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MERCADO Em meio à pandemia, abertura de novas empresas no País registrou saldo positivo

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Publicado em 19/10/2020 às 2:00
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CARLOS MELLES, PRESIDENTE DO SEBRAE - FOTO: DIVULGAÇÃO
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A abertura de novas empresas, em especial os chamados MEIs, de microempreendedores individuais, deu um salto maior durante a pandemia do coronavírus. Pessoas que perderam o emprego ou tiveram salários reduzidos viram na criação de um negócio próprio a alternativa para obter renda extra. Com a redução ou o fim do pagamento da ajuda emergencial do governo, é possível que esse movimento siga em crescimento.

Dados do Mapa de Empresas, do Ministério da Economia, mostram que no segundo quadrimestre houve um saldo de 782,6 mil novas empresas, resultado da abertura de 1,114 milhão de CNPJs e de baixas de 331,5 mil. O número de aberturas, a maioria MEI, é o maior para o período desde 2010 e 2% superior ao do ano passado. Já o encerramento de atividades é o menor em quatro anos e também 17% abaixo do verificado no mesmo período de 2019.

Entre os novos microempreendedores, está Bárbara Camilo, de 31 anos, demitida em março após oito anos numa empresa de Belo Horizonte (MG). Junto com um casal de amigos que também ficou desempregado, ela abriu um MEI e, em junho, criou a Zé Donut. Eles começaram a produzir rosquinhas na própria casa, mas a clientela cresceu rapidamente e Bárbara decidiu alugar uma loja com mais equipamentos e espaço.O casal preferiu não ir adiante e ela convidou o marido, que ficou desempregado um mês depois dela, e uma prima para se juntarem ao negócio. "Inauguramos a loja há 15 dias e já pensamos em ampliar, abrir espaço com mesas para que o cliente possa comer os donuts aqui e tomar um café", diz ela.

O economista do Ibre/FGV Rodolpho Tobler afirma que o aumento de novas pequenas empresas já vinha ocorrendo nos últimos anos, mas teve impulso na pandemia. "As pessoas precisaram se reinventar, seja porque perderam o emprego ou precisam de renda extra". Segundo ele, houve um processo de desburocratização para a abertura de empresas e, no caso do MEI, há benefícios para atrair a formalização de pequenos negócios, como cobertura previdenciária do INSS (aposentadoria por idade, auxílio-doença e salário-maternidade), ao custo de 5% do valor do salário mínimo.

"Com o auxílio emergencial caindo pela metade e a sinalização do governo de que pode acabar, as pessoas ficam cada vez mais com o orçamento apertado e começam a buscar novas fontes, e há uma proteção social com o MEI, mesmo que menor em relação a um trabalho com carteira assinada", diz Tobler, que também vê no movimento de alta a retomada da economia, mesmo que lentamente.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, já informou que o auxílio emergencial - atualmente em R$ 300 - não será estendido para 2021, ou seja, terá validade até 31 de dezembro deste ano - data em que termina o estado de calamidade pública no País devido à pandemia.

MARKETPLACE

O presidente do Sebrae, Carlos Melles, lembra também da parceria da entidade com o Magazine Luiza, que permite aos empreendedores oferecerem seus produtos no marketplace da rede. Segundo o Magalu, a iniciativa já atraiu cerca de 7 mil participantes, 60% deles MEIs, que venderam no último trimestre R$ 1,8 bilhão. O Sebrae também avalia parcerias semelhantes com as Lojas Americas e o Mercado Livre, além de ter projeto para um marketplace próprio.

Melles, porém, teme por uma alta significativa na extinção de empresas pela Receita Federal, ainda este ano, em razão de inadimplência. O Sebrae tenta negociar uma "moratória" das dívidas até o próximo ano.

O País fechou o segundo quadrimestre com 19,289 milhões de empresas ativas, sendo 90% de pequeno porte e MEIs. Em setembro, houve novo saldo positivo de 252,8 mil empresas.

O crescente número de microempreendedores também impulsiona outras empresas. A Compufour, de Concórdia (SC), oferece cursos e softwares de gestão e, em maio, criou o ClippMei, ferramenta específica para gerenciamento de MEI. O presidente da empresa, Wagner Müller, conta que atraiu 1,2 mil clientes até agora, além de registrar alta de 10% na clientela de micro e pequenas empresas.

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