Dinheiro

Dólar sobe e vai a R$ 5,57 com exterior negativo e temor fiscal

Real foi uma das moedas com o pior desempenho ante o dólar nesta terça-feira, levando o Banco Central a intervir no mercado, ofertando US$ 560 milhões de dólares à vista

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Agência Estado
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Publicado em 13/10/2020 às 19:48 | Atualizado em 13/10/2020 às 19:48
Foto: Agência Brasil
Declarações do presidente da Câmara Rodrigo Maia sobre a Reforma da Previdência e o feriado americano de Ação de Graças tem contribuído para os juros estáveis - FOTO: Foto: Agência Brasil
A volta do feriado foi marcada por nova valorização do dólar, em dia de noticiário negativo no exterior e preocupações com a falta de avanço do debate sobre ajuste fiscal no Brasil. O pacote de estímulos empacado no Congresso americano, o crescimento acelerado de casos de coronavírus na Europa e a interrupção dos testes da vacina contra a covid-19 da Johnson & Johnson fizeram o dólar operar em alta generalizada no mercado internacional.
No mercado doméstico, estes efeitos se somaram aos temores da falta de andamento das reformas e fizeram o real ser uma das moedas com o pior desempenho ante o dólar nesta terça-feira, levando o Banco Central a intervir no mercado, ofertando US$ 560 milhões de dólares à vista. Após superar os R$ 5,62 antes do leilão do BC, o dólar à vista terminou o dia em alta de 0,94%, cotado em R$ 5,5783. No mercado futuro, em torno das 17h, o dólar para liquidação em novembro subia 0,80%, em R$ 5,5810.
"Enquanto não houver definição mais clara sobre o fiscal, vamos viver de incerteza e nervosismo", avalia o sócio do grupo Aplix, Igo Falcão. Ele ressalta que o governo de Jair Bolsonaro está mais alinhado com o Congresso, mas a dúvida é até quando vai durar e se de fato as reformas vão avançar com as eleições municipais se aproximando. "O real tem apanhado bastante." Com as incertezas, a Aplix elevou a projeção de dólar para o final do ano de R$ 5,20 para R$ 5,30.
Nesse ambiente de expectativa pelo ajuste fiscal e com a necessidade de empresas remeterem recursos para o exterior no final do ano, Falcão espera vendas mais frequentes de dólares do BC nas próximas semanas. Antes do leilão de hoje, o último que o BC fez foi em 28 de setembro, vendendo US$ 877 milhões. O anterior foi dia 21 de agosto. "As atuações devem voltar a ser mais frequentes", disse o executivo.
Após o dólar cair na sexta-feira ante divisas fortes ao menor nível desde 28 de agosto, hoje o dia foi de alta generalizada. "Uma combinação de fatores aumentou a incerteza e fez o dólar subir", observa o analista sênior do banco Western Union, Joe Manimbo.
Uma das maiores fontes de preocupação é o crescimento acelerado de casos de covid-19 na Europa, que já tem se refletido nos indicadores da região. O índice de expectativas econômicas da Alemanha divulgado hoje caiu de 77,4 pontos em setembro para 56,1 pontos em outubro, abaixo do esperado pelos analistas financeiros, ajudando o euro a perder força. Já em Washington, quanto mais demorar a sair um pacote de estímulos, mais a economia americana será afetada, ressalta Manimbo.
 

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