Federal considera que o retrato do Caged é resultado dos programas de manutenção dos empregos

Adriana Guarda
Cadastrado por
Adriana Guarda
Publicado em 30/09/2020 às 20:35 | Atualizado em 30/09/2020 às 21:00
ALEXANDRE GODIM /JC IMAGEM
EXPECTATIVA Para 2020-2021, previsão é de esmagar até 13,3 milhões de toneladas de cana-de-açúcar - FOTO: ALEXANDRE GODIM /JC IMAGEM

O início da colheita da safra de cana-de-açúcar 2020-2021 puxou para cima a geração de empregos formais em Pernambuco no mês de agosto. Segundo o Novo Caged, divulgado nesta quarta-feira (30), o saldo  (admissões menos demissões) foi de 12.714 vagas. O resultado acompanhou a tendência do Brasil, que encerrou agosto com a criação de 249.388 postos com carteira assinada. O Ministro da Economia Paulo Guedes participou da divulgação virtual dos resultados, comemorando que a retomada da economia deverá acontecer em V. 

Desde o início do ano, antes mesmo de explodir a pandemia da covid-19, Pernambuco vinha registrando saldo negativo na criação de empregos formais. Entre os meses de maio e junho a situação foi mais crítica. O saldo de vagas só voltou a ficar positivo em julho e agora em agosto, quando o Estado aparece com o melhor resultado do Nordeste, graças ao setor sucroalcooleiro. Este ano, a atividade contou com uma série de fatores positivos e espera uma boa safra. De acordo com o Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool de Pernambuco (Sindaçúcar-PE), a expectativa do setor é gerar 70 mil empregos diretos. 

"A estabilidade climática garante a possibilidade de planejar os investimentos sem frustração. A previsão é que a safra seja de 13,3 milhões de toneladas. A previsão de gerar 70 mil empregos é até conservadora se levarmos em consideração que Pernambuco é o Estado que mais emprega na cana no Brasil, por conta da topografia. São 5,5 trabalhadores por mil toneladas de cana. Em agosto, aconteceram as contratações para o início da moagem na Zona da Mata Norte e o Caged ainda deve capturar o emprego da cana em setembro e outubro, porque a safra na Mata Sul começa na segunda quinzena de setembro", detalha do presidente do Sindaçúcar-PE, Renato Cunha.  

Em agosto, os setores que mais contrataram trabalhadores com carteira assinada foram a indústria (5.889) e a agricultura e pecuária (2.661), alinhadas à demanda sucroalcooleira. "No retrato mensal, Pernambuco ocupou a melhor posição no Nordeste e a quinta melhor do País. Quando se olha para os municípios, os que contrataram acima de mil pessoas foram Igarassu, Lagoa de Itaenga, Vicência, Petrolina e Recife. Aliança está entre os que contrataram entre 500 e mil e Araçoiaba, Camutanga, Timbaúba e Jaboatão dos Guararapes. São municípios ligados à produção da cana-de-açúcar", observa o economista e sócio-diretor da PPK Consultoria, João Rogério Alves Filho. 

Na avaliação do economista, o terceiro trimestre do ano será desafiador. Nesta quarta, Guedes sinalizou que o Benefício Emergencial de Prevenção do Emprego e Renda (BEm) poderá ser prorrogado por mais dois meses. "Se o benefício não for postergado e com o Auxílio Emergencial diminuindo de valor, vamos passar por uma prova de fogo", afirma, dizendo que ninguém quer isso, mas poderá ocorrer demissão em massa. Outra preocupação é com a falta de otimismo no setor de serviços, que tem peso importante para o País e de 76% para Pernambuco. 

No acumulado de janeiro a agosto, o Estado ocupa a quinta pior posição do Brasil em saldo negativo de empregos, com saldo negativo de 49.848 vagas. O resultado é pior do que em 2016, quando o País ainda estava em recessão e o fechamento de postos de trabalho no Estado foi de 48.486. O último ano que se comemorou um resultado positivo mais consistente foi em 2013 (28.062). Em 2018 e 2019 começou uma discreta recuperação. 

"O emprego formal no Brasil vem caindo e o informal crescendo, o que desperta preocupação do ponto de vista de ter uma rede de proteção social. A PNAD Contínua mostrou um desemprego recorde desde os anos 70. A solução de médio e longo prazo não é apostar só na distribuição de renda, mas de oferecer mais incentivos ao setor produtivo e atrair investimentos em infraestrutura", defende Alves Filho. 

BRASIL

Durante a divulgação do Caged, Guedes destacou a geração de 249.388 vagas em agosto como o melhor resultado desde agosto de 2010. "A economia está voltando a crescer em V. É a prova cabal, irretorquível, irrefutável de que nada substitui a ação política. Programas como BEm permitiram a preservação de quase 11 milhões de empregos durante a pandemia. Foi um dos programas de maior eficácia que lançamos nesse período", destacou. 

No Brasil, de acordo com balanço do BEm, foram celebrados 18,3 milhões de acordos entre 9,7 milhões de trabalhadores e 1,4 milhão de empregadores, permitindo a suspensão temporária do contrato de trabalho e a redução proporcional da jornada de trabalho e de salário. Pernambuco está na lista dos dez Estados que mais fecharam acordo no País. Foram 741,6 mil entre abril e setembro. 

RETRATO DO EMPREGO FORMAL NO BRASIL

Janeiro - 115.368
Fevereiro - 226.815
Março - (-265.609)
Abril - (-934.380)
Maio - (-359.453)
Junho - (-22.706)
Julho - 141.190
Agosto - 249.388

DESEMPENHO NO ACUMULADO DO ANO

Brasil
Admissões - 9.180.697
Demissões - 10.030.084
Saldo - (-849.387)

Criação de empregos por setor
(Em agosto)
Indústria - 92.893
Construção - 50.489
Comércio - 49.408
Serviços- 45.412
Agricultura e pecuária - 11.213

RECUPERAÇÃO LENTA EM PERNAMBUCO
(Empregos formais começaram a cair desde 2014. Discreta recuperação em 2018 e 2019)

Ano - Saldo de empregos formais

2020 (jan/ago) - (-49.848)
2019 - 9.696
2018 - 2.023
2017 - (-6.612)
2016 - (-48.486)
2015 - (-89.789)
2014 - (-12.966)
2013 - 28.062

EMPREGO E PANDEMIA NO ESTADO

Mês - Saldo de emprego formal
Janeiro - Fevereiro - Março - Abril - Maio - Junho - Julho - Agosto
(-548) - (-273) - (-28.288) - (-27.422) - (-7.880) - (-3.668) - 5.517 - 12.714

Setores que mais geraram empregos formais
(Em agosto)

Indústria Geral - 5.889
Agricultura e pecuária - 2.616
Comércio - 1.914
Construção - 1.660
Serviços - 590

Fonte: Novo Caged/Ministério da Economia

 

Comentários

Últimas notícias