sustentabilidade

Usina de cooperativa de canavieiros já fatura mais de R$ 300 mil com créditos de descarbonização em Pernambuco

Faturamento da usina com os CBIOs será compartilhado com os produtores de cana-de-açúcar

JC
Cadastrado por
JC
Publicado em 02/11/2020 às 16:39
Foto: Divulgação
Usina Coaf comercializou 6.720 CBIOs desde o fim de agosto - FOTO: Foto: Divulgação

A comercialização do crédito de descarbonização (CBIOs) já rendeu um faturamento acima dos R$ 300 mil à usina cooperativada dos canavieiros da Mata Norte de Pernambuco (Coaf), localizada do município de Timbaúba. Desde o fim de agosto, quando iniciou a safra, a usina Coaf emitiu 6.720 CBIOs, representando, além do dinheiro, menos uma tonelada de CO² na atmosfera a cada unidade emitida.

O Crédito de Descarbonização (CBIO) é um dos instrumentos adotados pela RenovaBio como ferramenta para o atingimento das metas anuais de descarbonização no Brasil, incluindo a necessidade de aumentar a participação de bioenergia na matriz energética brasileira para aproximadamente 18% até 2030.

O crédito é emitido por produtores e importadores de biocombustíveis, devidamente certificados pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), tendo como base notas fiscais de compra e venda. Dentre os compradores, há pelo menos um categoria que necessariamente demanda a compra: os distribuidores de combustíveis fósseis. Eles possuem meta de descarbonização e têm como única forma de atingimento a aquisição do crédito de descarbonização.

Fornecedores

No caso da Coaf, a usina diz que também tem negociado os CBIOs para “potencializar o desenvolvimento da cadeia produtiva canavieira”, ao dividir os créditos com o fornecedor de cana - agricultor responsável pela matéria-prima do etanol produzido.

O presidente da Coaf e também da Associação dos Fornecedores de Cana do Estado (AFCP), Alexandre Andrade Lima, critica a “injustiça” cometida por algumas usinas que não repassaram parte do faturamento dos CBIOs aos produtores.

“Se a unidade não garantir o pagamento do CBIOs, nenhum dos canavieiros pode ser obrigado pela entrega do seu CAR (Cadastro Ambiental Rural) para a usina. Estamos monitorando a situação nas unidades do Estado”, diz ele em referência a um movimento iniciado pela AFCP e o sindicato dos cultivadores.

As entidades decidiram em assembleia que os produtores não entregarão o CAR às usinas que não pagam aos produtores pelo CBIO, inviabilizando assim novas emissões do crédito. A obrigatoriedade da “repartição” dos valores referentes ao crédito ainda estão sendo discutidas através do Projeto de Lei 3149/20.

No fim da safra, a Coaf garante que todos os agricultores que forneceram cana para a usina e que tenham enviado o CAR receberão pelos CBIOs emitidos. Até setembro, o faturado pela COAF referente ao crédito foi R$ 302 mil, sendo cada unidade negociada por R$ 40 ( até agosto) e R$ 60 (em setembro).

Pernambuco atualmente figura como segundo maior produtor de cana-de-açúcar do Nordeste, mas é o primeiro em número de fornecedores, com cerca de sete mil engenhos, sendo a maior parte micro e pequenos produtores oriundos da agricultura familiar.

Comentários

Últimas notícias